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Com a deterioração macroeconômica – taxas de juros mais altas por mais tempo – ofuscando os sólidos fundamentos dos shoppings brasileiros no curto e médio prazo, o JPMorgan optou por rebaixá-los de compra para neutro, mas mantendo preferência relativa, nesta ordem, por Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11) e Allos (ALOS3). Às 10h50 (horário de Brasília) desta sexta-feira (29), MULT3 caía 2,61% (R$ 23,16), IGTI11 tinha queda de 3,57% (R$ 18,65) e ALOS3 tinha baixa de 4,13% (R$ 19,05).
Nesse cenário de custo de capital próprio mais elevado (10%) e redução do fluxo de caixa operacional (FFO) por ação nos próximos anos, o banco americano reduziu os preços-alvo para dezembro de 2025 em média 15%, excluindo Multiplan, para a qual cortou a meta de preço em 6%, refletindo o cancelamento de 14% de suas ações em circulação devido à transação com a venda das ações então detidas pelo grupo canadense Ontario Teacher’s Pension Plan (OTPP) e recompradas posteriormente pela Multiplan.
Dada a forte correlação do setor com as taxas reais de longo prazo, as ações caíram entre 9% e 16% nos últimos 3 meses, enquanto o Ibovespa caiu 9%, refletindo o aumento de 80 pontos-base (bps) na taxa real de 10 anos no período.
Vale lembrar que o JPMorgan prevê Selic em 12,25% no final de 2024 e 14,25% no final de 2025 até meados do ano que vem, resultando em maiores despesas financeiras e compensando o potencial de alta na receita devido ao IGP-M mais elevado.
A equipe de research do banco também afirmou que continua a preferir construtoras em relação aos shoppings, pois os resultados do 4T24 devem ser relativamente mais fortes, e o setor conta com o apoio do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O preço-alvo para Multiplan foi cortado de R$ 34 para R$ 32, o de Allos passou de R$ 32 para R$ 27 e o de Iguatemi foi reduzido de R$ 31 para R$ 27.
Multiplan (MULT3)
O JPMorgan ressalta preferência por Multiplan, devido a qualidade superior dos ativos em termos relativos e governança, justificando sua avaliação premium de 11,1 vezes Preço/FFO em 2025, contra 7,9-8,4 vezes dos pares.
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Os analistas também destacam a expansão relativa maior da ABL (área bruta locável) em +5% até o primeiro semestre de 2026, considerando projetos em andamento, além do potencial cancelamento de até 31 milhões de ações em tesouraria (6% das ações em circulação).
Iguatemi (IGTI11)
O Iguatemi, por sua vez, é a segunda escolha do banco, refletindo o potencial de M&A (fusões e aquisições) de longo prazo em Higienópolis e Paulista, os quais podem exigir um investimento total de até R$ 2,5 a 3,0 bilhões, dos quais a companhia pode se comprometer com cerca de R$ 900 milhões para evitar que sua alavancagem ultrapasse cerca de 2,0 vezes Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) até o final de 2025. Os analistas também destacam a qualidade e localização de seus ativos premium.
Allos (ALOS3)
Durante a teleconferência do 3T24, a Allos reiterou seu plano de alcançar R$ 1,0 bilhão em desinvestimentos, à medida que a empresa continuará a capitalizar sobre a diferença nas avaliações imobiliárias nos mercados público e privado, especialmente em termos de taxas de capitalização (cap rates).
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Como parte desse plano, a Allos já vendeu cerca de R$ 700 milhões. Assim, cerca de 70% do plano atual de desinvestimentos já foi concluído.
Embora a Allos não tenha estabelecido um prazo para o plano de desinvestimentos devido às condições macroeconômicas voláteis, o JPMorgan vê cerca de 10 ativos que poderiam ser vendidos no curto a médio prazo. Supondo que esses ativos possam ser vendidos a uma cap rate de 9,0%, a Allos possui um pool de desinvestimentos de até R$ 960 milhões para escolher, a fim de executar os R$ 300 milhões restantes de seu plano de desinvestimentos atual, dependendo do apetite dos FIIs.