Melhor momento de Bolsas na América Latina – incluindo Brasil – está por vir, diz BBI

O cenário para a América Latina é impulsionado por dois grandes catalisadores no Brasil:, apontam os estrategistas

Lara Rizério IA InfoMoney

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Bandeiras de países da América Latina (Foto: Shutterstock)
Bandeiras de países da América Latina (Foto: Shutterstock)

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Após últimos meses muito fortes, a América Latina está pronta para consolidar seu desempenho positivo, com o “melhor momento ainda por vir” no último trimestre de 2025, avalia a equipe de estratégia do Bradesco BBI.

Segundo análise de estrategistas liderada por Ben Laidler, a região já acompanha a recuperação de dois dígitos dos Estados Unidos e figura entre os principais mercados com alta superior a 30% no ano, ao lado de mercados emergentes de fronteira (com menor capitalização de mercado, menor liquidez e menor integração na economia global), Alemanha e China.

Para os estrategistas, apesar da sazonalidade tradicionalmente negativa de setembro, que costuma ser o pior mês do ano para os mercados globais, os índices Ibovespa e Mexbol costumam apresentar ganhos nesse período. Além disso, setembro costuma ser um prelúdio para a forte valorização que ocorre entre outubro e dezembro, quando investidores começam a se posicionar para o próximo ano.

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O cenário para a América Latina é impulsionado por dois grandes catalisadores no Brasil: o ciclo de cortes nas taxas de juros e o calendário eleitoral, que, combinados com a sazonalidade positiva e fluxos técnicos favoráveis, devem ampliar o rali de recuperação iniciado no quarto trimestre de 2024.

O relatório ressalta que o desempenho da América Latina tem sido impulsionado por prêmios de risco menores, valuations mais altos e ganhos cambiais, mesmo com uma desaceleração no crescimento dos lucros. Brasil e Chile são apontados como as principais apostas da instituição, que reforça posições em ações sensíveis a juros no Brasil, como Hapvida (HAPV3) e MRV&Co (MRVE3).

No Brasil, avaliam, apesar da desaceleração econômica e das revisões negativas para o crescimento dos lucros, o país se destaca como um caso positivo devido à sua combinação única de inflação acima da meta e as maiores taxas reais do mundo. O BBI aponta que o mercado brasileiro está longe de um topo histórico real, e que o cenário político menos polarizado e a expectativa de corte de juros em janeiro de 2026 devem sustentar a valorização das ações.

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No Chile, a expectativa é de vitória da direita nas eleições presidenciais de novembro e dezembro, o que pode impulsionar a recuperação do tradicional “prêmio Chile” no valuation, apoiado por uma agenda de reformas e recuperação econômica liderada por investimentos.

Já o México apresenta valuations ainda atrativos e crescimento econômico resiliente, apesar dos desafios das renegociações do USMCA e da volatilidade cambial. A Argentina, por sua vez, é vista como o mercado menos favorecido, mas com potencial de valorização caso as eleições de Buenos Aires tragam sinais positivos para a administração de Javier Milei e para reformas estruturais.

O Bradesco BBI alerta para a importância do timing, já que mercados com valuations altos e otimismo excessivo podem ser vulneráveis a decepções.

Entre outros países, o BBI é neutro em México. O BBI destaca que as ações do país tiveram bom desempenho, mas que no momento os valuations são desafiadores. Já para a Argentina, a exposição é abaixo da média, ou underweight. As eleições de Buenos Aires neste fim de semana podem aparecer como um gatilho potencial que dará a primeira indicação dos prováveis resultados das eleições de meio de mandato em 26 de outubro. “Em nossa visão, isso pode ser um passo fundamental para reduzir os riscos da administração de Javier Milei e abrir caminho para um ajuste cambial necessário e reformas estruturais adicionais”, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.