Marfrig: com balanço surpreendente puxado por EUA e dividendos de quase R$ 1 bilhão, analistas reiteram otimismo com ação

Operações nos Estados Unidos guiaram bons números, enquanto cenário para o Brasil ainda é bastante desafiador

Lara Rizério

Preço da carne bovina foi destaque de alta no mês

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SÃO PAULO – Resultados surpreendente fortes em várias linhas do balanço, dividendos altos levando a um atrativo dividend yield (dividendos em relação ao preço da ação) de 7%. Com essa combinação de fatores, os analistas de mercado viram como bastante positivos o resultado da Marfrig (MRFG3).

O frigorífico reportou lucro líquido recorde de R$ 1,738 bilhão no segundo trimestre, alta de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo bom desempenho da operação norte-americana da empresa.

Já o lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 3,9 bilhões no
período, em meio à forte demanda e a certo conforto com a capacidade de suprimento.

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Esse foi o seu segundo maior Ebitda ajustado de todos os tempos – apenas 3,6% abaixo dos níveis do segundo trimestre de 2020, um trimestre que já tinha sido recorde por si só.

A XP aponta que tal resultado robusto foi uma consequência sobretudo da pujança das operações nos Estados Unidos. Por outro lado, a América do Sul apresentou um resultado heterogêneo, com o cenário no Brasil ainda bastante desafiador, ao passo que o Uruguai surpreendeu positivamente.

A operação dos Estados Unidos, reforçam os analistas da XP, foi responsável por 96% do Ebitda total da Marfrig. O preço do gado aumentou 12% na comparação anual, mas o preço da carne bovina veio em linha com o segundo trimestre de 2020 e os spreads caíram 8,9%, algo que os analistas da casa veem como positivo. Outros produtos, como couro bovino, também ajudaram nas margens, com crédito do abate subindo 64,4% na base anual.

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Por outro lado, conforme aponta o Itaú BBA, a divisão sul-americana reportou queda firme de 70,5% do Ebitda na comparação com o mesmo período do ano passado, penalizada pelo aumento expressivo do custo do gado, de 57% na passagem anual.

Os resultados foram impactados pela lenta recuperação da demanda no Brasil, aponta a XP, que também destaca os custos de matéria-prima acentuadamente maiores, levando a um Ebitda de R$ 181 milhões.

“Ainda assim, de maneira geral o segmento superou nossas expectativas, pois estávamos excessivamente pessimistas em relação aos preços neste trimestre”, apontam, destacando que o valor superou em 35% a estimativa da casa.

Outro destaque ficou com o lucro líquido recorde de R$ 1,7 bilhão – nesse contexto, a empresa planeja distribuir 958 milhões de reais em dividendos, ou cerca de 7% de seu valor de mercado, um fato que os analistas da XP veem com bons olhos. O dividend yield também é de 7%.  Em abril, a empresa já havia distribuído R$ 141 milhões em dividendos, referentes ao exercício de 2020.

O valor do provento está acima da estimativa do Bradesco BBI, que era de 5,7% de dividend yield para todo o ano de 2021, ao mesmo tempo que foi aprovada uma recompra de ações de até 26 milhões de ações (equivalente a até a 4% das ações atuais em circulação).

Os níveis de endividamento da empresa atingiram os patamares mais baixos de sua história: 1,45 vez a relação entre dívida líquida e o Ebitda em reais, ou 1,55 vez em dólares. “Tal situação dá margem para investidores se questionarem quais são os próximos passos em termos de alocação de capital para a empresa”, avalia a XP.

Investimento na BRF e perspectivas 

Cabe ressaltar que  empresa comprou cerca de 31% da BRF (BRFS3) recentemente, mas por enquanto vem reafirmando que se trata de um “investimento passivo”. Tal compra, sozinha, trouxe um resultado positivo de R$ 228 milhões para a Marfrig no trimestre, em função da marcação a mercado dos papeis, ressalta a XP.

A companhia divulgou também o custo de aquisição de 23,4% do capital da BRF, que foi de aproximadamente R$ 26,50 por ação BRFS3 (cerca de R$ 5 bilhões) e mencionou que ainda aguarda a aprovação antitruste para a aquisição da outra participação de 8,9% (sem divulgar o valor da aquisição), que totalizaria uma participação de 32,3% na BRF.

“Em nosso modelo, assumimos uma participação de 31,7% a um custo médio de aquisição de R$ 24,50 por ação BRFS3 (assumindo R$ 26,50 por ação, haveria um impacto negativo de aproximadamente R$ 500 milhões em nossa avaliação para a Marfrig [equivalente a 4% do valor de mercado da Marfrig])”, avalia o BBI.

Em linhas gerais, a XP destacou que celebra um resultado tão forte da Marfrig e reitera recomendação de compra para o papel MRFG3, com preço-alvo de R$ 24 por ação.

O BBI também reforçou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 25 por papel para final de 2022, visto
que veem a negociação de ações em um valor da empresa sobre Ebitda de um ano à frente de cerca de 3,5 vezes (excluindo
BRF), abaixo da média histórica de aproximadamente 5 vezes. O BBA também tem recomendação equivalente para o papel, com preço-alvo de R$ 26.

Olhando para frente, o Credit Suisse acredita que o momentum operacional vai continuar muito forte. A National Beef deve se beneficiar da oferta ainda favorável de gado nos EUA e dos fortes spreads da indústria de carne bovina nos próximos meses, enquanto a margem da divisão da América do Sul parece ter chegado no fundo, já que as dificuldades logísticas devem se normalizar, os preços do gado não parecem ter espaço para subir ainda mais, enquanto a dinâmica das exportações segue muito saudável.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.