MCM afirma que ata do Copom confirma ajuste monetário de 2,00 p.p

Para consultores, BC trabalha com hipótese de ajuste fiscal, preços estáveis das commodities e maior eficiência regulatória

Publicidade

SÃO PAULO – Comentando a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), divulgada na última quinta-feira (27), os consultores da MCM reforçam sua convicção num cenário de aumento de juros de 2,00 pontos percentuais no total neste ano.

Os consultores consideram ainda que interpretação do mercado de que o BC estaria mais tolerante com a inflação, denotada pelo recuo da curva de juros futuros no prazo mais curto e avanço no longo prazo, é exagerada.

Hipóteses do BC
A equipe da MCM destaca que o BC espera uma desaceleração da inflação baseado em três hipóteses: uma política fiscal mais austera por parte do Governo, maior eficiência do ambiente regulatório através de medidas macroprudenciais e comportamento mais positivo dos preços das commodities, com estabilização ou mesmo queda no decorrer deste ano.

Continua depois da publicidade

Sobre o ajuste fiscal, os consultores avaliam que, para retornar ao nível de superávit primário de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto), o Governo deveria anunciar um corte de gastos ao redor de R$ 65 bilhões. Entretanto, segundo a MCM, esse nível de aperto fiscal não é possível, uma vez que colocaria em risco o funcionamento da maquina pública. “Contudo, pelo tom de seus documentos, o BC parece acreditar em valor de corte de gastos maior que os R$ 40 bilhões que os participantes do mercado, em sua maioria, esperam”, afirmam.

Já o papel das medidas macroprudenciais na execução da política fiscal fica em linha com as projeções do cenário básico da MCM, e os consultores dizem que “há chances de o BC reforçá-las [medidas já promovidas] com novas ações”.

Por sua vez, a expectativa para os preços das commodities apontam tendências divergentes segundo a MCM, com variação da trajetória dependendo do produto em questão. “Alguns produtos importantes terão preços menores no final de 2011, em relação a dezembro de 2010, mas outros não”, afirmam os consultores. Desta forma, a perspectiva é de que ainda há espaço para elevação em 2011, embora num ritmo muito menor do que o verificado no último ano. Assim, ao mesmo tempo em que os preços das commodities não deverão contribuir com a diminuição da inflação, também não deverão impulsionar os índices de preços.

Novos aumentos
Através dessa avaliação, os consultores da MCM reforçam sua confiança no cenário projetado para os juros em 2011, que prevê um aperto monetário de 2,00 pontos percentuais.

Entretanto, segundo os consultores, o BC poderá ajustar a política monetária de acordo com essas hipóteses, embora a percepção, feita por meio da ata, seja de que a autoridade “não vislumbra a necessidade de aperto monetário de grande magnitude, mesmo em ambiente mais adverso para a inflação”.