Mineradoras em destaque, siderúrgicas devem patinar: as projeções do 4º tri para os setores

Preço do minério deve impulsionar resultado de empresas expostas a commodity, enquanto aço chinês continuará pressionando siderúrgicas

Vitor Azevedo

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A Usiminas (USIM5) abre a temporada de balanços do quarto trimestre de 2023 para as mineradoras e siderúrgicas nesta sexta (9), pouco antes do Carnaval, em mais um intervalo que deve ser apertado para as produtoras de aço e mais tranquilo para as que possuem maior exposição ao minério de ferro. 

A Gerdau (GGBR4) publica seu balanço no dia 20 de fevereiro, a Vale (VALE3) no dia 22 desse mesmo mês e CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) divulgam seus resultados no dia 19 de março.

As siderúrgicas, para analistas, continuarão sofrendo por conta do preço do aço, com a commodity importada da China “pressionando as margens” das empresas. O país asiático, desde que seu mercado imobiliário entrou em crise, vem vendendo a commodity de forma subsidiada para outros países, inclusive para o Brasil.

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“Esperamos ver um conjunto geral fraco de ganhos das siderúrgicas devido a uma combinação de demanda sazonalmente fraca, preços mais baixos, forte competição com importações e piora na composição das vendas”, comenta o time de analistas do Bank of America, encabeçado por Caio Ribeiro. 

“O excesso de oferta chinesa continua a prejudicar ambos os setores, com as siderúrgicas
brasileiras sendo negativamente impactadas com importações elevadas e margens pressionadas”, diz o BTG Pactual, com sua equipe liderada por Leonardo Correa.

Por conta disso, a Gerdau é vista pelas casas como sendo, provavelmente, o destaque negativo do período que vai de outubro a dezembro. De acordo com a LSEG, a metalúrgica deve trazer uma receita líquida de R$ 15,2 bilhões (queda de 9,3% na base trimestral) , Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 2,4 bilhões (-22,6%) e o lucro líquido em R$ 941,9 milhões (-33,7%).

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“Do lado negativo, esperamos que a Gerdau apresente resultados mais fracos, dada a perspectiva desafiadora para as vendas de aço, devido à maior penetração de aço importado no Brasil e um trimestre mais fraco para a divisão da América do Norte, principalmente devido a volumes mais baixos e um ambiente de custos pressionado”, diz a equipe da XP, chefiada por Lucas Laghi. 

Os preços do minério de ferro e do carvão, que subiram no quarto trimestre, também devem pressionar as siderúrgicas em suas margens. Quanto aos Estados Unidos, a sazonalidade, por conta do outono e do inverno, tende a ser um detrator dos resultados, bem como os impactos dos juros mais altos. 

Mas o fato de o preço do minério ter subido – com estímulos econômicos na China e com companhias do gigante asiático repondo seus estoques – deve ajudar a CSN e a Usiminas, que têm certa exposição à commodity, e, principalmente, a Vale. “As mineradoras devem se beneficiar de volumes sazonalmente mais fortes e maiores realizações de preços, dada a alta nos preços de referência e os efeitos positivos provisórios”, fala o BofA.

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A XP pontua que, nos seus cálculos, o preço médio da tonelada do minério de ferro vendida pela Vale subiu US$ 12 frente ao terceiro trimestre, chegando a US$ 117. 

Do outro lado, no entanto, a corretora expõe que um desempenho pior das operações de metais básicos deve trazer um leve impacto para os resultados da mineradora. O consenso é de receita de US$ 13,05 bilhões (+ 22,9%), Ebitda de US$ 6,3 bilhões (+51,5%) e lucro de US$ 3,9 bilhões (+38,2%). 

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CSN e Usiminas, por fim, também devem surfar na alta do minério de ferro. No terceiro trimestre, 39% da receita da CSN vieram do minério, com a CSN Mineração, contra 48% do aço. Na Usiminas, o minério correspondeu por 11,8% do faturamento total.  O consenso da LSEG para a siderúrgica é de R$ 11,5 bilhões de receita (+3,4%), R$ 3,1 bilhões de Ebitda (+11,5%) e R$ 1,04 bilhão de lucro líquido (revertendo prejuízo). 

Para a Usiminas, a XP enxerga o resultado melhorando, por conta de volumes melhores e eficiência de custo, com a entrada de operação do Alto Forno 3. O consenso da LSEG projeta uma receita de R$ 6,3 bilhões para a Usiminas  (-5,8%), com Ebitda de R$ 16,9 milhões (estável na base trimestral) e prejuízo de R$ 121,7 milhões (-42,5%).