Loyola diz que Levy deve perseguir fiscal até o fim, sem jogar a toalha

Em evento nesta terça-feira, 23, em Brasília, Levy disse que seria um pouco precipitado rever a meta fiscal deste ano

Estadão Conteúdo

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O economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e atual sócio da consultoria Tendências, afirmou que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deve perseguir um superávit primário de 1,1% do PIB (meta atualizada) “até o final” e concordou que é cedo para revisar o número para baixo. Em evento nesta terça-feira, 23, em Brasília, Levy disse que seria um pouco precipitado rever a meta fiscal deste ano.

De acordo com Loyola, hoje há dificuldades tanto políticas quanto econômicas para se fazer um ajuste na proporção que a nova equipe econômica do governo pretendia inicialmente. “Primeiro, o desempenho das receitas tem vindo sistematicamente abaixo do esperado em função da fraqueza da economia. Isso tem prejudicado. Segundo, as medidas de aumento de impostos e de redução de gastos que foram encaminhadas ao Congresso têm sido desidratadas nesse processo de negociação política. Então o resultado prático dessas medidas tem ficado abaixo daquilo que se havia calculado”, avaliou.

Apesar de reconhecer que, diante desse quadro, fica cada vez mais difícil fazer o superávit pretendido, ele acredita que a meta não deve ser alterada neste momento. “Em algum momento, em dezembro, por exemplo, ele (Levy) vai dizer: ‘Não deu’. Mas ele não deve jogar a toalha”, afirmou Loyola ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, após ministrar palestra na 17ª Transposul, em Porto Alegre.

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Questionado sobre o que garantiria o cumprimento da meta fiscal em 2015, Loyola disse que uma das únicas opções do governo seria fazer um corte bastante expressivo nas despesas. “Acho que do lado de imposto não tem muito o que fazer. Também não vejo uma possibilidade de gerar uma receita extraordinária, uma privatização”, falou.

Nesta terça-feira, Levy disse que o governo está estudando medidas para aumentar a arrecadação, entre elas a abertura de capital do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Para Loyola, a mudança no IRB, se for de fato realizada, não geraria resultados ainda este ano. “Isso toma tempo. Estamos já em junho, não sei se é possível fazer algo até o fim do ano para fechar a conta”, avaliou.

Durante sua palestra na capital gaúcha, Loyola disse que a percepção da Tendências é de que Levy “talvez fique devendo 1,2% (meta original)”, mas seja capaz de entregar um primário de 0,8%, 0,9% do PIB em 2015, o que já seria suficiente para manter o grau de investimento.

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Ele também disse que a presidente Dilma Rousseff reverteu o rumo da política econômica “mais por necessidade do que por convicção” e que esta mudança abre uma possibilidade de recuperação da economia brasileira em 2016. No entanto, segundo Loyola, a fraqueza política da presidente neste segundo mandato impede que seja colocada em prática uma agenda que favoreça o ambiente de negócios. “Se de um lado somos mais otimistas com relação à política econômica, por outro não acreditamos que o governo será capaz de mudar de maneira transformadora a realidade econômica do País.”

Inflação
Ao falar sobre o cenário inflacionário brasileiro, Loyola não descartou um novo aumento na estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015 – recentemente a projeção da Tendências passou de 8,3% para 8,9%.

“Vai depender dos resultados que virão do IPCA de junho e de julho, eventualmente pode ter (outra revisão para cima), porque nos últimos meses (os números) têm surpreendido sempre para cima, então a gente pode ter que fazer esta revisão”, disse.