Magalu (MGLU3): Investigação aponta como improcedente denúncia anônima, mas empresa fala em erros contábeis e reapresenta balanços

Considerando os ajustes contábeis, a redução no patrimônio líquido da companhia foi de R$ 322,1 milhões

Vitor Azevedo

Centro de Distribuição (CD do Magazine Luiza em Louveira, no interior de São Paulo, em 09/04/2021 (Foto: Germano Lüders/Divulgação)

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O Magazine Luiza (MGLU3) afirmou nesta segunda-feira (14) que foram identificadas incorreções em lançamentos contábeis de bonificações a fornecedores, levando à reapresentação de demonstrações financeiras da companhia, conforme fato relevante.

A varejista afirmou que as incorreções em lançamentos contábeis foram identificadas no âmbito de apurações internas, junto a TozziniFreire Advogados e à PwC, após denúncia anônima mais ampla, e que não se confirmou, em março deste ano.

Na época da denúncia, a varejista declarou que ela mencionava três distribuidores, os quais, ao longo de 2022, representaram aproximadamente 3,5% do valor total de compra de mercadorias da empresa. A sugestão era que existiam operações de bonificação relativas à compra de fornecedores e distribuidores.

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Roberto Belissimo, diretor financeiro do Magazine Luiza, em entrevista ao InfoMoney, detalhou os erros encontrados: lançamentos antecipados de bonificações antes do cumprimento das obrigações de desempenho, contrariando o CPC 47.

O efeito total dos erros no patrimônio do Magazine Luiza seria de R$ 829,5 milhões. A empresa , contudo, explica que usará crédito fiscais de R$ 688,7 milhões, ou R$ 507,4 milhões líquidos de impostos, para amenizar o impacto no patrimônio líquido.

A varejista afirmou que as incorreções decorrem das chamadas notas de débito – documento utilizado para o reconhecimento contábil das receitas de bonificações a fornecedores.

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A empresa disse que algumas notas de débitos foram emitidas pela companhia e assinadas por fornecedores “sem observar com precisão as obrigações de desempenho – as quais variam de acordo com as especificidades de cada negociação — em momento específico no tempo.”

Com isso, o Magazine Luiza afirmou que realizou a correção dos lançamentos contábeis correspondentes, refletidos nas demonstrações financeiras do terceiro trimestre divulgadas nesta segunda-feira.

A medida reflete, de acordo com a empresa, uma redução acumulada no patrimônio líquido de R$ 829,5 milhões sobre o valor do fim de junho deste ano. O valor é líquido de impostos e sem impacto no fluxo de caixa.

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Esse valor, porém, foi parcialmente compensado pelo reconhecimento de R$ 688,7 milhões em créditos tributários pela companhia no terceiro trimestre, o que levou a lucro líquido de R$ 331,2 milhões no período, revertendo prejuízo um ano antes.

Assim, o impacto das incorreções no patrimônio líquido acabou sendo de R$ 322,1 milhões, após os créditos tributários.

Belissimo menciona que esses erros não alteraram o fluxo de caixa operacional do resultado do Magazine Luiza, mas que afetaram as contas de CMV e de fornecedores. Para corrigir isso, a empresa está adotando novas medidas de gestão e governança, incluindo um sistema automatizado chamado TradeLinks, para gerenciar as bonificações de forma mais eficiente.

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“Identificamos lançamentos antecipados de bonificações, resultando em um impacto de R$ 830 milhões. Estamos implementando novas medidas de governança e um sistema automatizado para gerenciar essas bonificações”, disse,

“Implementamos ações para aprimorar a governança e o controle interno. Também reconhecemos créditos tributários, resultando em um impacto positivo no patrimônio líquido. Estes ajustes refletem nosso compromisso com a transparência e a gestão eficaz”, concluiu.

Em notas explicativas divulgadas junto ao balanço nesta segunda-feira, a companhia afirmou que reapresentou, por meio de dados não auditados, números de 2022, diante da identificação das incorreções. O prejuízo líquido do terceiro trimestre do ano passado, por exemplo, foi a R$ 190,9 milhões, de R$ 166,8 milhões apresentado anteriormente.

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O Magazine Luiza ainda afirmou que foram aprovadas medidas visando o aprimoramento dos mecanismos de controles internos, como a revisão das matrizes de riscos e aprimoramento de sistema automatizado de gestão de verbas de fornecedores, entre outros.

(com Reuters)