Lupatech sobe 24%, V-Agro bate máxima desde 2011 e BB cai 2,3%; veja destaques

Imobiliárias MRV e Helbor caem forte após prévias operacionais; JBS atinge maior patamar em 8 meses, enquanto CCX sobe 8,0%

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Voltando a registrar perdas, o Ibovespa fechou esta sexta-feira (18) com queda de 0,38%, aos 61.956 pontos – apesar desse recuo, o índice de ações terminou a semana com ganhos acumulados de 0,75%. Puxando esse desempenho, destaque para as ações da B2W Varejo (BTOW3) com perdas de 3,38%, aos R$ 16,28, enquanto a Vanguarda Agro (VAGR3) se destacou na ponta positiva: ganhos de 7,32%, fechando a terceira semana do ano aos R$ 0,44 – maior patamar obtido desde dezembro de 2011.

Os papéis da empresa de agronegócios, por sua vez, já vêm num fluxo bom de compra, impulsionados pelo aumento da participação da Gávea Investimentos no final do ano passado, que é gerido pelo ex–presidente do Banco Central, Armínio Fraga, argumenta o analista Luis Gustavo Pereira, da Futura Investimentos.

A Vanguarda Agro tenta deixar para trás as turbulências. Em janeiro de 2011, a empresa buscava formas para lidar com um alto endividamento, discordâncias entre os sócios e um negócio de biodiesel pouco interessante, que feria trimestralmente seu resultado.

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À epoca, a ação era cotada a R$ 0,94, e quem olhava para sua faceta nominal considerava que a VAGR3 estava “barata”. Depois de dois anos, neste janeiro de 2013, o papel negocia a praticamente metade deste valor. “E, no entanto, por menos da metade do preço, levamos hoje um produto incrivelmente melhor do que já foi”, avalia a equipe de análise da casa de research Empiricus.

BB cai com possível aumento no capital do Votorantim
O Banco do Brasil (BBAS3) iniciou estudos para elevar sua participação no Banco Votorantim, algo que não foi bem recebido pelo mercado – que derrubou as ações, com perdas de 2,28%, aos R$ 26,20. O BB já é sócio do Votorantim desde 2009 e detém uma participação de 50% no capital total da instituição. De acordo com a Bloomberg, o BB quer deter ao menos 75% do capital da empresa. 

A “parceria estratégica” foi costurada quando os efeitos da crise global de 2008 complicaram o cenário de liquidez de vários bancos brasileiros de médio porte. Mas os problemas de inadimplência do banco vêm preocupando o mercado ao longo dos trimestres. Em novembro, o BB divulgou em seu balanço do terceiro trimestre que o Banco Votorantim encerrou o período com prejuízo de R$ 497 milhões, causado principalmente pelo aumento das despesas com provisões para devedores duvidosos, que cresceram 36,3% em 12 meses, para R$ 1,33 bilhão. 

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A taxa de inadimplência ainda é um dos grandes obstáculos para esse aumento de participação. “O banco mostra um prejuízo acentuado com inadimplência, e caso eleve sua fatia no Votorantim o Banco do Brasil terá que assumir essas perdas por ser o controlador”, avalia o analista Eduardo Machado, da Amaril Franklin. A matéria da Bloomberg destaca que o interesse do BB é mudar a instituição: ela passaria a ser um banco de investimento com uma política de cargos e salários mais flexível do que em um banco público.

Imobiliárias: resultados prévios derrubam MRV e Helbor
Próximas da ponta negativa do Ibovespa ficaram as ações da MRV Engenharia (MRVE3). Os papéis da construtora recuaram 3,30%, aos R$ 11,12, após a companhia recuar os dados operacionais do quarto trimestreA empresa revelou vendas contratadas de R$ 1,2 bilhão de reais no quarto trimestre, um aumento de 19% em relação ao trimestre anterior, mas insuficiente para que a empresa cumprisse a estimativa traçada para 2012.

No ano passado como um todo, a construtora e incorporadora mineira vendeu R$ 4,005 bilhões, queda de 7% ante 2011 e abaixo da projeção anual da companhia, de vender entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5,5 bilhões.

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Fora do Ibovespa, outra imobiliária também se destacou negativamente após seus resultados prévios: a Helbor (HBOR3). A prévia do quarto trimestre decepcionou os investidores e as ações da empresa amargaram perdas de 5,14%, terminando o dia aos R$ 12,00. A companhia fechou 2012 com R$ 1,4 bilhão em lançamentos, considerando-se apenas a fatia da companhia nos empreendimentos.

 “A prévia da companhia veio abaixo do esperado pelo mercado, mas não podemos considerar que foi ruim. Eem relação a outras empresas, a Helbor ainda se destaca positivamente, porém os investidores estão comparando Helbor com Helbor e isto que está pressionando as ações”, disse o analista da casa de research Empiricus, Rodolfo Amstalden. 

JBS atinge máxima desde maio: grafista recomenda venda
A Votorantim Corretora recomendou aos seus clientes durante a manhã a venda das ações da JBS (JBSS3) no pregão desta sexta-feira. Os papéis da maior processadora de carnes do mundo dispararam 6,7% na sessão anterior, fechando a R$ 6,83, e subiram mais 3,95% nesta sexta, atingindo os R$ 7,10 – maior fechamento desde 11 de maio de 2012, quando fecharam a R$ 7,26.

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Vendo esse movimento, o analista técnico da corretora, Rafael Espinoso, abriu a operação quando os papéis da companhia estavam cotados a R$ 7,00. O objetivo do trade foi colocado em R$ 6,35, região pouco abaixo do fechamento da ação na quarta-feira (16). Já o stop loss recomendado por Espinoso está em R$ 7,23 – ou seja, quando a ação bater esse preço, ele sugere que o investidor zere a posição vendida.

“O ativo já opera acima do bollinger superior, aos R$ 6,74, e com bom distanciamento da media do bollinger, nos R$ 6,03”, explica Espinoso. Além disso, as altas levaram o papel para próximo da região dos R$ 7,13, que é um ponto importante da extensão de Fibonacci – e por isso, deve agir como resistência para o ativo.

Lupatech dispara com nova diretoria
Acostumadas a se destacarem na bolsa neste início de 2013, as ações da Lupatech (LUPA3) chamaram atenção nesta sexta por saltarem mais 24,29%, terminando o dia aos R$ 2,20. A diferença sobre os outros pregões é que, desta vez, há um motivo claro para isso. Na noite de quinta-feira a companhia anunciou a troca de seu diretor financeiro e de relações com investidores, Ricardo Mollo.

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 A função de diretor financeiro passa para Thiago Piovesan, até então diretor de planejamento e controle. Já o cargo de diretor de relações com investidores será exercido pelo presidente da Lupatech, Alexandre Monteiro. Ricardo Mollo, com passagens pelos bancos Garantia, Safra, ABC Brasil e Unibanco, havia assumido o cargo de diretor financeiro e de relações com investidores em setembro do ano passado.

Para Fernando Góes, analista da Clear Corretora, mais do que a troca de um nome por outro, o anúncio traz esperança aos investidores. “Ela está tentando tomar fortes medidas para melhorar, então deve ter um plano diferente, deve estar envolvida em um plano para sanear as dívidas”, explica. Mas Góes alerta que, até o momento, é muito cedo para tomar alguma conclusão mais otimista. “De um modo geral, ainda é para ter muita cautela, ela é longe de ser uma recomendação segura.” O analista da Clear diz que, a princípio, o fundamento dela é ruim e não muda.

Ecorodovias pressionada por rebaixamento…
Os papéis da Ecorodovias (ECOR3) registraram baixa de 1,86%, fechando aos R$ 17,39. Carlos Müller, analista da Geral Investimentos, avalia que esta queda das ações da Ecorodovias se deve a um relatório do JP Morgan, que rebaixou a recomendação dos papéis de overweight (desempenho acima da média) para neutra. Vale mencionar que os ativos da companhia tiveram um volume financeiro quatro vezes acima da média, totalizando R$ 64,6 milhões.

Este movimento se associa também a uma realização, ressalta o analista, em meio ao aporte feito pelo BTG Pactual (BBTG11) na semana anterior. No último dia 11, o banco de investimentos anunciou a compra de 6,5% da Ecorodovias por US$ 255 milhões, o que fez os papéis subirem 5,82% naquela data. 

…mas setor desaba com mais disputa
A perspectiva de maior disputa de novas concessões rodoviárias também acabou afetando outras ações do setor. Este é o caso dos papéis da Triunfo (TPIS3), que tiveram queda de 3,61%, fechando a R$ 12,29, enquanto as ações CCR (CCRO3) registraram desempenho negativo de 0,60%, terminado aos R$ 19,99.

Parte deste movimento está associado às novas rodadas de concessões, que terá licitação no dia 30 e envolverá pelo menos seis grupos, de acordo com informações do jornal Valor Econômico. Além da CCR, Ecorodovias e Triunfo, a Invepar, Odebrecht e Acciona também devem participar da concessão.

No primeiro lote, estarão as concessões da BR-116, em Minas Gerais, e a BR-040, entre Brasília e Juiz de Fora (MG). As ações da Arteris (ARTR3), companhia que não foi citada na matéria, registram desempenho quase estável nesta sessão.

Profarma: alta de 13% com aquisição
Após firmar a compra da totalidade das ações da CSB Drogarias – marcando assim sua entrada no ramo varejista de produtos farmacêuticos -, a Profarma (PFRM3) viu suas ações dispararem na BM&FBovespa, com alta de 13,04%, cotados a R$ 14,65.

Segundo comunicado divulgado ao mercado, a Profarma firmou a compra da totalidade do capital da Casa Saba Brasil por R$ 87 milhões, após aprovação da operação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Nascida em 2010 da aquisição de duas tradicionais redes de varejo farmacêutico – a Drogasmil e a Farmalife -, a CSB possuía cerca de 85 lojas dessas duas marcas espalhadas pelo Rio de Janeiro. Em 2011, essa empresa teve um faturamento de R$ 332,8 milhões.

Ferbasa: mais um resultado mensal positivo
Outra small cap a se destacar nesta sexta-feira foi a  Ferbasa (FESA4), que viu suas ações subirem 3,16%, cotadas a R$ 12,39. A alta ocorreu após a divulgação do resultado operacional da empresa, que reportou alta em sua receita líquida e em seu volume de vendas.

Em seu resultado operacional a Ferbasa reportou alta de 33,63% em sua receita de vendas, atingindo R$ 50,379 milhões em dezembro, ante R$ 37,702 milhões registrados no mesmo período de 2011. Seguindo a alta no resultado, o volume de vendas da companhia subiu 63,13%, alcançando o total de 15,598 toneladas no último mês. Desse montante, 6,667 toneladas foram de FeCrAC (Ferro Cromo Alto Carbono), 1.538 toneladas de  FeCrBC (Ferro Cromo Baixo Carbono) e 7,393 toneladas de FeSi75 (Ferro Silício).

Em relatório, a XP Investimentos avalia o resultado como forte, mas vê o setor siderúrgico sofrendo uma grande pressão de custos. “Resta saber se com ese cenário, o aumento de receita da Ferbasa se transformará em lucratividade”, diz o relatório. Apesar do cenário, a corretora avalia os ativos FESA4 como uma opção interessante no setor, com múltiplos descontados frente as 3 grandes siderúrgicas nacionais.

CCX sobe quase 15% em 2 dias
Após uma enxurrada de notícias sobre OGX (OGXP3) e LLX (LLXL3), outra empresa do grupo EBX, comandado por Eike Batista, vem chamando a atenção do mercado nos últimos dias. As ações da CCX Carvão (CCXC3) registraram forte valorização de 8,00%, aos R$ 2,16, mas chegaram a máxima do dia a alta de 10%, aos R$ 2,20.

Na véspera, os papéis da companhia também mostraram um desempenho robusto e fecharam em alta de 5,26%, aos R$ 2,00. Os ativos da empresa acumulam nesses dois dias valorização de quase 15%. Apesar deste movimento, as ações não mostram um desempenho similar quando analisado desde meados de dezembro, acumulando perdas de mais de 15%.