Localiza (RENT3) espera receber mais carros de montadoras e reforça aluguel para motorista de aplicativo; ação avança

Sinalizações foram dadas em teleconferência de resultados; papéis fecharam com avanço de 1,90%, a R$ 52,45, em sessão pós resultado

André Cabette Fábio

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A Localiza (RENT3) apontou, em teleconferência de apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2022 (1T22) nesta terça-feira (3), que há aceleração das entregas de veículos desde o primeiro trimestre, e que a expectativa é de que isso continue a ocorrer no segundo.

Rodrigo Tavares de Sousa, CFO da companhia, ressaltou que há incertezas, com fatores como a Guerra da Ucrânia pesando negativamente. Porém, em caso de desaceleração das entregas no segundo trimestre, estas devem ser compensadas no terceiro, avaliou.

O executivo ainda afirmou que a empresa mantém um “excelente relacionamento” com as montadoras, em meio à escassez da oferta de carros. No momento, com a queda de restrições advindas da pandemia, a empresa vem buscando realizar mais reuniões com executivos das montadoras.

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Questionado sobre a rápida melhora sobre os indicadores de roubos no primeiro trimestre, o CFO afirmou que a frota agora é mais conectada. “Agora, há um processo mais rigoroso com o uso de tecnologia e algoritmos de avaliação de crédito e fraude, que levaram a um reconhecimento mais rápido de roubos no trimestre passado. Assim, houve menos roubos reconhecidos no primeiro trimestre”, apontou.

Com relação à melhora nas margens, tanto no segmento RAC (aluguel de carros), com alta de 14,2 pontos na base anual, quanto no GTF (gestão e terceirização de frotas), Nora Lanari, diretora de relações com investidores, destacou alguns fatores para o bom desempenho.

São eles, a alta da receita de 31,6%, com volume de diárias subindo 2,7%, e levando a uma alta dos preços; melhora de 4 pontos percentuais na PDD (provisão por devedores duvidosos); 2 pontos percentuais de efeito por conta de créditos de PIS/Cofins; menos gastos com serviços de terceiros; e melhora em manutenção equivalente a um ponto percentual na margem, em especial por conta do melhor desempenho em se tratando de roubos.

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Com alta de preços e custo de financiamento de carros, a empresa ainda ressaltou que reforça aluguel para motorista de aplicativo.

Nora afirmou que na alta temporada – no quarto trimestre e no primeiro trimestre – há um aluguel muito forte da pessoa física. Normalmente, depois do primeiro trimestre há redução da sazonalidade e aumento da relevância dos aluguéis de longo prazo, com alta dos aluguéis pontuais novamente no quarto trimestre.

No momento, a empresa busca reduzir o custo para o segmento do motorista de aplicativo, oferecendo uma alternativa como substituto à alta dos preços dos carros e dos juros para financiamento. Neste contexto, acelera-se a demanda pelo aluguel de carros como alternativa à compra.

Idade média de carros para aluguel aumenta, satisfação se mantém

Questionado em teleconferência sobre a alta da idade média da frota de carros de aluguel de carros, Sousa afirmou que o processo de desativação da frota segue critérios técnicos. Atualmente, há extensão do tempo de uso de carros mais populares, e desativação maior dos carros premium.

Ele diz que, mesmo com as mudanças, o NPS (Net Promoter Score, metodologia para medir satisfação de clientes) está elevado e que, se houver aumento da insatisfação, a estratégia pode ser reavaliada.

Nora Lanari afirmou que a idade média da frota operacional está hoje em 16,7 meses; há um ano estava em 12,6 meses; e historicamente gira próximo a 7 meses. Ela diz que há uma “inteligência de alocação dos carros por segmento”, de forma a manter o NPS.

Análises

De uma forma geral, os números da Localiza foram vistos como positivos, o que levou a uma sessão de alta para ações. O avanço foi de 1,90%, a R$ 52,45, ainda que em desaceleração após terem chegado a subir 4,68% mais cedo. Já o Ibovespa fechou em leve queda de 0,10%.

O Bradesco BBI destaca que a margem de aluguel de carros se recuperou, enquanto a receita líquida ficou acima das estimativas do BBI em 3%, mas veio 4% abaixo do consenso, devido à receita de rent-a-car (RAC) aumentar 36% na base anual, com elevação de preços de aluguel diário; maior receita de gestão de frota, impulsionada pelo aumento de preços diários; e receita de seminovos caindo, já que a Localiza vendeu menos carros no trimestre.

O Ebitda foi impactado negativamente por R$ 12 milhões em despesas relacionadas à fusão com a Unidas. “Se ajustarmos para este efeito, o Ebitda ajustado seria de R$ 1,2 bilhão, superando a estimativa do BBI de R$ 1,0 bilhão e o consenso de R$ 1,1 bilhão”, aponta. O Bradesco BBI mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado) para Localiza e preço-alvo de R$ 67.

Para analistas da XP, os principais pontos positivos foram o forte desempenho do Ebitda de RAC devido a tarifas sequencialmente mais altas e melhora da margem, refletindo eficiências capturadas ao longo do 1T22, bem como a operação de Seminovos continuamente fortes apesar de apenas 14,5 mil carros vendidos no trimestre.

Do lado negativo, analistas observam o ambiente de compra de carros ainda prejudicado, levando a uma queda sequencial de volume na divisão RAC, devido aos gargalos relacionados à cadeia de suprimentos em meio à indústria automotiva. Ainda assim, reiteram a visão positiva e recomendação de compra para a Localiza.

Já a equipe de análise do Credit Suisse diz que Localiza apresentou resultados surpreendentemente fortes no 1T22, superando estimativas. No geral, o Ebitda consolidado ficou 7% acima da das estimativas do Credit, enquanto o lucro líquido de foi 11% acima. “A Localiza superou nossas estimativas de Ebitda em todas as três divisões, principalmente em RAC e Seminovos”, destaca. O banco mantém classificação outperform para Localiza, e preço-alvo de R$ 74.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney