Lula, Jorge Gerdau… crescem pressões para Dilma adotar medidas de estímulos ao crescimento

Há todo tipo de ideia: usar reservas cambiais para estimular o crédito, utilizar o dinheiro das pedaladas fiscais pago aos bancos oficiais e ao FGTS para facilitar financimentos e consumo...mas o ministro Barbosa está quieto

José Marcio Mendonça

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O ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, deu ontem mais um passo para, pelo menos, começar a recompor parte das forças governistas, com uma reunião de mais de duas horas, no gabinete da vice-presidência da República no Palácio do Planalto, com Michel Temer. Não se tem, ainda, informações sobre o que os dois acertaram, mas a partir da semana que vem o vice sai em peregrinação pelo país para conversar com prefeitos e lideranças municipais. Temer tenta formar sua própria base e ampliar a do PMDB que lhe é fiel. Essa peregrinação tanto pode ser pró como contra o governo.

A realidade é que o Palácio do Planalto começou a ficar preocupado com a expectativa que está sendo criada de que estaria sendo preparado um pacote para ajudar a deslanchar a economia o mais rápidamente possível. O próprio ministro da Casa Civil, que com suas andanças e entrevistas andou estimulando essa interpretação, começou a baixar a bola ontem, ao dizer, depois da conversa com Temer, que não há coelho na cartola do governo.

Só que tem muita gente esperando esses “coelhos”.

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No evento mais importante do dia ontem na seara oficial, a reunião do ex-presidente Lula com a presidente Dilma Rousseff e alguns ministros este foi o tema central. Informa o colunista Merval Pereira, de “O Globo”, que a presença de Nelson Barbosa no encontro foi barrada por Lula.Dilma e Lula não se falavam pessoalmente desde dezembro e Lula aproveitou a passagem por Brasília, onde esteve para depor na investigação da Operação Zelotes sobre compra de Medida Provisória para beneficiar empresas, para aconselhar Dilma.

Segundo o vazou do encontro, Lula teria aconselhado a presidente de agir com presteza, fazendo mudanças nas políticas atuais, até março, quando o pedido de impeachment será julgado. Lula não compartilha a visão de parte dos assessores de Dilma, entre eles os ministros Wagner e Ricardo Berzoini, de que o pedido de impedimento já virou letra morta.

Não só Lula acha que não está sepultado como também entende que as forças governistas, nos partidos aliados, nas bases sociais e sindicais devem estar reagrupadas, prontas para uma batalha que se acredita pode ser dura e muito catimbada. Reagrupar essas forças dependerá da economia dar sinais de que parou de piorar e até começa a melhorar. O que significa, na visão de Lula e dos petistas, mudanças substanciais na política econômica. Foi isso que se cobrou de Dilma e Nelson Barbosa fora da mesa dessas conversas é sintomático.

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Enquanto Nelson Barbosa não põe as cartas reais na mesa, as especulações sobre medidas emergenciais para estimular a economia continuam correndo soltas. Segundo a coluna de Ilimar Franco, em “O Globo”, parte dos governistas já aceita o uso das reservas cambiais para estimular o crédito. Lula defende a medida, porém Nelson Barbosa ainda resistiria. Foi expediente usado por Cristina Kirchner e Nelson Maduro.

Outra idéia, segundo o “Valor Econômico”, é aproveitar os volumosos recursos transferidos para os bancos oficias e ao FGTS como pagamento das pedaladas fiscais para estimular a atividade econômica.

O empresário Jorge Gerdau, que já esteve muito próximo da presidente, inclusive aconselhando Dilma em questões de gestão, mas estava afastado do governo, com muitas críticas desde o ano passado, voltou a engrossar o coro dos que defendem que o ministro Nelson Barbosa pode dar um pouco mais de “prioridade” ao crescimento.

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O problema adicional é que o imponderável, que não estava nos cálculos da nova equipe econômica, entrou de repente no ar: a explicitação da fraqueza da economia chinesa, muito maior do que qualquer previsão feita até dez dias atrás. Vai afetar e muito o Brasil e até agora os ministros econômicos apenas observam, sem esboçar nenhuma defesa ou reação. Mas não há tempo para espera: a siderurgia, que já ia mal antes dessa crise, agora está simplesmente mergulhando.

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