Lawrence Summers sai da disputa por cargo no Fed e mercado “comemora”

Considerado como candidato favorito à presidência do Federal Reserve, Lawrence Summers desiste da empreitada e bolsas mundiais respondem com alta

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – O mercado acreditava que Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro norte-americano, seria a escolha de Barack Obama para a presidência do Federal Reserve. Mas no último domingo (15) ficou claro que ele não será escolhido. Summers garantiu que não queria mais concorrer ao cargo, o que fez com que os mercados acionários pelo mundo passassem a registrar fortes altas nesta sessão. O Ibovespa, por exemplo, abriu em alta de mais de 1%, mas logo diminuiu os ganhos nesta sessão.

O ex-secretário telefonou para o presidente dos EUA, Barack Obama, e dito que não desejaria mais ter seu nome cogitado para o cargo no Fed. Em uma carta, Summers confirmou a ligação e disse que sua nomeação seria difícil e não serviria aos interesses do país.

Apesar de ser considerado por analistas um dos favoritos de Obama para o cargo, Summers enfrentava oposição por alguns setores do governo por ser contra o Quantitative Easing – programa de estímulo monetário envolvendo a compra de bilhões em títulos norte-americanos todos os meses. Com o pedido do ex-secretário para não ser mais cotado como candidato, Summers provocou uma onda de bom humor no mercado acionário, com boa parte dos índices mundiais apresentando alta.

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Vale mencionar que a forte alta vista nesta manhã já havia sido predita por Mohamed El-Erian, CEO da Pimco (Pacific Investment Management Company), uma das maiores gestoras de investimento do mundo. No domingo, El-Erian disse que esperava grandes movimentações nos mercados nesta segunda-feira, logo após o anúncio da saída de Summers. El-Erian ainda comentou que o mercado agora deve apontar Janet Yellen como favorita ao cargo.

Consequências
Segundo artigo do Wall Street Journal, os riscos aos mercados existem se o programa for bruscamente retirado ou se for prolongado por mais tempo do que deveria. A retirada brusca pode afetar os custos de empréstimos, diminuindo os gastos de consumidores e empresários, levando a economia de volta à recessão.

Por outro lado, se o Fed perder o momento de retirar a injeção adicional de capital, a inflação e até uma bolha financeira podem sair do controle.

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Como Summers sempre mostrou-se contra o programa de estímulos, dizendo que esse tipo de ação não funciona, a certeza de que ele não será eleito aumenta o apetite por risco dos investidores, que acreditam que, sem ele, o Quantitative Easing 3 será mantido por mais tempo.

Outros candidatos
Com a desistência, Obama agora terá que considerar novos candidatos ao cargo, como a vice-presidente do Fed, Janet Yellen, e o ex-vice presidente do Fed, Donald Kohn. Ambos já teriam sido entrevistados pelo presidente e ajudaram a construir os programas do BC desde 2008, além de serem entusiastas de políticas monetárias frouxas.

Sem Summers na disputa, cresce a expectativa pela reunião do Fomc (Federal Open Market Comittee) que começará amanhã (17). Analistas esperavam que já nesta reunião o Federal Reserve anunciasse o início da retirada do Quantitative Easing 3, mas dados recentes mostraram que talvez a economia precise de um pouco mais de tempo para recuperar-se completamente. Além disso, especulava-se que Obama indicaria o novo presidente do BC ainda nesta semana.