Leilão da Fernão Dias promete disputa entre 2 empresas da Bolsa: veja o que esperar

Expectativa é de disputa entre Motiva e Ecorodovias, mas com Motiva sendo mais agressiva

Lara Rizério

Rodovia Fernão Dias - Foto: Divulgação/Ministério dos Transportes
Rodovia Fernão Dias - Foto: Divulgação/Ministério dos Transportes

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O leilão do contrato otimizado da Autopista Fernão Dias, o último de rodovias de 2025, está marcado para 11 de dezembro, com entrega das propostas na última segunda-feira (8).

Em análise sobre o certame, os analistas do Bradesco BBI indicam potencial de retorno real alavancado de 18%, acima do observado em concessões recentes, com impacto estimado de R$ 250 milhões para Motiva (MOTV3), ex-CCR (R$ 0,12/ação; upside de 1%) e R$ 170 milhões para Ecorodovias (ECOR3) (R$ 0,24/ação; upside de 2%).

Para os analistas do banco, apesar da atratividade, o perfil da concessão é mais complexo, pois deve ser tratado como uma operação de M&A (fusão e aquisição), dado o passivo e ativo existentes no contrato, além de maior rigor regulatório na execução dos investimentos.

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Considerando um desconto tarifário de 7,5%, o banco não espera pressão relevante sobre o fluxo de caixa das companhias listadas, mantendo alavancagem financeira praticamente estável. Contudo, as suas projeções indicam que a alavancagem financeira da Ecorodovias deve alcançar 4,7 vezes (x) em 2027, o que, combinado aos riscos associados a premissas como desconto tarifário, capex e opex, tende a limitar sua agressividade no leilão, enquanto Motiva tende a apresentar maior apetite pelo ativo.

“Mantemos nossa visão construtiva para o segmento de concessões rodoviárias, reforçada pelo potencial de retorno atrativo do leilão da Fernão Dias e pelo perfil defensivo das companhias listadas. O projeto, com TIR [Taxa Interna de Retorno] real alavancada estimado em 18%, reforça a tese de crescimento em ativos maduros com geração de caixa previsível, embora exija disciplina na execução devido à complexidade regulatória e à estrutura de M&A envolvida”, avaliam os analistas.

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Para os players listados, os analistas não esperam pressões significativas sobre fluxo de caixa, assumindo um desconto tarifário de 7,5%. Ainda assim, as projeções indicam que a alavancagem da Ecorodovias pode atingir 4,7 vezes em 2027, o que tende a limitar sua agressividade no certame, enquanto Motiva apresenta maior apetite pelo ativo, dado seu perfil financeiro mais confortável.

Em termos de valuation, o banco mantém recomendação de compra para o segmento, com preço-alvo para o final de 2026 de R$ 19,00 para MOTV3 e R$ 15,00 para ECOR3.

A XP Investimentos também espera competição no leilão, impulsionada por: (i) economia atrativa (TIR de 11,41% vs. 9,21%-12,33% em leilões recentes); (ii) riscos de tráfego limitados, dado seu perfil bem estabelecido; (iii) potencial de rápida desalavancagem, apesar de sua maior escala (R$ 9,5 bilhões versus R$ 4,4-10,8 bilhões em projetos anteriores); e (iv) mudanças nas regras de licitação.

Para operadores listados, a XP acredita que a Motiva pode ter maior interesse devido a (i) alinhamento com seu foco estratégico, (ii) sinergias potenciais com concessões já existentes e (iii) balanço mais flexível.

A XP acredita que a alavancagem não seria uma restrição para MOTV3 ou ECOR3, dado o rápido processo de desalavancagem esperado. Isso é sustentado pelo forte crescimento do EBITDA, impulsionado por aumentos tarifários e 8 praças de pedágio operacionais desde o primeiro dia, apesar do compromisso relativamente alto de capex, considerando (i) seu grande porte (R$9,5 bilhões vs. R$4,4-10,8 bilhões em leilões federais recentes) e (ii) período curto de concessão (15 anos versus 30 anos em leilões recentes).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.