JPMorgan eleva Minerva à compra e rebaixa JBS para neutro; ação BEEF3 salta 7,7% e JBSS3 cai 1%

Revisão foi impulsionada pela deterioração das margens de proteína nos EUA, combinada com a reabertura da economia chinesa

Felipe Moreira

Publicidade

O banco americano JPMorgan revisou nesta quarta-feira (11) suas preferências no segmento de frigoríficos brasileiro. As mudanças, segundo os analistas, foi impulsionada por uma deterioração mais rápida e profunda do que o esperado das margens de proteína nos EUA, combinado com uma oportunidade interessante para se expor à reabertura da economia chinesa através do setor.

Analistas destacam que, além de olhar para avaliações normalizadas no longo prazo, acompanham o momento e os catalisadores do setor, portanto, rebaixaram as ações da JBS (JBSS3) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro, pois veem as margens de carne bovina e de frango dos EUA se deteriorando antes de se recuperarem (no caso da carne bovina, pode-se esperar um ciclo longo e fraco).

Para as ações da Minerva (BEEF3), o banco elevou a recomendação de neutra para overweight, com preço-alvo indo de R$ 15 para R$ 17, pois acredita que os preços de exportação da carne bovina do Brasil podem ter atingido o fundo e devem se recuperar com a reabertura da China.

Continua depois da publicidade

Com isso, as ações BEEF3 subiram 7,73%, a R$ 14,49 na sessão desta quarta-feira, enquanto JBSS3 fechou em queda de 1,06%, a R$ 22,41, longe das mínimas do dia em um cenário de alta generalizada do mercado.

“Minerva também deve se beneficiar da melhora da disponibilidade de gado nos próximos 18 meses, tornando isso um importante tailwind (termo em inglês que descreve uma situação de alta) para margem.”

Com exceção da Minerva, que teve a previsão de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) elevada em 8% (7% acima do consenso), o JP cortou previsões de Ebitda para os demais frigoríficos sob sua cobertura, ficando 9-15% abaixo do consenso de mercado.

Continua depois da publicidade

Diante disso, o banco americano diz que a Minerva é sua principal escolha no setor, seguida por JBS, BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3).

JBS (JBSS3)

O JPMorgan rebaixou a recomendação da JBS para neutra e reduziu preço-alvo de R$ 54 para R$ 26, devido a falta de catalisadores claros e a provável deterioração adicional da margem da companhia.

Apesar da JBS ser a empresa mais diversificada sob a cobertura do banco (em termos de negócios e geografias), analistas veem a empresa em meio a tempestade perfeita onde enfrenta desafios de excesso de oferta, custos e fraca dinâmica de consumo.

Publicidade

Além disso, a empresa vem sinalizando que recompras relevantes e fusões e aquisições não devem estar no horizonte, enquanto a listagem nos EUA não deve ser uma transação de curto prazo.

BRF (BRFS3)

Para o JP , o lucro da BRF deve continuar decepcionando no curto prazo em uma combinação de vários fatores: (1) fraca demanda de mercado e forte concorrência; (2) perda de produtividade na produção corrente; (3) custos elevados tanto na produção quanto no transporte; (4) excesso de oferta mercado de exportação, queda nos preços do frango em mercados centrais; (5) Ebitda para conversão de caixa permanece baixo e reduções de capex para impulsionar o fluxo de caixa podem ser temporários.

O banco mantém recomendação neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10. Por outro lado, aponta que os esforços contínuos da nova administração podem trazer surpresas positivas (apesar ainda difícil de quantificar) principalmente nas práticas comerciais e de  produtividade.

Continua depois da publicidade

Marfrig (MRFG3)

O JP reitera classificação neutra para Marfrig, com preço-alvo saindo de R$ 17,50 para R$ 10,50, dada a falta de visibilidade sobre onde as margens da carne bovina dos EUA devem chegar em 2023, enquanto ações do frigorífico caíram mais de 50% desde o pico de 2022, deixando valorizações próximas a níveis justos de 5,5 vezes o EV/Ebitda (valor de mercado + a dívida dividido pelo Ebitda).

À medida que as margens se contraem na América do Norte, a alavancagem da Marfrig deve atingir o pico de 3,6 vezes. Apesar das melhorias esperadas na disponibilidade de gado no Brasil em 2023 e 2024, analistas acreditam que a ação não deva apresentar um desempenho acima da média sem um catalisador positivo da América do Norte, que também não deve ser visto em breve.