Mercado Livre: no que ficar de olho após a ação superar os US$ 2 mil na Nasdaq

Morgan Stanley segue otimista com ação e elevou preço-alvo de US$ 2.175 para R$ 2.500 ao final de 2025

Felipe Moreira

(Crédito editorial: Leonidas Santana / Shutterstock.com)
(Crédito editorial: Leonidas Santana / Shutterstock.com)

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Mesmo após o preço das ações do Mercado Livre (BDR: MELI34) ultrapassar US$ 2.000 e negociar perto de máximas históricas na Nasdaq, o Morgan Stanley reitera recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e aponta 4 pontos a serem monitorados. O preço-alvo foi elevado pelo banco de US$ 2.175 para R$ 2.500 ao final de 2025, um avanço de 18,5% em relação ao fechamento da última quinta-feira (19).

O banco prevê crescimento ajustado a múltiplos razoáveis: 21 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) estimado para 2025, com uma taxa crescimento anual composta (CAGR) de 35% entre 2023 e 2026, e 38 vezes o lucro por ação estimado para 2025, com um CAGR de 46% entre 2023 e 2026.

Em seu cenário base, o Morgan projeta lucro líquido para 2025, 12% acima do consenso, com 2026, também 12% acima.

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Primeiro, os analistas do banco enxergam impulsionadores de GMV (volume bruto de mercadorias) que poderiam levar a ganhos de participação de mercado em um ritmo mais acelerado do que o embutido no cenário base. O Mercado Livre entregou um crescimento de GMV ajustado pelo câmbio de 33% no Brasil no primeiro semestre, apesar de uma base de comparação difícil de +26% no mesmo período do ano passado, devido à recuperação judicial da Americanas (AMER3).

Em contrapartida, o GMV online da Magazine Luiza (MGLU3) no 1S24 foi apenas +0,5% na base anual, e o da Casas Bahia (BHIA3) caiu 18%, apesar de bases de comparação mais fáceis do que o Mercado Livre.

Com base na tendência do acumulado do ano, o banco espera que os investimentos do Mercado Livre em logística, fintech e plataforma sejam um motor-chave da mudança no comércio digital na região da América Latina (ainda subpenetrada em 13% em 2023, contra 21% globalmente.

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Com relação ao mercado de anúncios, o banco vê uma possível alta à medida que a companhia desenvolve um negócio de publicidade, que ainda está em estágio inicial fora da plataforma.

A receita publicitária do companhia representou apenas 1,6% do GMV consolidado no ano passado (2,0% no 2T24). Com suporte de melhorias na tecnologia de publicidade, progresso com campanhas de marca e ganhos de escala no marketplace, o Morgan projeta que a penetração aumente para 4,3% em 2028.

Para o banco, as estimativas ainda indicam uma lacuna considerável em relação ao ponto que a Amazon já alcançou, com penetração de cerca de 7% em 2023. A publicidade é um negócio de alta margem, com margem EBIT estimada de 70%, contra a margem EBIT geral estimada para o MELI de 13% em 2024.

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Além disso, a gestão mencionou uma parceria com a Disney, em que o Mercado Livre veiculará anúncios dentro do Disney+, com o suporte das ferramentas de tecnologia de publicidade da companhia, relações com anunciantes e dados próprios.”Dado o histórico do MELI em expandir suas capacidades de Fintech para um negócio fora da plataforma, estamos otimistas com a iniciativa de construir um negócio fora da plataforma para o Mercado Ads”, comentam analistas.

Em terceiro lugar, o Mercado Livre continua a expandir seu portfólio do Mercado Crédito, com um caminho de crescimento suportado por novos produtos (cartões) e países (México), viabilizados por fontes incrementais de financiamento.

De acordo com relatório, o cartão de crédito no Brasil e México permite que o Mercado Livre suba de nível no perfil de consumidores, comparado aos empréstimos dentro do marketplace.

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No México, o Mercado Livre tem uma ambição mais ampla de se tornar o maior banco digital do país. Para desbloquear o potencial de novas fontes de financiamento, o MELI iniciou o processo de solicitação de uma licença bancária no México, está incentivando o financiamento por depósitos, incluindo com certificados de depósito (CDBs) no Brasil, e recentemente garantiu US$ 250 milhões adicionais para financiamento de crédito no México.

Na Argentina, o Mercado Livre voltou ao crescimento de itens vendidos mais rapidamente do que a previsão inicial do banco, enquanto, no longo prazo, a empresa pode se beneficiar de uma potencial normalização macroeconômica.

Embora a participação da Argentina no mix de lucro da companhia tenha diminuído ano a ano após a desvalorização do peso em dezembro, a Argentina ainda representou 20% do EBIT (lucro antes de juros) da empresa no primeiro semestre de 2024.

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Neste cenário, apesar da volatilidade macroeconômica, o Morgan vê o Mercado Livre com um conjunto forte de ativos operacionais no país, com competição limitada para sua posição de liderança no marketplace de e-commerce e com destaque para sua carteira digital.