Mal da vaca louca: analistas veem retomada das vendas do Brasil à China próxima após suspensão, mas destacam riscos

Quanto mais tempo o Brasil demorar para retomar os embarques para a China, maior o risco de revisão para baixo das projeções para empresas do setor em 2021

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Com a proximidade do 13º dia após a suspensão das exportações de carne bovina para a China, após dois casos do chamado “mal da vaca louca” em frigoríficos brasileiros, analistas do mercado financeiro estimam que a situação deverá ser normalizada em breve.

Em relatório, a XP lembra que da última vez que o Brasil registrou um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a China levou 13 dias para verificar todos os documentos e retomar as importações, prazo que se completa amanhã. “Seguimos otimistas com o apetite da China e com sua celeridade no encerramento deste caso”, escreve o analista Leonardo Alencar, da XP.

A suspensão das exportações aconteceu no sábado (4), após dois casos atípicos da doença em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG).

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Contudo, segundo Alencar, caso o problema leve mais tempo para ser resolvido, é possível que haja uma rápida deterioração nas margens dos frigoríficos brasileiros.

Na avaliação da XP, JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) devem ser menos impactadas, uma vez que as duas empresas possuem operações nos Estados Unidos, onde a indústria da carne bovina segue aquecida e, portanto, compensaria parte do impacto.

Ainda assim, quanto mais tempo o Brasil demorar para retomar os embarques para a China, maior o risco de revisão para baixo das projeções para 2021, avalia Alencar.

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“O Brasil foi responsável por 39% das importações de carne bovina da China em julho. A Argentina, com 24% do total, também está sob restrições, deixando a China em uma situação difícil. Esta é a principal razão pela qual continuamos otimistas quanto à retomada dos embarques em breve, talvez até amanhã”, escreve.

O risco, porém, é de essa retomada demorar mais para acontecer. Segundo o analista da XP, o mercado interno deve absorver a maior parte do que não for exportado, pelo menos no curto prazo, mas a preços menores.

Nesta quinta-feira (16), as ações JBSS3 e MRFG3 apresentavam altas da ordem de 0,3% e 0,6%, respectivamente, na Bolsa brasileira, negociadas a R$ 32,77e R$ 21,54, por volta das 15h40.

Dado que os casos de “vaca louca” foram confirmados como atípicos, a expectativa do Bradesco BBI também é de que as proibições às exportações de carne bovina do Brasil sejam temporárias. No passado, escrevem os analistas, as suspensões foram canceladas em até duas semanas.

“No entanto, enquanto as proibições persistirem, os produtores brasileiros de carne bovina podem ser forçados a direcionar os embarques para outras geografias ou vender mais no mercado interno, onde os preços da carne bovina podem ser mais baixos – o que poderia resultar temporariamente em lucratividade menor do que esperávamos”, escreve o Bradesco BBI.

O banco chama atenção ainda para o fato de que, além da China, Rússia e Arábia Saudita também baniram as exportações de carne brasileira, e relatórios mostram que a Indonésia, o Egito e o Irã impuseram sanções similares. Esses países juntos respondem por 55% do total de exportações brasileiras de carne.

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