Magazine Luiza (MGLU3): Itaú BBA e BB Investimentos cortam recomendações, vendo cenário macro desafiador; ação cai 8,8%

Bancos, contudo, ainda destacam MGLU3 entre as preferidas do setor; BB Investimentos ainda revisou preço-alvo para Americanas e Via

Lara Rizério

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Com o cenário macroeconômico desafiador, as casas de análise têm revisado para baixo as suas recomendações para o setor varejista.

Entre a noite de quinta-feira e a manhã desta sexta, o Itaú BBA e o BB Investimentos cortaram a recomendação do Magazine Luiza (MGLU3) de compra para equivalente à neutra, sendo que o BB também fez outras revisões para o setor, com revisões para baixo nas expectativas para Via (VIIA3) e Americanas (AMER3). Os ativos MGLU3 tiveram queda 8,85%, a R$ 2,37, também impactados pelo cenário geral mais negativo para a Bolsa brasileira. Via caiu 5,45% (R$ 1,91) e Americanas teve baixa de 7,89%, a R$ 7,35, na sessão desta sexta-feira (16).

O Itaú BBA destacou ter reduzido a recomendação de outperform (desempenho acima da média do mercado, ou equivalente à compra) para neutra, apontando que o quarto trimestre de 2022 deve ser o melhor trimestre em algum tempo, mas o  cenário de juro mais alto por mais tempo traz desafios para enxergar níveis de valuation razoáveis.

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“Em nossa análise, notamos que a empresa está caminhando para avançar tanto no segmento de lojas físicas quanto no online. No entanto, diante das incertezas macroeconômicas, sentimos a necessidade de ter garantias mais conservadoras”, apontam, possuindo um preço-alvo de R$ 3,20 para 2023, com potencial de valorização de 23% em relação ao fechamento de quinta-feira (15).

“Além disso, a ação sendo negociada atualmente a 23 vezes o seu preço em relação ao lucro (P/L) em 2024 nos leva a esperar por um ponto de entrada melhor”, reforçam.  Apesar do corte de recomendação, os analistas apontam que a ação segue sendo a sua segunda preferida do setor, atrás apenas de Mercado Livre (MELI34).

Os analistas avaliam que a companhia está bem-posicionada para ganhar participação nos segmentos de lojas físicas (B&M)
e 1P (venda própria online) nas categorias de bens duráveis, alavancando-se em um ambiente competitivo mais confortável.

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“Desta maneira, acreditamos que o desempenho da empresa nesses canais de vendas serão o foco dos investidores no curto prazo, visto que esses canais, provavelmente, serão os principais impulsionadores da recuperação da lucratividade e da geração de fluxo de caixa”, apontam.

Porém,  além dos desafios macroeconômicos que o Brasil deve enfrentar em 2023, o crescimento mais lento do que o esperado no canal de vendas digitais em 2022 provocou outra revisão para baixo nas suas estimativas de crescimento de mercado. Os analistas do BBA esperam agora que o tamanho do mercado de comércio eletrônico atinja R$ 238 bilhões
em 2022 (alta de 7% em um ano, para uma taxa de penetração de 9%) e R$ 273 bilhões em 2023 (avanço de 14% em base anual, para uma penetração taxa de 10%).

Para o banco, o Magalu está bem-posicionado na corrida pela consolidação do e-commerce no Brasil e projeta um leve ganho de participação para 18% para a empresa em 2023, embora esperemos que o segmento 3P (marketplace) desempenhe um papel secundário no desempenho operacional da companhia, por enquanto.

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Os analistas do BBA também ajustaram as suas premissas de take rate (valor que incide sobre cada transação) para cima devido ao aumento da racionalidade e oportunidades decorrentes da  monetização de serviços 3P. “Vemos o 3P como uma forma importante para a empresa aumentar sua participação nas categorias de cauda longa, bem como a frequência de compras, mas não esperamos que o crescimento desse segmento seja o mais lembrado pelos investidores, por enquanto”, apontam.

Já o BB Investimentos cortou a recomendação de MGLU3 de compra para neutra e o preço-alvo de R$ 5,60 para R$ 3,50 (ainda um upside de 35%), também destacando o cenário macro desafiador.

“Até o início das discussões em âmbito fiscal [na política], nossas perspectivas para o setor eram positivas. Mesmo com um 3T22 [terceiro trimestre de 2022]  menos aquecido do que supúnhamos, as expectativas em torno das vendas em decorrência da Copa do Mundo e a perspectiva de início do ciclo de afrouxamento monetário em meados de 2023 manteriam os papéis de setor de consumo cíclico sob o radar dos investidores, implicando na valorização do segmento ao longo do 2S22 [segundo semestre de 2022] e 1S23 [primeiro semestre de 2023]”, avaliam os analistas do BB Investimentos.

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Contudo, as revisões das estimativas do mercado aumentando a permanência da taxa de juros brasileira em patamar elevado para contrabalancear as discussões fiscais prejudicam o valuation das companhias em análise, apontam. Do lado das vendas, a taxa de juros em patamar elevado reduz o ímpeto de compra dos consumidores à medida que eleva os juros cobrados em empréstimos e em compras parceladas.

Do lado da rentabilidade, há elevação das estimativas relacionadas às despesas financeiras, o que implica na redução de lucro líquido, já impactado pela menor perspectiva de alavancagem operacional por conta das vendas em ritmo mais lento.

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Nesse contexto, o BB Investimentos aponta que a sua companhia preferida é a Magazine Luiza, que vem se mostrando mais resiliente diante dos percalços macroeconômicos com melhor execução do seu plano estratégico.

“Quanto à Via e a Americanas, estamos mais cautelosos”, avaliam. A primeira, por conta das dúvidas que pairam sobre o equilíbrio dos canais de vendas e o impacto disso na rentabilidade da companhia, o que pode impactar no potencial de valorização hoje existente entre o preço corrente e o nosso preço-alvo. A segunda, por conta da divulgação de resultados negativos no 3T22, bastante inferior às expectativas, com destaque especial para o expressivo consumo de caixa operacional no período.

“Dito isso, mantivemos nossa recomendação de venda para AMER3 e neutra para VIIA3, mas rebaixamos nossa recomendação para MGLU3 para Neutra”. O BB Investimentos tem um novo preço-alvo para 2023 de R$ 8,10 para AMER3, 66% menor ante o preço-alvo anterior e um potencial de alta de 1,5% frente o fechamento da véspera. Já a Via teve o preço-alvo cortado de R$ 4,70 para R$ 3,30 (upside de 63%).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.