Dólar deve superar R$ 6 no curto prazo com polarização entre Lula e Bolsonaro, diz MB Associados, que revisa projeções

Estimativa para o dólar ao final de 2021 passou de R$ 5,40 para R$ 5,60, enquanto da Selic foi de 4% para 5,5% e para o IPCA foi de 4% para 4,3%

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava-Jato, a polarização da disputa entre o petista e Jair Bolsonaro deve aumentar, gerando um fator de incerteza para a economia.

Com isso, a MB Associados revisou as suas projeções para a atividade econômica, mudando a projeção para o índice oficial da inflação, o IPCA, para 2021 de 4% para 4,3%, enquanto a expectativa para a Selic passou de 4% para 5,5%, com alta de 0,5 ponto percentual a partir da próxima reunião, a ser concluída em 17 de março. Para o dólar, a estimativa ao final deste ano passou de R$ 5,40 para R$ 5,60: no curto prazo, inclusive, a previsão é de que a moeda americana deva ultrapassar o patamar dos R$ 6. Nesta terça, o dólar à vista chegou aos R$ 5,88, mas fechou com alta menos expressiva, de 0,24%, a R$ 5,7927.

Em relatório assinado por Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, com a decisão de Fachin, de imediato, a polarização entre esquerda e direita tende a se elevar, asfixiando as chances da criação de um centro-democrático que já mostrava incertezas sobre a sua formação. Na avaliação da casa, Bolsonaro tem dois pontos de sustentação no momento: a cadeira de presidente que lhe dá o poder da caneta e as pesquisas que ainda o colocam na dianteira frente demais candidatos.

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“De um lado, o presidente Bolsonaro já sem o falso véu do liberalismo enfrentará nos próximos dois anos as consequências econômicas de seus atos em conjunto com os riscos criados por Lula. Em um grau menor, não seria muito diferente da percepção de risco de 2002, quando a candidatura de Lula causava stress nos mercados”, destaca o relatório.

A expectativa é de uma economia mais pressionada com maior inflação e juros elevados, afetando por sequência a recuperação mais forte que poderia haver em 2022 com a saída da pandemia do coronavírus. O presidente tende a entregar o segundo pior primeiro mandato em crescimento econômico desde a redemocratização, só perdendo para o ex-presidente Fernando Collor.

“A pressão para entregar algum resultado será enorme e com o centrão aliado nessa batalha, será difícil vermos ajustes fiscais que signifiquem consolidação discal. A pressão será por ampliar gastos como for possível ou evitar ajustes para não se comprometer com nenhum grupo eleitoral. Nesse sentido, [Paulo] Guedes [ministro da Economia] até sai fortalecido porque ele se torna o único bastião de fato liberal que diferencia este governo do Lula”, avalia a MB Associados.

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Por outro lado, aponta , fica a pergunta sobre que tipo de candidato será Lula, mas a avaliação é de que há menos espaço para um movimento como o expresso pela Carta aos Brasileiros em 2002, que na ocasião foi entendida como uma indicação de dar mais tranquilidade ao setor econômico financeiro.

De acordo com a consultoria, a pergunta que o mercado passará a fazer de forma cada vez mais constante é que país sairá da eleição em 2022. “O próximo mandato promete ser dirigido por alguém não muito afeito às reformas necessárias, seja Lula, seja Bolsonaro. Essa será a visão do mercado, mesmo que eventualmente apareça algum candidato de centro que fure o bloqueio. Até lá, o mercado não vai pagar para ver e já começamos a ver o que isso significa: o risco de dois candidatos com potencial de voto que não prezam como deveriam pelas reformas.”

Desta forma, a consequência já aparece nos números, com a MB já revisando alguns. “O cenário de atividade certamente fica bastante afetado, mas reforça nosso cenário mais pessimista de crescimento de PIB este ano de 2,6%, que não mudaremos por enquanto. A ideia de um segundo semestre livre de problemas com a vacinação se perde com as consequências do
stress de mercado gerados agora”, aponta o economista-chefe da consultoria.

Para 2022, o viés é de revisão para baixo para a projeção de crescimento de 2,4%, provavelmente para um número abaixo de 2%, “o que por si só colocar ainda mais pressão de entrega em cima do presidente Bolsonaro”.

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