Juros futuros sobem com ata do Fomc e declarações de Haddad

Alta ganhou força após divulgação do documento do bc americano

Reuters

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 As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira, 22, com avanços consistentes, refletindo comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a meta de inflação, além da alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após a divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,4%, ante 10,356% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,78%, ante 10,654% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,15%, ante 11,004%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,445%, ante 11,295%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,83%, ante 11,695%.

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A pressão de alta para a curva de juros brasileira foi percebida desde o início da sessão, em meio à expectativa antes da divulgação da ata do Fed à tarde, com investidores em busca de pistas sobre quando o corte de juros nos EUA começará. As taxas dos DIs subiam no Brasil, em sintonia com o avanço dos yields dos Treasuries.


Internamente, as atenções se voltaram para a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sessão da Comissão da Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ao responder questionamentos de deputados por horas, Haddad tratou de assuntos como a política monetária brasileira, o controle da inflação e o equilíbrio fiscal.


Meta de inflação

Profissional ouvido pela Reuters pontuou que, especificamente, comentários de Haddad sobre a meta de inflação trouxeram pressão para os juros futuros. O ministro defendeu que a meta de 3% “é ousada para o histórico do Brasil”, e disse que se o objetivo é perseguir este parâmetro é preciso “abrir este debate”.

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Haddad também afirmou que não há “nada desancorando” em relação à inflação no Brasil e disse que a queda dos índices de preços é “mais dramática” do que o Banco Central reconhece.

“Se você desconsidera a questão de desoneração de combustível, e verifica a curva de queda da inflação, a queda da inflação é mais dramática que o próprio Banco Central reconhece”, afirmou Haddad. “Eu estou falando isso para estimular o BC a olhar a inflação corrente por este prisma, e verificar que não tem nada desancorando. Não tem”, acrescentou.

Ata do Fomc


Influenciada pelo avanço dos yields e pela fala de Haddad, a alta das taxas dos DIs ganhou novo fôlego com a divulgação da ata do último encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, às 15h.

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No documento, os membros do Fed repetiram mensagens divulgadas anteriormente, como a avaliação de que levará mais tempo que o esperado para haver confiança de que a inflação dos EUA está se movimento para 2%. Além disso, a ata informou que vários participantes mencionaram a disposição de apertar a política monetária caso a inflação piore.

Em reação, os rendimentos dos Treasuries aceleraram os ganhos, assim como as taxas dos DIs.

“Desde a divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor dos EUA) na semana passada, o mercado vinha inclinado para um cenário mais positivo de corte de juros em 2024”, pontuou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, em análise encaminhada a clientes.

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“A gente tem aí talvez um pouquinho de correção no mercado do excesso de otimismo desde a divulgação deste CPI, porque de certa maneira a ata não abre nenhum novo debate dentro do mercado financeiro”, acrescentou, em referência à reação dos ativos.


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No Brasil, a pressão de alta das taxas foi percebida principalmente entre os contratos a partir de janeiro de 2026. No curtíssimo prazo a elevação foi menos intensa, ainda que a precificação siga indicando que o BC pode já ter encerrado o ciclo de cortes da taxa básica Selic.

Perto do fechamento a precificação da curva a termo indicava 81% de chances de manutenção da Selic em 10,50% ao ano em junho, contra 19% de probabilidade de corte de 25 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 70% e 30%, respectivamente. Em 13 de maio, antes da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a relação era de 47% para manutenção contra 53% para corte.

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“Após a divulgação da ata (do Fed), o que se viu foi uma clara reação de aversão a risco: bolsas para baixo, dólar e juros para cima. Além disso, a chance de um único corte de 25 bps acontecer até o final do ano voltou a ser majoritária”, disse Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, em análise a clientes.

“Um Fed mais cauteloso e uma precificação de menos cortes nos EUA podem corroborar com a visão de que o fim do ciclo de cortes na taxa Selic se aproxima”, acrescentou.


O rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 2 pontos-base, a 4,43%.

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