Lideradas por Usiminas, 7 ações do Ibovespa disparam mais de 20% em agosto; só 6 dos 58 papéis caem

Confira os principais destaques da bolsa desta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Apesar do “tropeço” do governo no Congresso na votação da meta fiscal, o Ibovespa não apresentou grande volatilidade nesta quinta-feira (31) e fechou praticamente estável (-0,07%), a 70.835 pontos. Em agosto, por sua vez, o índice acumulou ganhos de 7,46%, no terceiro mês seguido no positivo e o melhor desde janeiro de 2017, quando subiu 7,38%. Já o dólar comercial subiu 0,9% no mês, fechando hoje a R$ 3,1470 na compra e R$ 3,1475 na venda. 

Entre as maiores altas em agosto, destaques para as ações da Usiminas (USIM5, +33,27%) e Eletrobras ON (ELET3, +30,52%), que disparam mais de 30%. O papel PN da Eletrobras (ELET6) subiu 23,16% no período. No caso da primeira, a euforia veio no embalo de reajuste de preço do aço e recomendações (Itaú indicou compra em 1° de agosto; HSBC elevou hoje a recomendação para compra); já a segunda subiu em meio à proposta de privatização anunciada dia 21 de agosto. 

Chamaram atenção também as ações Estácio, que dispararam 26,5% diante de perspectivas animadoras. Ontem, o Bank of America Merrill Lynch disse para não temer o rali do setor (cujas ações sobem quase 50% no ano contra alta de 17% do Ibovespa), que o “momentum” positivo deve continuar no curto prazo e citando a Estácio como sua “top pick”. A concorrente Kroton (KROT3) subiu 20,02% no período. Além delas, as empresas do setor de papel e celulose – Fibria (FIBR3, +26,33%) e Suzano (SUZB5, +24,82%) – fecharam o grupo das 7 ações que subiram mais de 20% no mês. 

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Do outro lado, diante do mês positivo na bolsa, apenas 6 das 58 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa fecharam no negativo. Foram elas: Cielo (CIEL3, -14,06%), MRV Engenharia (MRVE3, -5,86%), Sabesp (SBSP3, -4,41%), Cemig (CMIG4, -1,64%), Pão de Açúcar (PCAR4, -0,70%) e Rumo (RAIL3, -0,58%). 

Vale menção que amanhã a B3 divulgará a composição da nova carteira teórica do Ibovespa, que terá validade entre 4 de setembro e 28 de dezembro. Pela última prévia, a nova carteira trará a inclusão da unit da Taesa (TAEE11), sendo composta por 59 ativos de 56 empresas. Hoje, esses ativos subiram 0,90%, a R$ 22,50.

Veja abaixo os principais destaques de ações desta quinta-feira:

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Petrobras (PETR3, R$ 13,97, +0,65%;PETR4, R$ 13,65, +1,49%)

As ações da Petrobras registraram ganhos em dia positivo para os preços do petróleo. Em Londres, os contratos futuros do Brent registravam alta de 2,85%, a US$ 52,31 o barril, enquanto os contratos do WTI, negociados em Nova York, subiam 2,48%, a US$ 47,09 o barril. Apesar da alta hoje, o WTI caiu cerca de 6% em agosto. 

Já os contratos futuros de gasolina, negociados em NY, subiam 13,7%, a US$ 2,1426 o galão, após atingirem o patamar de US$ 2,1678, na máxima desde junho de 2015. Hoje marcou o melhor dia dos contratos desde março de 2016. O movimento ocorre após um canal de combustível do Golfo do México à Costa Leste começar a fechar devido à tempestade tropical Harvey. No radar da estatal, ela anunciou hoje reajuste de combustíveis, com alta de 4,2% na gasolina e de 0,8% no diesel, válidos para a próxima sexta-feira. 

Vale (VALE3, R$ 35,08, +2,15%; VALE5, R$ 32,57, +3,43%)

As ações da Vale registraram um dia de ganhos, seguindo o movimento de alta do minério em meio aos dados chineses. O PMI (Purchasing Managers’ Indexes) oficial de manufatura da China subiu de 51,4 em julho para 51,7 em agosto, surpreendendo os analistas, que previam retração para 51,3 na passagem mensal e comprovando que a indústria local segue aquecida. Por conta disso, o minério de ferro negociado em Qingdao com 62% de teor de pureza, um dos mais acompanhados pelo mercado, subiu 3,72%, encerrando a US$ 78,91 a tonelada, movimento semelhante dos contratos futuros da commodity cotados na bolsa de Dalian, que registraram valorização de 3,80%.

Os papéis da Usiminas (USIM5, R$ 6,89, +5,03%) e da holding da Vale, a Bradespar (BRAP4, R$ 26,88, +1,59%) foram destaques de alta no Ibovespa. Além de repercutirem a alta do minério, as duas companhias tiveram a recomendação elevada de manutenção para compra pelo HSBC. No caso da Bradespar, o preço-alvo foi elevado de R$ 19,55 para R$ 28,30 e, no caso da Usiminas, o preço-alvo foi de R$ 5 para R$ 8. As ações da Gerdau (GGBR4, R$ 11,85, +0,25%) e da CSN (CSNA3, R$ 8,69, +1,64%) também subiram. 

Sobre a Gerdau,  analistas do BTG Pactual recomendam elevar a exposição à siderúrgica, segundo relatório datado de quarta-feira. Eles dizem que os preços do aço longo devem subir mais 15% em setembro, após a elevação de 10% em julho-agosto. “Apesar de sentimos que o mercado tem sido cético considerando os fracos mercados de construção e infraestrutura no país, o ambiente externo é muito favorável”. De acordo com eles, a implementação da primeira rodada progride bem e que os preços favoráveis ainda não foram levados em conta no preço da ação da Gerdau.

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 557,85, +8,32%)
As ações da Magazine Luiza dispararam nesta sessão e renovam a máxima histórica. No mês, a alta acumulada foi de 54,82% e, no ano, de 438%. 

No radar, o CEO da empresa, Frederico Trajano, disse hoje, durante o evento Latam Retail Show, que as vendas de agosto superaram expectativas e que está muito otimista para o próximo ano (veja aqui os destaques). 

Vale menção que no começo da semana o BTG Pactual reiterou recomendação de compra para a ação (veja aqui), com novo preço-alvo de R$ 589,00, frente R$ 377 anteriormente, após incorporarem uma tendência mais positiva para a divisão online (B2C+marketplace), que deve atingir 50% do GMV (volume de mercadoria bruto, termo usado em varejo online para indicar um valor total de vendas de mercadorias no país) total em 5 anos, uma vez que a MGLU está se beneficiando da racionalidade do setor no Brasil. 

Cesp (CESP6, R$ 14,73, +0,82%)

A Cesp viram suas ações subirem até 3,70% nesta sessão, a R$ 15,15, em meio à venda mais próxima. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, a  Equatorial Energia (EQTL3, R$ 61,78, -0,42%) está entre as empresas cadastradas para acessar a sala de informações abertas pelo governo paulista sobre a privatização da Cesp, cujo leilão está marcado para 26 de setembro. 

O certame oferecerá as ações do governo de São Paulo no bloco de controle da Cesp, ou cerca de 40,6% do capital da companhia, a um preço mínimo de R$ 16,80 por papel, o que significa um valor final de quase R$ 2 bilhões.

Locamérica (LCAM3, R$ 12,80, +2,40%)

Os papéis da Locamérica registraram alta expressiva nesta sessão após o Safra elevar a recomendação para “outperform” (desempenho acima da média), com preço-alvo de R$ 15,50. Na máxima do dia, os papéis subiram 4,80%, indo a R$ 13,10.

Sabesp (SBSP3, R$ 32,15, +0,47%)

A Sabesp registrou alta nesta sessão em meio às notícias de que a empresa pleiteia reajuste tarifário maior. A concessionária realizou hoje uma apresentação na audiência pública da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), onde reivindicou uma mudança na base de cálculo do reajuste tarifário, pois a tarifa média vigente utilizada para cálculo da receita requerida está, na visão da companhia, distorcida pelo programa de bônus e ônus por economia no consumo.

Nesse sentido, a Sabesp sugere a utilização da tarifa média vigente no intervalo de 12 meses (entre julho 2016 e junho 2017), o que, levando em consideração a receita requerida definida pela própria ARSESP resultaria num reajuste médio de 10,42%, bem superior aos 4,36% divulgados de forma preliminar pela agência. A deliberação do reajuste preliminar final está prevista para o próximo dia 03 de outubro.

Qualicorp (QUAL3, R$ 34,85, +0,43%)

Após despencar na véspera, a ação da Qualicorp tenta registrar recuperação nesta quinta-feira. Ontem, depois da baixa dos papéis, a empresa puicou um fato relevante sobre a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) ajuizada pelo PSL que busca suspender a norma da ANS que regula as atividades de administradores de benefício. A empresa menciona que é dificil prever o prazo de ações dessa natureza, mas menciona que a ADI coincide com as manifestações das operadoras de saúde Seguros Unimed e Central Nacional Unimed, indicando que elas teriam “interesse comercial privado direto na ADI proposta, em detrimento dos interesses dos usuários dos planos de saúde”. Os analistas do Credit Suisse questionam se as operadoras teriam interesse em oferecer o serviço, se o consumidor de fato se beneficiaria se as operadoras oferecessem o serviço sem a intermediação das administradoras, e em última instância, se pagar 12% sobre o prêmio pelos serviços ofertados pela Qualicorp é justo pela que o consumidor recebe como serviço. De acordo com os analistas, a ANS vai defender a norma atual, mas a questão é complexa, o timing é incerto e a volatilidade deve continuar.

Veja mais: Como um partido político afundou na quarta-feira uma das melhores ações da bolsa em 2017

Carrefour (CRFB3, R$ 15,80, -1,25%)

As ações do Carrefour registraram expressiva queda como reflexo dos números operacionais apresentados na Europa e que fizeram os papéis caírem 15% por lá. A segunda maior varejista do mundo registrou queda maior que a esperada de 21,5% no lucro operacional do primeiro semestre, à medida que a forte concorrência atingiu as margens na França, seu principal mercado. Na França, a queda do lucro operacional foi de 36,1%, para 199 milhões de euros, refletindo as reduções de preço feitas para competir melhor com rivais domésticos.
A empresa disse que vê agora crescimento das vendas entre 2 e 4% este ano, ante previsão anterior de avanço de 3 a 5%.  

Ao responder a uma pergunta de um analista, o CFO Pierre-Jean Sivignon -sugeriu que um dos motivos do guidance mais fraco ocorre em um cenário de menor inflação de alimentos no Brasil. O Brasil é a maior operação do grupo fora da França. Segundo o Itaú BBA, isso deve ser visto como neutro para o Carrefour, uma vez que as estimativas do concenso já estão ajustadas para essa tendência.”Além disso, os resultados do segundo trimestre do Carrefour Brasil já forneceram evidências empíricas para a tendência mais suave de vendas nas mesmas lojas, então isso não é algo novo”. Porém, os analistas do banco alertaram que, dado o desempenho muito fraco da ação da companhia na Europa, era esperada alguma volatilidade para a a ação do Carrefour Brasil hoje. “Uma queda na ação é uma oportunidade de compra”, avaliam.

Biotoscana (GBIO33, R$ 27,00, -1,10%)
O BTG Pactual iniciou cobertura dos BRDs (Brazilian Depositary Receipts) da Biotosca com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 33,00. “Vemos a empresa como o único veículo para play no mercado de especialidades/pharma que está crescendo muito na América Latina (bastante impulsionado pelos fundamentos da cadeia e a alta correlação entre Specialty e envelhecimento populacional – hoje já são 815 mil pessoas utilizando os medicamentos da Biotoscana anualmente em 10 países diferentes)”, comentam os analistas do banco.

Eles ressaltam ainda que, após o IPO em que levantaram R$420 milhões, fusão e aquisição certamente será o caminho natural para expansão (provavelmente com mais foco no México), suportando o lançamento de novos produtos e otimização da estrutura de capital.

Os analistas apontam ainda que o call na empresa trata-se de uma combinação de crescimento e uma estrutura “asset light” que leva a um ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) muito interessante quando comparado ao mercado global de pharma. Eles ponderam, contudo, que competição, incertezas regulatórias e, principalmente, execução (capacidade da empresa de continuar fazendo as escolhas certas, nos momentos certos, enquanto controi o time certo) são alguns dos riscos do case. 

Triunfo (TPIS3, R$ 3,52, 0,00%)

Após cair mais de 8% na véspera, os papéis da Triunfo seguem em queda nesta sessão. A companhia foi alvo ontem de operação da Polícia Federal que apura fraude e desvio de recursos públicos nas obras em sua concessão no RS. Hoje, ela informou que a seguradora Swiss Re pagou à ANAC a parcela de 2016 da outorga de Viracopos, ativo que a companhia, junto do consórcio que levou o aeroporto no leilão, optou por devolver ao poder público. Sobre a operação da PF, a companhia apenas comunicou que forneceu as informações necessárias e que continuará a cooperar com as autoridades. “Ainda consideramos que o valor dos ativos da companhia supera o seu valor de mercado, porém, essa operação da PF eleva ainda mais o nível de risco já elevado dos papéis da companhia”, afirma a Coinvalores.