Lojas Renner (LREN3) vê “perspectiva desafiadora” com chuvas no RS

Apesar de balanço ter sido considerado positivo, ações da companhia caem mais de 7% por volta das 12h30 desta quinta-feira

Vitor Azevedo

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A Lojas Renner (LREN3) teve um primeiro trimestre considerado, majoritariamente, positivo por analistas, com destaque para os avanços operacionais. No entanto, a companhia, durante a teleconferência de resultados, sinalizou que enxerga a possibilidade de as chuvas no Rio Grande do Sul e o calor anormal em parte do país nos meses de abril e maio terem impactos no seu segundo trimestre.

Quantos aos números divulgados ontem, o Bradesco BBI, por exemplo, mencionou que houve “progresso claro” nas margens Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), fora uma “recuperação contínua do volume de vendas” e uma “melhora sequencial dos serviços financeiros. “Embora com um resultado um tanto poluído, a direção do lucro líquido das Lojas Renner é agora para cima, o que é naturalmente bem-vindo”, diz a equipe, encabeçada por Pedro Pinto.

O lucro líquido da Lojas Renner foi de R$ 139,3 milhões, praticamente o triplo daquilo registrado um ano antes. A receita foi de R$ 2,4 bilhões, com alta de 8% no ano, e o Ebitda, de R$ 364,5 milhões, alta de 39,1%, com a margem ficando em 14,8%, contra 11,5% no primeiro tri de 2023.

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A XP foi na mesma linha do Bradesco, mencionando que a varejista de moda reportou resultados melhores, com “aceleração do crescimento da receita líquida” e “sólida expansão de margem tanto no varejo quanto na Realize”. O braço financeiro registrou um resultado positivo de R$ 13,4 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 10,3 milhões de um ano antes.

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“Ficamos contentes em ver mais um trimestre de crescimento na receita de vestuário, indicando ganho de participação de mercado e mais sinais de um ponto de inflexão na Realize”, corrobora o Santander. 

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Ações das Lojas Renner despencam

No entanto, por volta das 12h30 (horário de Brasília) desta quinta-feira (9), as ações da companhia caíam 7,24%. 

Em parte, o recuo pode ser explicado pelas sinalizações feitas por executivos durante a teleconferência de resultados dos impactos dos extremos climáticos nos próximos resultados da empresa. 

Fabio Faccio, CEO da Lojas Renner, mencionou, durante o evento, que a empresa tem neste momento 2% das suas unidades fechadas (sendo que, por algum tempo, foram 4%). 

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“Eventos climáticos extremos, que vemos desde abril, tornam perspectivas mais desafiadoras, com impacto provavelmente no segundo tri. Mas vemos como algo pontual”, comentou. Além das chuvas no Rio Grande do Sul, a empresa também mencionou o calor anormal para os meses de abril e maio, registrado em boa parte do país. “Isso pode, sim, afetar o crescimento de vendas. Ele deve ser menor do que esperávamos”

A Lojas Renner também enxerga, por conta dos eventos, certa pressão das margens no segundo trimestre, com diluição menor dos custos. 

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“É difícil agora afirmar o crescimento das vendas no segundo trimestre. Ainda estamos em um momento difícil no Rio Grande do Sul. Apesar das poucas lojas fechadas, o fluxo de movimento nas demais cai. Deve ser um patamar menor de crescimento, mas ainda vemos a possibilidade de alta”, defendeu Faccio.

A Renner, segundo eles, não teve impactos relevantes em seu estoque ou equipamentos. Do lado dos fornecedores, nenhum grande parceiro da empresa foi afetado, já que a maioria fica em Santa Catarina. No entanto, de acordo com eles, o abastecimento de algumas unidades da região — mesmo as que continuam abertas — está afetado, por conta de rotas fechadas. 

Fora a tragédia, os executivos trataram de endereçar algumas questões. Eles esperam, por exemplo, que as margens continuem avançando até o final do ano, com o fim da transição para o centro de distribuição de Cabreúva. Hoje a companhia estaria com gastos ainda redundantes.

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A Lojas Renner, por fim, aposta também no avanço da sua carteira de crédito para melhorar resultados. “Estamos confiantes na evolução da Realize e temos a perspectiva de melhora, apesar da pressão do lado das receitas, já que tornamos a distribuição mais seletiva. Estamos, ao pouco, voltando a conceder um pouco mais de crédito, reativando alguns clientes, mas de forma responsável e gradual. Ao longo do tempo, isso deve aumentar o crescimento da carteira”, falou o CEO.