Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3): setor deve se destacar como mais forte entre materiais básicos; veja o que esperar no 3º tri

Preços mais altos de celulose, custos sob controle, volumes maiores trimestralmente e segmento de papel ainda resiliente devem guiar bons números

Lara Rizério

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A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2022 (2T22) começa nesta quarta-feira (26) para as empresas de papel e celulose com a divulgação dos números da Klabin (KLBN11) após o fechamento do mercado, enquanto Suzano (SUZB3) divulga seus resultados na quinta (27). Irani (RANI3) revela seus dados no dia 31.

A expectativa é que as companhias do setor sejam destaque entre os materiais básicos (que inclui o setor de mineração e siderurgia). Os preços da celulose permaneceram resilientes durante o terceiro trimestre (média China BHKP em US$ 862 a tonelada, alta de 7% na base trimestral), principalmente devido a restrições de oferta, gargalos logísticos e inflação de custos.

“Para papel e embalagens, esperamos preços e volumes resilientes e custos caixa mais baixos. A demanda de celulose e papel e a dinâmica de custos devem ser o tema principal das teleconferências”, avalia a XP.

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O Itaú BBA também espera fortes resultados operacionais no trimestre, apoiados por preços mais altos de celulose, custos sob controle, volumes maiores trimestralmente e com o segmento de papel ainda resiliente.

Para a Eleven, deve haver continuidade do cenário de alta dos preços da celulose e bom volumes de vendas, além de
uma demanda resiliente para o mercado de papel e maiores expedições de papelão ondulado.  O mercado de celulose continua em um momento de demanda aquecida e oferta restrita.

Alguns dos principais projetos de aumento de capacidade de produção em andamento estão atrasados e a produção de diversos players europeus vem sofrendo interrupções devido a greves e dificuldade de abastecimento de insumos. O conflito entre Rússia e Ucrânia tem prejudicado o fluxo da madeira russa, principal insumo para as produtoras de celulose do norte europeu. Enquanto isso, a demanda por celulose tem se mostrado bastante resiliente; assim, o preço médio da celulose continuou em trajetória ascendente no trimestre.

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“O mercado de papelão ondulado (PO) apresentou bom crescimento de volume frente ao trimestre anterior (+8,6%), com agosto registrando o maior volume de expedição da série histórica segundo os dados da Empapel, em linha com a nossa visão positiva para o setor, de que haveria um crescimento de demanda no segundo semestre. Os preços de PO estão
estáveis, mas os custos de aparas subiram com uma demanda mais forte, causando uma pressão nas margens”, avaliam os analistas da Eleven.

Confira o que esperar para os resultados.

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Klabin (KLBN11): divulgação em 26 de outubro

A Klabin deve registrar um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,942 bilhão no terceiro trimestre de 2022, alta de 0,7% na comparação anual, segundo o consenso Refinitiv. Já a receita deve subir para R$ 5,04 bilhões segundo as projeções, ou alta de 15,6%.

A XP espera outro trimestre forte para a Klabin, devido a (i) depreciação cambial, (ii) preços de celulose sequencialmente mais fortes e (iii) trimestre sazonalmente melhor para caixas de papelão ondulado.

Além disso, o volume de vendas ainda deve estar em alta, apoiado pelo ramp up do Puma 2. No geral, os preços entre os produtos devem ser maiores em relação ao trimestre anterior, enquanto as margens devem passar de 37% no 2T22 para 42% no 3T22. No segmento de celulose, este deve ser mais um bom trimestre em termos de preços de venda, parcialmente compensado por maiores custos caixa (madeira, química, óleo combustível).

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O elevado preço da celulose e mais um trimestre com bons volumes vendidos deve proporcionar mais um
resultado positivo para a companhia, provavelmente o melhor trimestre do ano, segundo a Eleven Financial. Na divisão papel, esperam recuo de preços no mercado externo com um leve arrefecimento da demanda, estabilidade de preços no mercado interno com destaque para maiores expedições de papelão ondulado, que apresentou boa evolução no trimestre.

Os custos ainda sofrem alguma pressão devido ao custo de fibras, químicos e combustíveis, porém devem ser compensados
pelos maiores preços em celulose e ausência de paradas de manutenção.

O Itaú BBA projeta que o Ebitda suba 26% ante o trimestre anterior, a R$ 2,32 bilhões, devido ao segmento de celulose com preços resilientes, maiores volumes e menores custos. Para o segmento de papel, esperam resultados saudáveis para o trimestre.

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O Bank of America (BofA) espera Ebitda de R$ 2,3 bilhões no 3T22, devido à combinação de maior dinâmica na divisão de celulose e bons resultados também no segmento de papel e embalagens, com maiores volumes de papelão, sem paradas para manutenção no trimestre.

Suzano (SUZB3): divulgação em 27 de outubro

A Suzano deve registrar Ebitda de R$ 7,953 bilhões no terceiro trimestre de 2022, alta de 25% na comparação anual, segundo o consenso Refinitiv. Já a receita deve subir para R$ 13,359 bilhões segundo as projeções, ou alta de 24%.

Os analistas do BBA estimam Ebitda com aumento de 32% na comparação trimestral, para R$ 8,32 bilhões, justificados pelos altos preços de celulose durante o trimestre, maiores volumes e custos relativamente sob controle. Além disso, a
depreciação do Real no período também deve ajudar no resultado.

Já a  Eleven espera um número de R$ 8,11 bilhões, alta de 27,5% na base anual e de 25,5% na comparação trimestral, devido a um maior nível de preço de celulose com um câmbio favorável e continuidade de uma demanda aquecida influenciando o patamar de volume vendido.

“Para o segmento de papel esperamos bons volumes e preços ainda altos com destaque para o papel cartão”. Do lado de custos, deve continuar a pressão sobre a madeira e químicos que impulsiona o custo no trimestre, mas não suficiente para compensar o efeito dos aumentos do preço da celulose, refletindo em margens maiores no 3T22.

O Bank of America espera um Ebitda de R$ 8 bilhões no 3T,  com o melhor faturamento parcialmente compensado por um aumento de 2% no custo caixa por tonelada. A Suzano é a mais exposta à celulose e, portanto, a principal beneficiária da melhor realização de preço, impulsionada por uma depreciação média do real de 7% na base trimestral e volumes mais fortes, que projeta em 2,7 milhões de toneladas.

Irani (RANI3): divulgação em 31 de outubro

A XP aponta esperar um resultado resiliente para a Irani, em função da continuidade da tendência de recuperação de papelão ondulado no 2T22 e considerando uma captura de capacidade adicional agregada pelo novo maquinário em SC pelo projeto Gaia II.

“Ainda esperamos uma queda do Ebitda em relação ao ano passado [de 7%, a R$ 131 milhões], considerando a base de comparação mais forte. Adicionalmente, esperamos que as resinas apresentem receitas mais fracas, impulsionadas por menores volumes e preço de venda”, apontam.

A Eleven também projeta baixa do Ebitda, de 8,6% na base anual, para R$ 128,3 milhões. A expectativa é de melhores volumes de papel ondulado (alta de 9% na base trimestral) com a melhora do mercado e com volumes adicionais
provenientes da onduladeira e impressora na fábrica de Santa Catarina.

“No entanto, um mix de embalagens um pouco menos nobre deve afetar o preço médio do trimestre. Volumes de papéis devem ser inferiores pela maior conversão em embalagens, mas conta com preços maiores (alta de 5% na base trimestral) e o segmento de resinas deve apresentar menores volumes e preços”, apontam.

Com isso, a receita deve crescer marginalmente frente ao 2T22, com avanço de 1,4% trimestre a trimestre, a R$ 434,8 milhões. A melhora da demanda por embalagens, impactou o preço das aparas ao redor de 8% no trimestre e juntamente com algumas pressões de custos deve afetar o lucro operacional e a margem da companhia no trimestre, avalia a casa.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.