Milton Maluhy Filho: quem é o futuro CEO do Itaú e quais os desafios à frente do maior banco privado do Brasil

Analistas veem notícia do novo CEO como positiva e ressaltam desafio da transformação digital - no radar, também há desafios de curto prazo

Lara Rizério

Milton Maluhy Filho (Foto: Divulgação/Itaú)

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SÃO PAULO – Após um processo de meses, o Itaú Unibanco (ITUB4) informou na noite da última quinta-feira (29) que o seu conselho escolheu o executivo Milton Maluhy Filho como o novo presidente do maior banco privado do país.

Maluhy Filho assume o cargo no próximo dia 2 de fevereiro de 2021, após um período de cerca de três meses em que trabalhará em conjunto com o atual presidente, Candido Bracher, que deixa o cargo porque vai completar a idade máxima para permanência no posto, de 62 anos, em dezembro.

O executivo, de 44 anos, está no banco desde janeiro de 2002. Ele exerceu, nesses 18 anos, diversas posições dentro do Itaú, incluindo diretor executivo da Rede (empresa de máquinas de pagamento) e da área de cartões de crédito. Em 2011, aos 35 anos, o executivo se tornou sócio do banco.

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Ele também foi presidente do banco no Chile e vice-presidente da área de riscos e finanças. “Em todas estas posições sempre se destacou pela determinação na busca de resultados, pelo foco no interesse do cliente (…) e pela grande identificação com a nossa cultura”, disse o Itaú, em comunicado divulgado para os funcionários e assinado pelos copresidentes do conselho da instituição, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal.

Na disputa pelo cargo, estavam também Andre Sapoznik, de 48 anos, Caio Ibrahim David, de 52 anos, e Márcio Schettini, de 56 ano, todos vice-presidentes do banco.

Conforme aponta o Bradesco BBI, Milton Maluhy era visto pelo mercado como um dos mais prováveis ​​candidatos a substituir Candido.

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“Embora mais jovem do que o normal, por estar assumindo um dos mais importantes cargos de CEO do Brasil com apenas 44 anos, Milton passou por diversos cargos importantes no Itaú. Dentre as experiências que conhecemos melhor, destacamos os desafios de se tornar CEO da Rede em um momento importante para a empresa de 2012 a 2015 (após o processo de fechamento de capital). Além disso, ele também foi o nome indicado para ser responsável pela gestão de uma das mais novas operações do Itaú no exterior, o Itaú Chile (Itaú CorpBanca) de 2016 a 2018. Essas duas experiências provavelmente forneceram a ele um histórico extremamente rico para se tornar o nome de escolha do Conselho”, aponta o BBI.

Entre os bancos privados, Milton será o mais jovem CEO com a responsabilidade de continuar a realizar a transformação digital do maior banco da região, conforme apontam os analistas do BBI.

Ao contrário de outros bancos, justamente como o Bradesco – que criou um banco digital separado -, o Next, a escolha do Itaú foi a de trazer as inovações para a marca principal.

O BBI ressalta ainda que, embora continue esperando que o Itaú busque uma mudança de dentro para fora, observa que o novo CEO pode considerar outras estratégias que os analistas tendem a ver como mais eficazes em processos de transformação complexos.

“A nosso ver, ter mais unidades independentes focadas em empreendimentos e inovações, enquanto a ‘estrutura principal’ mantém a atenção no legado e nos negócios existentes é uma forma mais eficaz de se preparar para o futuro. O tempo dirá a abordagem mas, por enquanto, podemos dizer que o Itaú escolheu para o cargo um de seus executivos mais conhecidos e respeitados”, reforçam os analistas do BBI.

Na mesma linha, os analistas do Safra apontaram que o nome parece adequado para os principais desafios que o Itaú tem pela frente, principalmente melhorar a eficiência e ampliar o processo de digitalização em um ambiente de competição mais acirrada e spreads (e tarifas) sob pressão.

O Credit Suisse ainda reforça que a escolha procura dar longevidade à gestão do novo presidente, uma vez que ele está ainda a 18 anos de atingir a idade máxima para permanência no cargo, de 62 anos, motivo para Bracher deixar o cargo.

“Durante seus 4 anos como CEO, Candido Bracher foi fundamental para liderar o banco com sucesso
ao longo de tempos econômicos desafiadores e em direção a um modelo centrado no cliente ao lidar com o efeitos da transformação digital, uma agenda pró-concorrência inédita do Banco Central e, ultimamente, tendo que lidar com os significativos desafios colocados pela pandemia”, apontam os analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia, do Credit.

Candido Bracher substituiu Roberto Setubal, que faz parte de uma das famílias controladoras da instituição, e vai permanecer no cargo por pouco menos de quatro anos. Depois de seis meses dividindo as tarefas com Setubal, ele se tornou presidente de fato da instituição em abril de 2017.

Os analistas esperam uma transição tranquila, pois o processo de escolha do substituto de Bracher ocorreu durante vários meses, com um plano de sucessão há muito estabelecido que permitiu ao Itaú
contar com uma variedade de executivos talentosos à sua escolha.

Desafios de curto prazo 

Vale ressaltar que, além dos desafios de médio prazo, no curto prazo há outro ponto de tensão, também comum aos demais bancos:  o aumento da inadimplência previsto para o início do ano que vem, com o fim da extensão de prazos para pagamentos de débitos e o fim do auxílio emergencial, que pode achatar a renda das pessoas físicas. O temor do mercado financeiro é que, caso os calotes cresçam em excesso, novas provisões (reservas financeiras) para fazer frente aos prejuízos sejam necessárias.

Os demais grandes bancos privados do País – Santander Brasil e Bradesco – mostraram resultados melhores no terceiro trimestre, em relação ao período anterior, considerado o auge da pandemia de covid-19 no Brasil, mas o receio sobre os próximos trimestres segue no radar dos investidores.

O Itaú Unibanco vai divulgar seus resultados de julho a setembro na terça-feira (3). A expectativa do Bradesco BBI é de que o lucro do banco seja de R$ 4,423 bilhões, alta de 5% na comparação com o segundo trimestre de 2020 e atingindo um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), de 17%. Isso deve acontecer positivamente influenciado pela queda de R$ 1,2 bilhão nas despesas líquidas de provisionamento e crescimento sequencial de taxas (desacelerando levemente a queda anual).

Já o Credit aponta que a receita líquida com juros (NII, na sigla em inglês) deva cair 2% na base trimestral e 8,6% na anual, desacelerando sequencialmente pressionado por um portfolio mais fraco em varejo e Pronampe. A expectativa é de queda de 11,4% nas provisões para perdas na base trimestral, a R$ 6,9 bilhões.

A companhia realizará teleconferência para comentar os resultados às 10h (horário de Brasília) do próximo dia 4 de novembro – e pode dar mais sinais para o cenário de crédito e também os próximos passos do banco com o novo comando.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.