Lula defende que governo volte a ser “dono” da Eletrobras (ELET6); ações fecham em queda de mais de 3%

Ainda que diversos analistas vejam a reversão da privatização como difícil, este é um tema que tem aumentado a aversão ao risco para a companhia

Equipe InfoMoney

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta terça-feira (21) que pretende reestatizar a Eletrobras (ELET3;ELET6) apenas sete meses após o processo de privatização da empresa. Em entrevista ao site Brasil 247, Lula disse que, se o governo tiver condições, “voltaremos a ser dono” da companhia energética e garantiu que “não vai ficar por isso” a venda da maior fatia de participação na empresa a investidores privados.

Lula disse que o governo entrou na Justiça contra a redução do poder de voto da União na empresa e contra o preço para recompra de ações da elétrica.

Assim, após chegarem a subir cerca de 1% no início da sessão desta terça, as ações fecharam com expressiva queda. ELET3 teve baixa de 3,48% (R$ 30,83) e as ações ELET6 tiveram queda de 3,37% (R$ 33,22), com a desvalorização ficando mais acentuada por volta das 11h (horário de Brasília), quando Lula passou a falar sobre o tema. Ainda que diversos analistas vejam a reversão da privatização como difícil, este é um tema que tem aumentado a aversão ao risco para a companhia, com as recorrentes declarações do petista sobre o tema abalando os papéis.

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“O que foi feito na Eletrobras foi um crime de lesa-pátria. Você privatizou uma empresa daquele porte e usou o dinheiro para o quê? É como se você tivesse a sua casa e dissesse que decidiu vender a sua casa para pagar a sua divida. Você vai ficar com o que na vida? Uma empresa como a Eletrobras é um patrimônio desse País e tem que ter muita responsabilidade”, argumentou Lula. “Eu espero que um dia, se a gente tiver condições, a agente volte a ser dono da maior empresa de energia que esse País já teve”, completou.

As criticas ao processo de privatização da Eletrobras marcaram a campanha presidencial petista e ainda estão presentes nos discursos de Lula após tomar posse. Em fevereiro deste ano, o presidente disse que os termos da privatização da empresa são “leoninos” e “erráticos”, assim como “lesa-pátria”. Na ocasião, Lula ainda orientou que a Advocacia Geral da União (AGU) a solicitar a revisão do contrato.

Na entrevista, Lula voltou a fazer menções a empresa, mas desta vez alinhando às críticas ao processo de privatização às queixas que tem feito à taxa de juros definida pelo Banco Central.

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O presidente classificou como “irresponsabilidade” a venda da Eletrobras para pagar juros da divida interna enquanto defendia a ampliação dos investimentos públicos em infraestrutura e programas sociais.

Petrobras

Lula também afirmou ter orientado o presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, a suspender a venda de todos os ativos da empresa. Uma de suas promessas durante a campanha eleitoral era paralisar todos os processos de privatização de empresas federais.

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Em seu primeiro dia de governo, Lula determinou via decreto a suspensão de oito estudos e processos de desestatização em curso no governo.

(com Estadão Conteúdo)