Lucro de 19.500% em 18 anos: o gênio da matemática que venceu os cassinos e foi apostar em Wall Street

Primeiro, foram os cassinos,  com uma técnica para ganhar no blackjack e um sistema que previa o resultado das roletas, depois ele foi para Wall Street, onde transformou US$ 1,4 milhão em US$ 247 milhões em menos de duas décadas

Paula Barra

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SÃO PAULO – Depois de vencer os cassinos de Las Vegas na década de 60, o gênio da matemática Edward Thorp, hoje com 84 anos, decidiu abandonar os jogos e usar a sua capacidade para apostar em Wall Street. Em apenas 18 anos, ele conseguiu ganhos impressionantes de 19.500%, obtendo uma enorme vantagem em relação ao índice americano S&P 500, com o uso revolucionário da matemática, opções e computadores.

Foi em 1969, quando ele criou o fundo de investimentos Princeton Newport Partners, reconhecido hoje como o primeiro fundo “quant” (com uso de análises quantitativas e algoritmos), que saiu do montante inicial de US$ 1,4 milhão para US$ 247 milhões (dando os ganhos de 19.500%) em quase duas décadas. 

Mais uma vez, o uso dos seus conhecimentos em matemática foram cruciais para os ganhos do fundo, assim como a simplificação de lógicas de preço (como comprar uma commodity em um mercado onde custava US$ 100 e vender em outro onde era cotado a US$ 110) e computadores, mas que terminou de forma abrupta no final dos anos 80, quando Thorp se recusou a acusar o investidor Michael Milken, acusado de extorsão, fraude e utilização de informação privilegiada. O então procurador Rudy Giuliani decidiu processar os investidores de Wall Street, por manipulação e fraude fiscal, que se recusaram entregar Milken. Apesar da maioria das acusações terem sido mais tarde recuperadas, o fundo Princeton Newport Partners não resistiu.

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Essa e outras histórias estão no livro que o gênio da matemática lançou neste ano sobre sua vida: “A Man for All Markets: Beating the Odds, from Las Vegas to Wall Street” (Um homem para todos os mercados: conseguindo o improvável, de Las Vegas a Wall Street, em tradução livre). 

Nascido em 1932, Thorp percebeu muito cedo que tinha uma capacidade matemática fora do comum. Aos 3 anos, ele aprendeu a adicionar, subtrair, multiplicar, fazer raiz quadrada. Na escola, conta, ficava entendiado com o nível dos estudos e, como tinha interesse em ciência e matemática, pegava os livros por conta própria para ler. Em um teste de QI, bateu o recorde de pontuação da escola, um nível que se espera encontrar em um aluno a cada 100 anos, conta em recente entrevista ao programa de rádio da BBC, Outlook.

A passagem pelos cassinos veio da época em que, ainda jovem, conquistou o posto de professor de matemática do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e, já com uma vida confortável, desenvolveu uma técnica de contar as cartas do blackjack mentalmente. Ele garante que não era por dinheiro, mas para mostrar que era possível vencer os cassinos. Em suas contas, ele acumulou US$ 25 mil nos jogos nos anos 60, ou US$ 250 mil nos dias atuais. 

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Mas não parou por aí. Junto a outro gênio da matemática, Claude Shannon, os dois criaram na mesma época o que ele chama de primeiro “computador vestível” do mundo que, na prática, era um equipamento eletrônico que ele escondia no corpo e usava nos cassinos para cronometrar o número de vezes que a bola dava na roleta para estimar onde ela ia parar.

Depois disso, o próximo passo foi Wall Street, quando viu que poderia usar a sua capacidade matemática no mercado financeiro. O seu reconhecimento não ficou apenas nas conquistas do seu fundo em 1970. As habilidades de Thorp de ganhar dinheiro na bolsa o fizeram “padrinho” de grandes investidores dos dias de hoje. Entre eles, o bilionário investidor Warren Buffett; Bill Gross, fundador da Pimco – a maior gestora de fundos de títulos do mundo -, que se tornou investidor usando um dos livros de Thorp (“Beat the Market”, lançado em 1967); e Ken Griffin, agora o gestor do fundo de hedge mais bem pago do mundo, que criou o fundo Citadel em 1990 usando documentos que Thorp lhe deu de Princeton Newport.