Jackson Hole: o que esperar da fala de Powell em um dos mais importantes eventos de política monetária dos EUA no ano?

Powell terá que dar sinalizações sobre o ritmo do tapering de estímulos sem parecer que isso signifique uma elevação automática de juros

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O mercado se vê às voltas de inúmeros fatores de incerteza em 2021, mas talvez de todos o mais acompanhado pelo tamanho da economia dos Estados Unidos seja a evolução da política monetária do banco central dos EUA.

Nesta sexta-feira (27), o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falará durante o simpósio de Jackson Hole, e como a agência de notícias Reuters antecipou, ele terá a difícil tarefa de convencer os investidores de que cortar gradativamente as aquisições mensais de US$ 120 bilhões em títulos não significa que a autoridade monetária elevará os juros antes do esperado: algum momento ao longo de 2023.

Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, a fala de Powell em Jackson Hole ganha atenção especial porque pode antecipar detalhes do ritmo do chamado “tapering“, que é essa redução nas compras de ativos. “É onde estarão todos os holofotes”, opina.

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Bruno Komura, estrategista da Ouro Preto Investimentos, analisa que o mercado se assustou com o tapering anunciado já na ata da última decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), mas a divulgação de alguns dados econômicos abaixo da expectativa acabou sendo vista como positiva por poder postergar o início dessa redução de estímulos.

“O mercado está esperando que isso aconteça no final do ano ou no início do ano que vem, mas é necessário ouvir o que se falará em Jackson Hole, porque pode ser que a mensagem seja de que o tapering vai acontecer sim no último trimestre.”

Komura entende que o Fed também vai tentar acalmar o mercado, avisando que por mais que a redução de estímulos comece agora não é automático que isso vai se traduzir em elevação da taxa de juros, que atualmente está em uma banda entre 0% e 0,25% ao ano.

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“Serão ancoradas expectativas para não ter nenhum tipo de volatilidade excessiva”, aponta.

“Ele fará o possível para dizer que essas são decisões independentes… e que uma não necessariamente acelera a outra”, disse à Reuters Steve Kelly, professor da Yale School of Management. “Esse é o maior desafio… essa comunicação sobre redução gradual e aumento de taxas.”

Ontem, uma série de dirigentes regionais do Fed fizeram declarações sobre o rumo dos juros nos EUA.

A presidente da distrital do Fed em Kansas City, Esther George, defendeu que a autoridade monetária inicie em breve a retirada de estímulos. Ela disse que a diminuição da compra de ativos deve começar “mais cedo do que mais tarde”.

Entrando na mesma toada, James Bullard, presidente do Fed de St. Louis disse que as compras de ativos “provavelmente não são necessárias neste momento“. “Há alguma preocupação de que estejamos causando mais danos do que ajudando”.

Robert Kaplan, presidente do Fed de Dallas, por sua vez, defendeu que até setembro o Fed estará em condições de anunciar o início da gradual redução nas compras de títulos.

A dúvida hoje é se Powell adotará o mesmo tom mais hawkish (favorável a apertar a política monetária para conter a inflação) que seus colegas.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.