Megale: BC corta juros em 2026, mas incerteza em 2027 lá fora e aqui cria dificuldade

Economista-chefe da XP prevê Selic a 15% até pelo menos o segundo trimestre do ano que vem

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Eleição no Brasil no ano que vem e as incertezas globais que têm contaminado a economia criam incertezas no horizonte.

“A gente acha que a taxa (de juros) fica em 15% e ele (Banco Central) não vai ter muito espaço para cortar os juros. A gente só vê corte a partir do segundo trimestre do ano que vem”, disse Caio Megale, economista-chefe da XP, durante o programa Morning Call da XP desta sexta (20).

“Isso significa que a economia vai sentir essa taxa de juros alta por algum tempo até que a inflação comece a cair em direção à meta. E quando, no início do ano que vem, o BC tiver que olhar para 2027, a inflação deve estar mais perto da meta e aí ele pode começar a cortar os juros”, complementou.

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Horizonte do BC

Megale, no entanto, pontua sobre 2027: “Para que isso aconteça (queda dos juros), ele precisa ter uma clareza maior de como vai ser a política econômica em 2027”.

Aí entram as dúvidas, segundo o economista, já que no Brasil acontecem eleições para presidente em outubro de 2026 e no plano internacional, as inconstantes incertezas da economia global têm tornado difícil fazer previsões de longo prazo.

De qualquer forma, Caio Megale disse que o Banco Central tem dado sinalização clara que o cenário base dele é manter a taxa básica de juros em 15% por um bom tempo. A decisão da taxa de Selic em 15%, com aumento de 0,25 ponto percentual, ocorreu na quarta-feira (18).

Para ele, a avaliação do Copom (Comitê de Política Monetária) é de que “a atividade econômica ainda está aquecida, talvez um pouco menos aquecida do que nos últimos comunicados”. Além disso, de acordo ainda com Megale, o Comitê parece mais confiante de que a economia vai dar uma desacelerada.

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Sobre o fim do ciclo de alta dos juros, o economista acha que o Banco Central “não fechou completamente a porta”, mas tudo indica pela interrupção do aumento da taxa Selic.

A previsão da XP para o final de 2026 é de a inflação girar em torno de 4% e a taxa Selic a 12%.