Mais dividendos ou investimentos? Após resultado histórico, Usiminas terá importantes decisões a tomar pela frente

Com resultado, a companhia se torna caixa líquido, levando a discussões sobre se companhia alocará capital em dividendos ou em investimentos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Quem vê o desempenho das ações da Usiminas (USIM5), alternando entre perdas e ganhos, pode avaliar que o resultado da companhia divulgado durante a manhã foi considerado “morno”. Às 13h30 (horário de Brasília), s papéis subiam 0,29%, a R$ 20,90. Porém, os números surpreenderam e muito o mercado.

A companhia siderúrgica registrou lucro líquido de R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre de 2021, revertendo o prejuízo líquido de R$ 395 milhões apurado no mesmo período do ano anterior. O resultado representa um aumento de 277% ante o trimestre anterior (de R$ 1,2 bilhão nos primeiros três meses de 2021) e é um lucro recorde trimestral para a companhia.

A receita líquida, por sua vez, alcançou R$ 9,6 bilhões no período, alta de 35,8% em relação ao primeiro trimestre do ano, quando registrou receita de cerca de R$ 7,06 bilhões. Na comparação anual, a alta foi de 296%; no segundo trimestre de 2020, a siderúrgica registrou receita de R$ 2,42 bilhões. O dado também representou a maior receita líquida trimestral da Usiminas.

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A divisão de siderurgia obteve o maior crescimento absoluto, com resultado de quase R$ 2 bilhões em relação ao primeiro trimestre (cerca de 38%).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente obteve montante recorde de R$ 5,07 bilhões no período – o dobro do registrado no primeiro trimestre, com margem de 52,8%. Em termos ajustados, o Ebitda também foi recorde a R$ 3,5 bilhões, alta de 46% na base trimestral. A siderurgia contribuiu com 70% do resultado, mas a a maior margem Ebitda, ou Ebitda sobre receita líquida, veio da divisão de mineração, com 71,5%, expandindo seus resultados e puxado pelo maior volume de exportação.

A companhia também atualizou suas projeções relacionadas a volumes de vendas de aço no terceiro trimestre de 2021. As novas estimativas indicam um volume de 1,2 a 1,3 milhão de toneladas de aço no período. Além disso, a Usiminas também atualizou as projeções de vendas de minério de ferro de 8,5 milhões -9 milhões de toneladas para 9 milhões de toneladas em 2021.

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“O resultado da companhia foi de longe o melhor da história e, mesmo excluindo o efeito positivo de R$ 1,6 bilhão referente ao crédito tributário da exclusão do ICMS da base de PIS/Cofins, os números apresentados superaram as estimativas de mercado”, destaca a Levante Ideias de Investimentos.

Além disso, a Usiminas ainda credita um montante de R$ 1,7 bilhão em Impostos a Recuperar no balanço, de modo que os ganhos de reversão tributária podem acontecer em montantes relevantes pela frente, beneficiando largamente a geração de caixa.

Companhia se torna caixa líquido? Dividendos ou investimentos no radar

Vale ressaltar ainda que, com esse resultado, a companhia se torna caixa líquido. A alavancagem ficou negativa a 0,02 vez, com caixa líquido de R$ 220 milhões, enquanto a geração de fluxo de caixa livre alcançou R$ 1,7 bilhão.

Com isso, a disponibilidade de caixa supera a dívida total, com possibilidade de vir um dividendo extraordinário pela frente, apontou a Levante.

Contudo, em teleconferência após o balanço, os executivos da companhia sinalizaram preferência por manter “neste momento” a política de pagamento de dividendo de 25% do lucro líquido, focando em financiamento de investimentos com recursos próprios.

Para o BBI, as mensagens destacadas na tele foram globalmente positivas, com continuidade de resultados sólidos nos próximos trimestres.  Do lado da alocação de capital, os analistas do banco avaliam que vão olhar de perto os desenvolvimentos à medida que a empresa analisa novos projetos (chapas de galvanização e minério de ferro), enquanto destacaram terem ficado “um pouco decepcionados” com o fato de que a política de dividendos provavelmente permanecerá em 25% do lucro líquido. Eles avaliam que a companhia terá importantes decisões sobre alocação de capital à frente.

Caio Ribeiro e Gabriel Galvão, analistas do Credit Suisse, apontam que o bom resultado foi sustentado principalmente pelo bom desempenho do segmento de mineração. Os volumes foram menores que o esperado, mas o custo caixa foi menor e os preços realizados maiores, o que compensou. Outro ponto positivo foi o aumento na receita por tonelada do segmento de siderurgia.

Após o resultado, considerado o melhor de todos os tempos da empresa, o Bradesco BBI reafirmou a classificação outperform (perspectiva de desempenho acima da média) para os papéis, com preço-alvo de R$ 32, ou potencial de alta de 54% em relação ao fechamento da véspera e vendo novamente possibilidade de revisão para alta de seus números.

Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos, analistas do BBI, destacaram ainda que a Usiminas continua sendo a principal escolha do setor de siderurgia da América Latina. “A dinâmica de ganhos da Usiminas deverá permanecer forte nos próximos trimestres, apoiado pela continuação da alta nos preços domésticos e internacionais do aço e pela forte demanda. Além disso, a força do preço do minério de ferro deve continuar apoiando os resultados robustos da Mineração Usiminas (Musa) em 2022 também”, avaliam os analistas, que destacam que o papel da companhia está negociando a patamares atrativos.

O Credit Suisse também possui recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 28,50, o que representa um potencial de alta de 37% em relação ao fechamento de quinta. Para os analistas do banco suíço, a Usiminas está bem posicionada para se aproveitar da alta nos preços do minério de ferro e dos aços planos, uma vez que eles avaliam que deve superar a alta dos aços longos em 2021.

Já a XP tem uma visão mais cautelosa sobre a companhia, possuindo recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 16,50 (valor 21% menor frente o fechamento da véspera).

Os analistas ressaltam que não veem mais espaço para tanto aumento de preços dos aços planos, já que a paridade de importação está bem acima da média histórica. Na teleconferência de balanços, a Usiminas destacou que o prêmio de preços de aço no Brasil está entre 10% e 15% atualmente; contudo, ainda vê um aumento do preço médio de aço no Brasil no terceiro trimestre ante o segundo. Assim, poderia haver alta para os preços do aço no Brasil, caso os preços internacionais do aço continuem em tendência positiva.

Mesmo mais cautelosos, os analistas da XP acreditam que a companhia possa reportar resultados melhores no terceiro trimestre, seguindo uma melhora do setor automotivo.

Os analistas se mostram divididos sobre a tese de investimentos na companhia, segundo mostra compilação feita pela Refinitiv: de trezes casas que cobrem o papel, sete possuem recomendação de compra e seis com recomendação neutra. O preço-alvo médio é de R$ 24,17, ou um valor 16% maior frente o fechamento de quinta-feira (29).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.