Lucros dos grandes bancos somam R$ 61,6 bi em 2020, mas têm maior queda em 21 anos; dividendos encolhem 48%

Já as provisões para devedores duvidosos totalizaram R$ 94,4 bilhões, valor 22,57% superior a 2019, mostra estudo da Economatica

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio ao impacto da pandemia nos números das instituições, os lucros dos quatro maiores bancos somados registraram queda de 24,4% em 2020 em relação ao ano de 2019, na maior baixa desde 2000, segundo levantamento divulgado pela Economatica nesta quarta-feira (17). O lucro total foi de R$ 61,6 bilhões. Não foram utilizadas informações de lucros recorrentes ou outros e sim os lucros contábeis, informou a consultoria.

Os bancos haviam registrado em 2019 o melhor resultado agregado em toda a série histórica, medida desde a introdução do real, em 1994. Naquele ano, o lucro conjunto foi de R$ 81,5 bilhões em valores nominais e, com correção monetária, o valor sobe para R$ 85,1 bilhões, ampliando a queda de 2020 para 26,6%.

O Itaú registrou o menor lucro anual desde 2014, apesar de ter registrado o maior lucro em 2020 entre os grandes bancos, totalizando R$ 18,5 bilhões. Na sequência, está o Bradesco, com um lucro total de R$ 16,5 bilhões, enquanto Santander lucrou R$ 13,4 bilhões e o Banco do Brasil teve lucro de R$ 12,6 bilhões no período.

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Na comparação de 2020 com 2019, o Santander registrou a menor queda de lucratividade, com baixa de 5,02%. Já a maior baixa foi do Banco do Brasil, de 30,09%.

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De 1996 até 2000, os bancos tiveram queda de lucratividade em sete oportunidades no agregado. A maior queda foi em 1995 e reflete o reconhecimento de perdas que o Banco do Brasil fez nos anos de 1994 e 1995. Em 1995, a queda foi de R$ 3,3 bilhões em relação ao ano de1994. O segundo maior registro de queda aconteceu em 1996, com baixa de 42,9%, representando o prejuízo neste ano de R$ 4,8 bilhões.

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Retorno sobre o patrimônio líquido: menor desde 1995

A Economatica também destaca que a mediana do retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) dos quatro maiores bancos brasileiros em 2020 foi de 12,06%, que é o menor valor já registrado desde 1995, quando a mediana do ROE foi de 10,56%.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Santander Brasil teve o melhor desempenho, com ROE de 17,9%, que é o segundo maior registrado pelo banco historicamente. Banco do Brasil, Bradesco e Itaú, por sua vez, estão tecnicamente empatados com 12,1%, 12,0% e 11,5%, respectivamente.

O Banco do Brasil e o Itaú registraram as maiores quedas de ROE entre 2019 e 2020, com baixas respectivas de 7,5 e 7,2 pontos percentuais. O Bradesco registrou queda de 5,7 pontos percentuais e o Santander teve queda de 3,1 pontos percentuais.

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Já o ativo total consolidado dos bancos em 2020 foi de R$ 6,43 trilhões, 18,56% maior frente 2019. Este é o maior crescimento percentual desde o ano de 2008, quando os ativos cresceram 75,6%.

O maior crescimento percentual em 2020 com relação a 2019 é do Itaú, com 21,5%, seguido pelo Banco do Brasil (+17,45%),, Bradesco (+17,06%) e Santander (+16,89%). De 2006 até 2015, o Banco do Brasil foi o maior banco por ativos sendo que, em 2016, o Itaú passou a ocupar a liderança, mantendo-a até o momento.

Dividendos mais modestos

O volume de dividendos e de juros sobre capital próprio distribuídos no ano de 2020 dos quatro bancos é de R$ 29,7 bilhões, 48,69% inferior ao do ano de 2019.

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O Bradesco teve a maior queda, de 91,93% com relação ao ano de 2019, seguido pelo Itaú (com baixa de 53,88%) e pelo BB (queda de 14,75%). O Santander foi  o único banco que registrou crescimento de 45,66% de distribuição de proventos na passagem entre 2019 e 2020.

Nominalmente, o Itaí pagou o maior valor (R$ 12,0 bilhões), seguido pelo Santander (R$ 10,2 bilhões), Banco do Brasil (R$ 6,07 bilhões) e Bradesco (R$ 1,43 bilhão).

PDD e valor de mercado

Em meio à situação da pandemia, a provisão para devedores duvidosos consolidada no ano de 2020 foi de R$ 94,4 bilhões, valor 22,57% superior ao do ano de 2019.

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O Itaú teve o maior crescimento de PDD, de 34,97% (R$ 26,7 bilhões), deixando para trás o Banco do Brasil, que era o banco com maior PDD entre 2013 e 2019. O Bradesco viu sua provisão aumentar 34,42% e somar R$ 25,164 bilhões, enquanto a do BB subiu 16,06% e totalizou R$ 26.077 bilhões. O Santander teve a menor alta nas provisões, de 2,55%, a R$ 16,4 bilhões, ainda que tenha sido a maior PDD da história da instituição financeira, assim como a do Bradesco e do Itaú.

Somente o Banco do Brasil não atingiu o maior valor de PDD no período analisado. O seu PDD de 2020 foi o segundo maior, ficando atrás do valor de 2016, quando o banco registrou R$ 28,65 bilhões em provisões.

O valor de mercado dos bancos brasileiros até o fechamento de 12 de fevereiro de 2021 totalizou R$ 716 bilhões, demonstrando queda de 24,78% com relação a dezembro de 2019. No ano de 2020, a queda foi de 16,37% e em 2021 até 12 de fevereiro foi de 10,06%.

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O Banco do Brasil, com baixa de 36,05%, teve a maior queda percentual de valor de mercado entre dezembro de 2019 e 12 de fevereiro de 2021. O Bradesco teve queda de 25,46% e o Itaú teve desvalorização de 23,32%, sendo seguido pelo Santander, com baixa de 17,15%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.