“Kit reajuste” ganha R$ 9,5 bi de valor na Bolsa, com ação subindo até 80%; siderúrgicas caem

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O anúncio de reajuste de 6% nos preços da gasolina e 4% para o diesel nas refinarias, feito pela Petrobras (PETR3PETR4) na noite da véspera, trouxe uma injeção de ânimo à Bovespa nesta quarta-feira (30), com os investidores mostrando maior apetite por riscos nesta sessão. No último pregão do mês, 10 das 64 ações do Ibovespa registraram alta superior a 4%, enquanto apenas 5 caíram mais de 2%, acompanhando, além das notícias no plano doméstico, o movimento de correção do mercado internacional.

As ações da petrolífera estatal encerraram do dia com alta de 9,86% para os papéis preferenciais, cotados a R$ 7,24, e de 8,79% para os ordinários, a R$ 8,54. Durante a manhã, a alta de PETR4 chegou a superar os 10%. A notícia do reajuste traz novo alívio para a companhia, que voltava a ter defasagem na gasolina que vendia no país por conta da alta do dólar – cenário ao qual o mercado se acostumou no ano passado e trouxe problemas para o nível de endividamento da companhia, como reflexo de uma política econômica de controle da inflação via congelamento de preços. A disparada da moeda americana jogava contra a forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional recente, fazendo com o que a estatal precisasse de novo acordo de preço.

O aumento vem em um momento em que a estatal se confronta com dívida crescente, a queda dos preços do petróleo e um escândalo de corrupção de grandes proporções. Alinhar os preços domésticos aos níveis internacionais é vital para as finanças da Petrobras e permitir que a companhia venda ativos de refinarias, afirmaram fontes com conhecimento direto do tema anteriormente à Reuters. A decisão traz um pouco de credibilidade a um mercado cético, após o duplo downgrade que a estatal recebeu da agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Além da notícia do reajuste, a Petrobras teve cobertura iniciada pelo Macquarie, com recomendação underperform (desempenho abaixo da média). O preço-alvo para os próximos 12 meses é de US$ 2,80 por ação.

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As ações da Cosan (CSAN3, R$ 20,13, +5,95%) dispararam na esteira do anúncio do reajuste dos preços de gasolina e diesel pela Petrobras. Segundo o Credit Suisse, estimando um cenário de aumento de cerca de 3,5% do preço da gasolina na bomba, acredita-se que os preços do etanol hidratado para os produtos de açúcar e álcool também aumentem em cerca de 5%. Além disso, o preço do etanol anidro deve seguir o preço do etanol hidratado. Já para o segmento de açúcar, o banco estima um impacto limitado.

Apesar dos ganhos de etanol superior e os preços do açúcar, os produtos do setor serão afetados negativamente pelo maior preço do diesel, já que 12% de seus custos de produção estão relacionados com combustíveis (diesel). Os analistas, no entanto, estimam um impacto positivo no Ebitda da Cosan, São Martinho e Biosev de R$ 80 milhões, R$ 60 milhões e R$ 85 milhões, respectivamente. O banco reiterou, neste momento, São Martinho como sua top pick no setor. Seguindo o otimismo do setor, os papéis de São Martinho (SMTO3, R$ 39,20, +3,54%) e Tereos (TERI3, R$ 0,66, +60,98%) subiram forte nesta sessão, chegando a subir 80% na máxima.

Levando em consideração o “kit reajuste”, Petrobras, Cosan, São Martinho e Tereos conquistaram, juntas, R$ 9,56 bilhões de valor de mercado apenas nesta sessão, sendo que as duas primeiras respondem por R$ 9,24 bilhões deste montante.

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Exportadoras caem e siderúrgicas viram
Na contramão do dia de euforia na Bolsa, apenas cinco ações do índice apresentam quedas superiores a 1%. Fora do índice, destaque para a
 General Shopping (GSHP3), cujos papéis apresentaram recuo de 5,56%, após chegarem a registrar queda de 7,22% na mínima do intraday. Nesta quarta, a companhia informou o mercado que foi prorrogada sua oferta de bônus até 21 de outubro. Na semana, os papéis GSHP3 já caem mais de 6,34%.

Em dia mais volátil, a mineradora Vale (VALE3, R$ 16,58, +0,61%; VALE5, R$ 13,32, -0,76%) conseguiu fechar no positivo, diferente das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 3,35, -2,33%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,47, -3,70%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,92, -5,50%). Essas empresas chegaram a apresentar ganhos superiores a 3% durante a manhã, o que reforça a volatilidade no setor – potencializado também pelo fechamento mensal, que pode mexer com as carteiras de fundos importantes.

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As ações da Vale (VALE3, R$ 16,98, +3,03%; VALE5, R$ 13,58, +2,80%) e Bradespar (BRAP4, R$ 8,39, +3,07%), holding que detém forte participação na mineradora, saltam cerca de 3% em dia de alta dos preços das commodities, após a China anunciar que vai estimular setores de carros e imóveis. A notícia contribui também para a alta das ações das siderúrgicas nesta sessão: Usiminas (USIM5, R$ 3,53, +2,92%), CSN (CSNA3, R$ 4,05, +3,05%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,76, +1,41%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,18, +2,91%).