Liquidez seca no mercado interbancário na Europa e nos EUA

O mercado interbancário global está fechado até que as taxas comecem a cair, afirma equipe de pesquisa da Merrill Lynch

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SÃO PAULO – A recusa da Câmara dos Deputados norte-americana ao plano de resgate aos bancos de até US$ 700 bilhões fez praticamente secar o já prejudicado mercado interbancário norte-americano e europeu.

Na última segunda-feira (29), a Libor (London Interbank Offered Rate) – taxa interbancária no mercado de Londres – teve a maior alta diária da história, subindo 431 pontos-base. A taxa chegou a 6,88% nesta terça-feira.

“O mercado interbancário global está fechado e não haverá oferta enquanto a Libor ou outras ferramentas de funding caiam”, avalia o banco de investimentos Merrill Lynch em relatório publicado nesta terça-feira.

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De acordo com dados da ABB (Associação Britânica de Bancos), a Libor [veja gráfico abaixo] estava em 2,95% na última terça-feira (23). No último 16 de setembro, um dia antes do plano de ajuda ao AIG (American International Group), a taxa chegou a 6,43%.

“A tolerância ao risco moveu para níveis extremamente baixos”, aponta Bob Doll, vice-chairman e diretor da gestora de recursos Black Rock. A Euribor (Euro Interbank Offered Rate) – taxa interbancária da zona do Euro – de um mês subiu para o patamar recorde de 5,05%.

Segundo a FEB (Federação Européia de Bancos), a Euribor de um mês marcava 4,85% na última terça-feira.

Sem liquidez: Libor em setembro (%)*
*Depois de uma aguda queda nas ações, o governo dos EUA estatizou as agências de crédito Freddie Mac (foto) e Fannie Mae.

No início do mês a taxa estava em 4,51%.

O rendimento dos Treasuries de três meses chegou a 0,29% na segunda-feira, muito abaixo do nível da última terça-feira (23), quanto a nota marcava rendimento de 0,81%, de acordo com dados do Federal Reserve. No último dia 17 a taxa chegou a 0,02%, o menor nível desde a década de 40 – considerados dados de fechamento dos mercados.

À espera do Ato

Em nota publicada nesta tarde, a FEB disse acreditar que o “Ato de Estabilização Econômica de 2008”, barrado nos EUA, deve ajudar a estabilizar a situação e a “restaurar a confiança nos mercados financeiros”, assim que aprovado.

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Num cenário de intransigência por parte do partido Republicano, o governo Bush parece forçado a fazer várias concessões aos democratas, buscando o apoio maciço destes e a aprovação unilateral do plano.

Os trabalhos de bastidores devem intensificar-se nesta terça, feriado norte-americano do ano novo judaico.