Mario Draghi é o salvador da Itália? Para os investidores, por enquanto, sim

Investidores esperam que Draghi promova a estabilidade política após o colapso do governo e utilizar os fundos da EU para ajudar a economia a se recuperar

Bloomberg

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(Bloomberg) — O salvador dos mercados da Itália está de volta.

Títulos e ações dispararam após Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu que trouxe tranquilidade aos mercados da região, ter sido escolhido para ser o próximo primeiro-ministro. Investidores esperam que Draghi possa promover a estabilidade política após o colapso da coalizão do governo e utilizar os fundos da União Europeia para ajudar a economia a se recuperar da Covid-19.

Imogen Bachra, estrategista de juros europeus do NatWest Markets, diz que as qualidades de Draghi são bem conhecidas pelos investidores: “Sabemos que ele é pró-UE e a favor do projeto europeu, o que reduz a preocupação dos mercados.”

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Os mercados italianos foram marcados pela turbulência nos últimos anos, abalados pela alta dívida do país e com partidos eurocéticos como parte do governo. Os rendimentos dos títulos dispararam durante a crise de coronavírus no ano passado, antes de o BCE intervir com compras de ativos sem precedentes em seu programa para a pandemia.

No mês passado, o governo de coalizão entrou em colapso devido a divergências sobre como gastar os fundos da UE. Draghi se reuniu nesta quarta-feira com Sergio Mattarella, chefe de Estado da Itália, com a promessa de total liberdade sobre a composição do próximo governo, de acordo com uma autoridade que pediu para não ser identificada.

Essa perspectiva fez com que os rendimentos dos títulos de referência de 10 anos caíssem nove pontos-base, para 0,56%, perto da mínima histórica de 0,50% no início deste ano. Com isso, o spread sobre a dívida alemã, um indicador-chave de risco, caiu para o menor nível desde 2016.

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Durante o auge da crise da dívida soberana da zona do euro em 2012, Draghi disse que o BCE faria “tudo o que fosse necessário” para manter o bloco unido. Antes de deixar o cargo no final de 2019, Draghi frequentemente enfatizava que os governos precisariam aumentar os gastos fiscais para livrar a região de taxas de crescimento e inflação anêmicas.

“Draghi era o tipo que ‘fazia as coisas acontecerem’”, disse Piet Christiansen, estrategista-chefe do Danske Bank. “Estou otimista com a possibilidade de Draghi como primeiro-ministro.”

Ainda assim, seu trabalho será difícil devido às divisões dentro do governo. Na terça-feira, a Moody’s Investors Service alertou que, ao lado do Reino Unido, a Itália lidera a lista de preocupações regionais nos próximos cinco anos, por receio de que possa desperdiçar sua oportunidade “única em uma geração” de usar os fundos da UE para reativar a economia. Mas, no curto prazo, Draghi deve propiciar estabilidade.

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O Mizuho International prevê que o spread do rendimento dos títulos de 10 anos da Itália em relação a Alemanha caia 85 pontos-base no segundo semestre do ano em relação aos 103 atuais.

“Seria um grande impulso para a confiança dos investidores estrangeiros, já que Draghi é muito conhecido e respeitado”, disse Peter Chatwell, chefe de estratégia de ativos múltiplos do Mizuho. “Mesmo se um governo de unidade nacional não puder fazer basicamente nada além de administrar a crise de Covid, isso também será ideal para os investidores, que não querem incertezas políticas.”

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