Magalu (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) devem ter mais um trimestre desafiador, mas com alguma melhora operacional

Além de recuo das vendas, analistas apontam também que companhias podem sofrer com maiores gastos com dívidas

Vitor Azevedo

(Shutterstock)

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As companhias voltadas ao varejo de bens duráveis são algumas das que mais têm enfrentado desafios por conta do cenário macroeconômico recentemente. Inflação alta e crédito caro levam as pessoas a comprarem mais aquilo que é estritamente necessário, deixando de gastar com eletro e eletrônicos.

Alguns analistas, com isso, chegaram a diminuir suas projeções para o setor; contudo, mais recentemente, as ações registraram um movimento de recuperação, com o alívio na curva de juros em meio à expectativa pelo fim da alta da Selic, além de sinais de diminuição das pressões de preços globais.

Assim, os resultados das companhias Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3), a serem divulgados na próxima quinta-feira (11) após o fechamento do mercado, serão acompanhados de perto pelos investidores.

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O Morgan Stanley, por exemplo, afirmou que reduziu suas estimativas para as três empresas para o segundo trimestre por conta dos contínuos ventos contrários ao volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês).

“Observando as tendências online para operadoras sediadas no Brasil, os dados da Neotrust mostram uma queda de 4% no GMV da indústria, desacelerando em relação ao crescimento de 13% registrado no primeiro trimestre”, comentam os analistas do banco americano.

Já o Goldman Sachs revisou suas projeções não apenas para o segundo trimestre, mas para todo o ano, com “dados incrementais confirmando os temores de uma desaceleração no crescimento do comércio eletrônico”. “A queda reflete, em nossa opinião, uma combinação de diferentes fatores, incluindo normalização da mobilidade, mudança de gastos (com maior participação de serviços) e consumo mais fraco”, justificam.

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No primeiro trimestre, da receita bruta de R$ 8 bilhões da Americanas, R$ 4,79 bilhões vieram do digital. No Magazine Luiza, dos R$ 14 bilhões em vendas, R$ 10 bilhões provieram do canal online. A Via teve um GMV total de R$ 10,6 bilhões, sendo R$ 5,5 bilhões oriundos das lojas físicas.

“Veremos outra vez uma recuperação das lojas físicas e um enfraquecimento tanto do canal online 1P, no qual o player tem domínio de toda a cadeia, quanto do martkeplace 3P, no qual ele age com parceiros”, diz a Eleven.

Essa última casa, no entanto, espera ver uma leve recuperação das margens dessas companhias, devido a um ambiente competitivo mais racional e com as empresas agindo para melhorar suas lucratividades após os resultados do primeiro trimestre.

Varejistas enfrentam desafios também em resultado financeiro

Apesar da possível melhora operacional, analistas mantêm o radar ligado para um aumento dos gastos com frete, por conta dos preços dos combustíveis, e para uma alta dos custos financeiros, em meio a uma taxa de juros mais elevada – a Americanas fechou março com um endividamento bruto de R$ 13,1 bilhões, o Magazine Luiza, de R$ 5,2 bilhões, e a Via, de R$ 4,6 bilhões.

“Esperamos uma deterioração anual de R$ 570 milhões no resultado financeiro da Americanas, que deve pressionar o lucro líquido”, comenta o Morgan Stanley sobre o resultado da varejista que tem o maior endividamento bruto.

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A Americanas, no primeiro trimestre, se destacou em relação à lucratividade, trazendo uma margem de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 9,8%, alta de 1,9 ponto na base anual.

“Projetamos margens de Ebitda ajustadas subindo 390 pontos-base no ano, para 14,3%, continuando o impulso de margem do primeiro trimestre, com a Americanas alcançando resultados do seu pico de investimentos registrado a partir de 2020/2021”, explica o Morgan.

O Itaú e a Eleven vão no mesmo caminho, afirmando que esperam resultados mistos para a empresa, com melhora operacional mas peso do lado dos gastos com dívidas.

“A margem bruta da Americanas deve acelerar 50 pontos-base no ano, refletindo a maior participação das lojas físicas nas vendas do trimestre. Isso, juntamente com a melhora dos números da AME, pode levar a um aumento de margem Ebitda de 160 pontos, para 12,1%”, diz o BBA. “Apesar do ganho de margem, esperamos que o resultado da empresa permaneça em território negativo, com prejuízo de R$ 125 milhões, principalmente em um resultado financeiro mais pesado”.

O Itaú vê a Americanas trazendo um Ebitda de R$ 826 milhões no segundo trimestre, pouco menos do que os R$ 829 milhões da Eleven. O Morgan Stanley tem visão um pouco mais positiva, aguardando um lucro operacional de R$ 1,05 bilhão. O consenso da Refinitiv é de R$ 829,5 milhões.

Para o Magazine Luiza, a Eleven também afirma que espera uma “alta expressiva das despesas financeiras”, que levarão a “um novo prejuízo realizado no segundo trimestre”.

Queda das vendas de eletrodomésticos e eletrônicos

“Esperamos um trimestre fraco para o Magazine Luiza, ainda com desafios de demanda para o segmento eletro/eletrônico. No quesito de rentabilidade, esperamos um avanço de margem bruta de 2,4 ponto percentual, resultado principalmente da redução de subsídios e repasses da alta dos custos”, acrescentam os analistas.

O Morgan Stanley, apesar de ver o GMV crescendo 5% no ano, espera que as vendas desacelerem na base trimestral. “Nossa projeção marca uma desaceleração em relação ao crescimento de 13% do primeiro trimestre, incorporando leituras de dados fracas, com vendas de eletrônicos em tendência de queda”, afirmam.

O Itaú BBA, por fim, diz esperar números neutros provindos do Magazine Luiza, com as vendas das lojas físicas estáveis na base anual, bem como a receita e com o e-commerce 3P, que deve crescer 20% no ano na visão do banco, remediando o recuo de 7% do segmento 1P.

“Esperamos que a receita líquida diminua 3% na base anual, para R$ 8,8 bilhões, mas projetamos a margem bruta avançando 270 pontos-base no ano e 50 no trimestre, para 28,3%, com melhor mix de produtos e com repasse de inflação e juros”, dizem os especialistas do banco. “Esperamos um ganho de margem Ebitda de 0,5 ponto percentual no trimestre, para 5,5%, mas esperamos um prejuízo líquido de R$ 87, afetado por um resultado financeiro pior”.

A Eleven espera que o Magazine Luiza traga um Ebitda de R$ 455 milhões, pouco menos que os R$ 498 milhões esperados pelo Morgan Stanley e dos R$ 483 milhões projetados pelo Itaú BBA. O consenso da Refinitiv para a Magalu é de um Ebitda de R$ 487,2 milhões.

Com a Via, a Eleven também não mostra empolgação. “Esperamos resultados pouco animadores, em  que continuaremos vendo impactos na operação pela deterioração do cenário macroeconômico e pela fraca demanda nas categorias de eletro e eletrônicos”, destacam.

Apesar disso, os analistas da casa de research dizem que esperam melhores margens brutas e Ebitda, com os esforços da companhia em reduzir suas despesas gerais e administrativas – a última, para eles, deve vir em 8,5%.

O Morgan Stanley espera uma margem Ebitda de 7,6%, caindo 260 pontos-base no ano, mas avançando 140 pontos no trimestre, com repasse de preços e também chamando atenção para as iniciativas de redução de despesas.

Em relação às vendas, o banco espera uma queda de 1% no ano do GMV total, com declínio de 15% do e-commerce equilibrado por alta de 10% de vendas físicas.

As projeções da Eleven e do Morgan Stanley para o Ebitda da Via são de, respectivamente, são de R$ 391 milhões e R$ 619 milhões, respectivamente. A Refinitiv não tem um consenso de Ebitda para a dona das Casas Bahia, mas a projeção para o lucro antes de juros e impostos (Ebit, na sigla em inglês) é de R$ 412,6 milhões.

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