Leilão de transmissão da Aneel deve ser acirrado: quais empresas devem concorrer?

Leilão está marcado marcado para 28 de março, com quinze lotes em licitação e investimento previsto de mais de R$ 18 bilhões

Felipe Moreira

As obras da hidrelétrica de São Roque, em Santa Catarina, paralisadas por falta de recursos, devem ser retomadas no início do ano que vem. Foto: Divulgação

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O primeiro leilão de transmissão do ano, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), está marcado para 28 de março, com quinze lotes em licitação e investimento total previsto de mais de R$ 18 bilhões. Esses projetos greenfield estão localizados em catorze estados das regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul.

Segundo a XP Investimentos, a expansão do sistema de transmissão é principalmente na Região Nordeste, visando atender à crescente demanda por projetos de geração renovável na região, especialmente parques eólicos e solares. Os analistas comentam que o negócio de transmissão brasileiro deve continuar crescendo, impulsionado pela necessidade da Rede Nacional de apoiar a crescente capacidade de energia renovável. “Infelizmente, as empresas abordadas neste relatório podem não ser os principais beneficiários desse crescimento, já que a competição no setor deve permanecer acirrada”, destacam.

Na avaliação do BBA, este próximo leilão é o mais relevante desde 2018 em termos de compromisso de investimentos e Receita Anual Permitida (RAP) máxima (excluindo o último leilão de HDVC). Sendo Assim, o Itaú BBA classifica como um evento importante para o setor e espera que vários players listados participem do leilão, seja sozinhos ou por meio de consórcios. 

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O banco acredita que a concorrência deve ser acirrada no certame, apesar de alguns players listados terem agora uma posição de balanço alavancada. Os analistas lembram que houve leilões altamente competitivos nos últimos anos, com licitações agressivas e novos entrantes no segmento. “Alguns deles encontraram desafios no desenvolvimento e implementação de projetos, e as empresas enfrentam agora uma escassez de empreiteiros capitalizados, deixando menos espaço para intervenientes aventureiros”, destacam. 

Além disso, no ano passado, a Aneel melhorou os termos dos editais de licitação para eliminar potenciais players incapazes de atender aos critérios propostos pelo regulador. Consequentemente, diversas concessionárias listadas estão avaliando o próximo leilão e pretendem participar, isoladamente ou por meio de consórcios, para aumentar sua exposição ao negócio de transmissão. 

Segundo o relatório do BBA, ISA Cteep (TRPL4), Alupar (ALUP11), Engie Brasil (EGIE3), Eletrobras (ELET3), Energisa (ENGI11), Neoenergia (NEOE3) e CPFL (CPFE3) manifestaram a intenção de participar deste leilão, enquanto a Taesa confirmou durante a teleconferência de resultados do 4T23 que não participará. 

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O Bank of America também vê Neoenergia, Engie, Isa Cteep, Alupar e CPFL como licitantes, além de Eletrobras (ELET3), destacando ainda que, além de Taesa, Cemig (CMIG4) já declarou que não fará parte do certame. Sobre Neonergia especificamente, o BofA aponta que seu acionista controlador (Iberdrola) apresentou um novo plano de investimentos saindo das energias renováveis e passando para redes. No entanto, a atual estimativa de investimentos da Iberdrola na transmissão de energia brasileira parece refletir apenas projetos já contratados em leilões anteriores (R$ 6 bilhões esperados entre 2024 e 2026).

O Itaú BBA vê retornos potenciais atrativos, uma vez que o custo médio ponderado de capital (WACC) real para o leilão foi definida pelo regulador em 7,9%. Com isso, o banco vislumbra espaço para os licitantes superarem as premissas do regulador em várias áreas.

Em seu cenário base, o BBA assume uma margem Ebitda de 88%, um custo real de capital próprio de 7%, alavancagem de capex (investimentos de capital) de 70% (com um período de amortização de 20 anos), custo da dívida de IPCA + 6,5%, e o subsídio proporcional estimado da SUDENE para os primeiros 10 anos (considerando a área subsidiada para cada lote). Os analistas destacam que a maioria dos lotes será desenvolvida na região norte dos estados de Minas Gerais e/ou na região Nordeste do Brasil e são elegíveis para o benefício fiscal da SUDENE (alíquota de 15,25% para esses ativos), embora haja pouca visibilidade sobre a magnitude do benefício fiscal para cada lote.

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De acordo com relatório, o Lote 6 é o maior no leilão em termos de compromisso de capex e RAP máximo (R$ 3,4 bilhões e R$ 564, respectivamente), seguido de perto pelo Lote 5. Todos os maiores lotes são elegíveis para o benefício fiscal da SUDENE, pelo menos parcialmente.

Com base nisso, o BBA projeta um retorno potencial atrativo no limite de receita para esses lotes maiores, acima de 12% (alavancado, em termos reais).

O Bank of America estima uma Taxa Interna de Retorno (TIR) alavancada de 8% e vê as condições do leilão como satisfatórias, mas espera uma criação limitada de Valor Presente Líquido (VPL).

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O banco americano ainda ressalta que o ambiente provavelmente será competitivo, mas a cadeia de suprimentos pode ser um risco. Nos últimos 10 leilões (entre 2018 e 2023), os licitantes ofereceram um desconto médio de 49%, refletindo poucas oportunidades de crescimento e de eficiências esperadas em comparação com a estimativa dos reguladores.

“Apesar dos maiores investimentos planejados e das condições de financiamento mais restritas (rendimento dos títulos de longo prazo no Brasil de 5,8% versus 4,8% na média de 2020-2022), ainda esperamos um leilão altamente competitivo. Por outro lado, dado o enorme montante de investimentos leiloados nos últimos 24 meses (R$ 56 bilhões), vemos que uma cadeia de suprimentos mais restrita, que poderia resultar em um desempenho menor de investimentos”, avalia.