Mesmo com queda do dólar, Credit Suisse segue pessimista com real e vê moeda americana chegando a R$ 6

O banco mantém sua visão negativa para a moeda brasileira, principalmente por conta do baixo carry trade e do risco político

Rodrigo Tolotti

Notas de dólar (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Mesmo após o dólar cair 10% em apenas duas semanas, saindo de R$ 5,90 para atuais R$ 5,30, o Credit Suisse não mudou sua postura e reforçou nesta quarta-feira (27) sua visão negativa para o real contra a moeda americana.

Em relatório, Alvise Marino, da equipe de estrategistas de câmbio do banco em Nova York, destaca que alguns fatores levaram a este cenário mais benigno no câmbio, como uma mudança de postura do Banco Central, indicando uma maior intervenção, a redução da instabilidade política e a melhora do sentimento externo.

“Ao mesmo tempo, outros elementos evoluíram em uma direção que deve ser negativa para o real, como dados de inflação surpreendendo negativamente, e, do lado da saúde, o número de casos de mortes por Covid-19 não param de subir”, afirma o estrategista.

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Na véspera, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) teve queda de 0,59% em maio na comparação mensal, baixa maior que a esperada pelo mercado e representando a maior deflação para o período desde o início do Plano Real. Com isso, aumentaram as apostas de um corte mais expressivo da Selic (de 0,75 ponto percentual, a 2,25% ao ano) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 17 de junho.

Diante disso, o banco mantém sua visão negativa para a moeda brasileira, principalmente por conta do baixo carry trade (operação em que o investidor toma dinheiro emprestado a juros baixos e aplica em países de juros mais altos para ganhar na diferença) e do risco político.

Apesar disso, o Credit reduziu sua projeção para a queda do real, com a projeção para o dólar indo para uma faixa entre R$ 5,20 e R$ 6,00. Na semana passada, já no início do movimento recente de recuperação do real, os analistas reforçaram sua aposta de que o dólar chegaria a R$ 6,20, afirmando ainda que a divisa brasileira é “tóxica”.

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Na ocasião, ao dar esta classificação, o banco citou que o peso colombiano, a despeito do recente colapso dos preços do petróleo, tem operado mais em linha com moedas “saudáveis” de exportadores de petróleo, como o rublo russo.

Apesar do movimento de recuperação nas duas últimas semanas, o dólar ainda acumula alta de mais de 30% ante o real em 2020. Esse movimento coloca a moeda brasileira como a com pior desempenho do mundo este ano.

Mesmo com boa parte dos analistas, em especial, os grandes bancos, apostando contra o real neste momento, esta avaliação não é unânime. Esta semana, em participação no Stock Pickers, Renato Junqueira, gestor e fundador da GAP Asset, disse que vê o dólar caindo ainda mais.

Segundo ele, que ressalta ter uma posição tática e não estrutural no câmbio, a redução do risco político e o desempenho mais fraco do real recentemente, combinados com a forte posição das pessoas apostando na alta do dólar, fazem com que a gestora prefira ficar vendida na moeda americana neste momento.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.