Melhores investimentos de 2008: ouro e dólar são escolhas mais acertadas

Chegada da crise interrompe qüinqüênio de liderança do Ibovespa, que teve seu pior desempenho desde 1972

Juliana Pall Farias

Publicidade

SÃO PAULO – Apresentando-se como uma alternativa de investimento menos difundida no Brasil, mas tida como interessante em tempos de maior turbulência nos mercados internacionais, o ouro encerra 2008 como o investimento de maior retorno. A cotação da commodity na BM&F Bovespa registrou alta de 32,13%, que corresponde a um ganho real de 20,31%.

Após cinco anos seguidos como pior alternativa de aplicação, o dólar aparece logo atrás do ouro na lista de melhores escolhas do ano. O dólar Ptax, calculado pelo Banco Central, fechou 2008 a R$ 2,337, com valorização nominal de 32%. Descontada a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de 9,81%, o ganho real foi de 20,19%.

Caminho oposto apresentou o Ibovespa, que vinha de cinco anos seguidos na liderança de rentabilidade e encerra 2008 como a pior escolha do ano. Apurando o pior desempenho anual desde 1972, o principal índice da bolsa de valores paulista fechou o período com perda nominal de 41,22%, nos 37.550 pontos.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Aversão ao risco dá as cartas
As primeiras semanas de 2008 foram turbulentas, mas logo a abundante liquidez voltou a guiar os negócios. As bolsas, principalmente as de mercados emergentes, estendiam os ganhos dos últimos anos, sendo que o caso brasileiro contou ainda com a repercussão de duas notas de grau de investimento, cedidas ao final de abril pela agência de risco Standard & Poor´s e 29 dias depois pela Fitch.

O ciclo de dez recordes históricos de fechamento do Índice Bovespa em 2008 teve fim em 20 de maio, dia em que o benchmark encerrou em sua máxima de 73.516,81 pontos. Na época, o ganho anual acumulado era de 15,07%.

Mas desde o início de junho os desdobramentos da crise começaram a se intensificar e mostrar suas influências no lado real das principais economias mundiais. A intensificação dos problemas teve como marco o dia 15 de setembro, com a quebra do Lehman Brothers e a venda da Merrill Lynch ao Bank of America.

Continua depois da publicidade

O congelamento do mercado de crédito desencadeou maciça intervenção governamental nos mercados financeiros em todo o planeta, com destaque aos inúmeros pacotes de estímulo econômico e bruscas atuações em política monetária.

O ápice da aversão ao risco no mercado brasileiro de renda variável foi visto em 27 de outubro, pregão que teve a mínima de fechamento do Ibovespa em 2008: 29.435.26 pontos, com queda anual acumulada de 53,93% no período.

A fuga dos investidores estrangeiros de mercados de maior risco se expressa em números nas notas de fluxo cambial do Banco Central. Até 19 de dezembro o fluxo financeiro acumulava déficit de US$ 46,757 bilhões, contrabalanceado pelo saldo comercial de US$ 48,049 bilhões no período.

A saída de dólares do País encareceu a moeda, levando o Banco Central a retomar intervenções no mercado cambial não vistas há anos. A máxima do dólar comercial se deu em 4 de dezembro, com fechamento em R$ 2,508, não visto desde maio de 2005.

Renda fixa não desaponta
Embora tenha mostrado rentabilidade inferior ao dólar, o desempenho das aplicações de renda fixa foi satisfatório, em parte explicado pela alta de 250 pontos-base na taxa Selic, que encerra 2008 no patamar de 13,75% ao ano.

Quem aplicou em CDBs pré-fixados de trinta dias obteve um ganho bruto médio de 12,30% no ano, o que corresponde a uma rentabilidade de 2,26% em termos reais. O CDI, por sua vez, rendeu 12,04% no ano em termos nominais, ou 2,02% quando descontada a inflação medida pelo IGP-M.

Por conta do avanço da inflação, a tradicional caderneta de poupança apresentou rentabilidade negativa. Com ganho nominal de 7,90%, o retorno em termos reais foi negativo em 1,75%.

Confira na tabela abaixo a rentabilidade dos principais investimentos:

Investimento 2008 Real* 2007 Real**
Ibovespa -41,22% -46,48% +43,66% +33,32%
CDI*** +12,04% +2,02% +11,49% +3,47%
CDB **** +12,30% +2,26% +11,92% +3,87%
Poupança +7,90% -1,75% +7,77% +0,02%
Ouro +32,13% +20,31% +11,26% +3,26%
Dólar Ptax +32,00% +20,19% -17,19% -23,15%
IGP-M +9,81% +7,75%

* Deduzida a inflação pelo IGP-M que ficou em +9,81% em 2008
** Deduzida a inflação pelo IGP-M que ficou em +7,75% em 2007
*** Taxa Efetiva Andima
**** Taxa pré 30 dias