Juros futuros sobem com desconfiança em fiscal e acumulam quase 60 pontos-base no mês

Alguns vencimentos registraram altas de quase 60 pontos-base no acumulado de outubro

Reuters

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As taxas dos DIs avançaram novamente nesta quinta-feira, encerrando um mês de forte pressão de alta para os prêmios da curva brasileira em meio à desconfiança do mercado na política fiscal do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mediante apostas na vitória de Donald Trump na eleição dos Estados Unidos.

Alguns vencimentos registraram altas de quase 60 pontos-base no acumulado de outubro, refletindo o cenário de tensão no Brasil e no exterior.

No fim da tarde desta quinta-feira, a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo — estava em 11,284%, ante 11,267% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,81% ante 12,756%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,92%, ante 12,846%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,83%, ante 12,761%.

Pela manhã, a divulgação de dados econômicos robustos nos Estados Unidos reforçou a tendência mais recente de alta para os rendimentos dos Treasuries.

O Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 12.000 nos EUA, para 216.000, em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 26 de outubro. Economistas consultados pela Reuters previam 230.000 pedidos para a última semana.

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Já os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,5% no mês passado, após ganho revisado para cima de 0,3% em agosto. Economistas consultados pela Reuters previam que alta de 0,4%.

Os números fortes da economia norte-americana fortaleceram a expectativa de que o ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve não será tão intenso quanto o originalmente esperado, o que deu força aos yields e ajudou a sustentar o avanço das taxas dos DIs no Brasil.

Profissional ouvido pela Reuters ponderou ainda que a curva brasileira subia nesta sexta-feira por “mais do mesmo”: a desconfiança do mercado na política fiscal do governo Lula, que ainda não anunciou medidas de contenção de gastos, e a expectativa de que Trump será o vencedor na disputa presidencial com Kamala Harris, na próxima semana. As políticas de Trump são consideradas mais inflacionárias, o que tem dado suporte às curvas nos EUA e no Brasil.

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Neste cenário, perto do fechamento o trecho curto da curva brasileira precificava 95% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da taxa básica Selic na próxima semana, contra 5% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na quarta-feira os percentuais eram de 96% e 4%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Como a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a Selic ocorre na próxima quarta-feira, dia 6, provavelmente sem que o resultado da eleição de 5 de novembro dos EUA esteja definido, profissionais afirmam que a volatilidade pode se intensificar na semana que vem. Isso porque o Copom também decidirá sobre juros antes do Federal Reserve, cuja reunião de política monetária terminará apenas no dia 7.

Mais do que a elevação em si da Selic, o mercado já começou a debater a possibilidade de o Brasil entrar em um estado de dominância fiscal, mostrou reportagem da Reuters nesta quinta-feira. O tema ganhou destaque em reuniões de membros da diretoria do BC com investidores em Washington na última semana e passou a ocupar a pauta de análises de corretoras e bancos de investimentos no Brasil.

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A dominância fiscal é caracterizada por uma perda de eficácia da política monetária em cenário de desarranjo das contas públicas. Em ambiente desse tipo, uma alta na Selic para domar os preços eleva o gasto do governo com pagamento de juros da dívida pública e aumenta o problema fiscal, o que acaba por pressionar ainda mais a inflação.

Em meio ao temor do mercado, boa parte dos vértices da curva de DIs encerrou outubro com taxas próximas de 13% — nível que vem sendo classificado como “insustentável” no longo prazo por alguns analistas e “exagerado” por membros do BC.

No exterior, às 16h37 o rendimento do Treasury de dois anos–que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– tinha alta de 2 pontos-base, a 4,172%. Já o retorno do título de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 1 pontos-base, a 4,276%.

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