Itaú salta até 4% após balanço surpreender; Vale dispara com minério e JBS ameniza após cair 6% com pedido do MPF

Confira os destaques da Bovespa na sessão desta terça-feira (7)

Lara Rizério

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Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 39,24, +3,26%) 
Os números do quarto trimestre do Itaú Unibanco foram fortes, bem superiores ao do Bradesco (BBDC4), que apresentou o balanço do quarto trimestre na última quinta-feira (2), de acordo com o BTG Pactual. O desempenho positivo ajuda no desempenho dos outros bancos, caso do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,53, +1,39%) e do Bradesco (BBDC4, R$ 31,61, +0,99%), que sobem cerca de 1%. Na máxima do dia, as ações chegaram a subir 4,05%. 

O maior banco privado do país  teve lucro líquido recorrente de R$ 5,817 bilhões de reais no quarto trimestre de 2016 ante R$ 5,595 bilhões no trimestre anterior e alta de 1,8% ante os R$  5,715 bilhões registrados em igual etapa de um ano antes.   De janeiro a dezembro de 2016, o banco lucrou R$ 22,150 bilhões, uma queda de 7%.

Os analistas do BTG apontam que houve baixas de títulos de crédito (os chamados impairments) de R$ 1,3 bilhão no último trimestre, que influenciaram a margem financeira gerencial do banco. Ela foi de R$ 17,32 bilhões, Contudo, mesmo assim, o resultado veio acima do consenso e com qualidade melhor.  A inadimplência (Non Performing Loans) caiu bem, inclusive de pequenas e médias empresas, e a indicação é de queda forte de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) em 2017. As despesas líquidas com provisões caíram 0,8% no quarto trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 4,819 bilhões. Na comparação com o terceiro trimestre, a queda foi de 7,8%.

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Além disso, o guidance indicou pelo menos uns 10% de crescimento de lucro em 2017, mas com o lucro pré-tax crescendo mais forte (a alíquota será maior). O banco ainda informou que alterou a prática de pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio da Companhia, que passará a ser de 35% a 45% do lucro líquido consolidado recorrente nos próximos exercícios. O Conselho aprovou a declaração de JCPs complementares do exercício de 2016 no valor de R$ 0,77540 por ação, equivalente a R$ 4,3 bilhões (líquidos de imposto de renda). Os JCPs complementares serão pagos em 3 de março de 2017, com base na posição acionária final do dia 20 de fevereiro de 2017 e com retenção de 15% de imposto de renda na fonte, resultando em juros líquidos de R$ 0,65909 por ação, excetuados dessa retenção os acionistas pessoas jurídicas comprovadamente imunes ou isentos. 

Já no radar do Bradesco, o banco fez uma proposta para aumento de capital a ser deliberado pelos acionistas em Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no dia 10 de março. O aumento será de R$ 8 bilhões, com o capital da companhia passando de R$ 51,1 bilhões para R$ 59,1 bilhões.

JBS (JBSS3, R$ 11,83, -1,74%)
A ação da JBS ameniza as perdas após chegar à mínima de 6,23%, após o Ministério Público Federal solicitou a Justiça Federal em Brasília a volta das medidas judiciais impostas inicialmente contra o presidente da holding J&F, Joesley Batista, e contra o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich. Os dois são investigados na Operação Greenfield e são suspeitos de tentar burlar as apurações que apontam prejuízos acumulados registrados Funcef, o fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, e pela Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobras, na Eldorado.

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O procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes solicitou a proibição dos investigados de manter qualquer comunicação entre si e com qualquer investigado nas operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono. Além disso, ele determinou o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na J&F, o bloqueio de recursos dos dois no valor de R$ 3,8 bilhões e a suspensão do exercício de qualquer cargo e função de direção em empresas da holding, como a JBS. 

Em nota, o grupo J&F afirmou que foi surpreendido pelo pedido do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília das medidas judiciais contra o empresário Joesley Batista e José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado Celulose. O grupo disse que  o pedido do MPF-DF teve como base “denúncias estapafúrdias, infundadas e com caráter de interesses pessoais” de Max Mauran Pantoja da Costa. Ele é conselheiro indicado pela Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. 

“A J&F refuta todas a alegações irresponsáveis feitas por Pantoja e pedirá ao MPF e ao juiz competente a oportunidade de provar a licitude, lealdade e boa-fé de todas decisões tomadas no âmbito da empresa e do seu conselho de administração, antes que tal ilação do conselheiro traga mais prejuízo para a empresa, clientes, colaboradores e os executivos mencionados”, diz a companhia.

Vale (VALE3, R$ 31,25, +4,48%;VALE5, R$ 29,78, +4,13%)
A ação da Vale registra ganhos após fortes sessões de queda no mês, acompanhando o desempenho do minério de ferro. No mercado de commodities, o minério tem alta moderada após 2 dias de baixa expressiva em Dalian, com perspectiva de oferta apertada. Na bolsa de Dalian, o minério de ferro teve alta de 3,14%, a 625 iuanes, enquanto o negociado em Qingdao subiu 3,34%, a US$ 83,29 a tonelada.

A Vale informou ainda que precificou a oferta de bonds de sua subsidiária integral Vale Overseas de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250% com vencimento em agosto de 2026, garantidos pela Vale. Os bonds serão consolidados, e formarão uma única série, com os bonds da Vale Overseas, emitidos em 3 de agosto de 2016, de US$ 1 bilhão com cupom de 6,250%.

Além das ações da Vale, a holding da mineradora Bradespar (BRAP4, R$ 19,85, +2,58%) sobe, assim como as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 12,65, +2,02%), Usiminas (USIM5, R$ 5,17, +1,37%) e CSN (CSNA3, R$ 11,31, +1,62%). Ainda sobre a CSN, o governo concordou em aportar mais R$ 1,4 bilhão no projeto da Transnordestina nos próximos três anos. A CSN, sócia privada da ferrovia, promete colocar mais R$ 1,8 bilhão até 2021, quando a obra seria concluída.

A proposta financeira foi apresentada nesta segunda-feira, 6, pela Transnordestina Logística S/A, o braço da CSN responsável pelo projeto. A obra é alvo de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que mandou paralisar os repasses do governo. Por isso mesmo, o governo concordou com os novos aportes, mas com uma condição: eles só serão feitos se a empresa cumprir as condições impostas em janeiro de 2016 pelo TCU.

Petrobras (PETR3, R$ 16,11, +0,88%;PETR4, R$ 15,14, +1,20%)
As ações da Petrobras registram ganhos, apesar do petróleo negociar próximo à estabilidade. O brent registra queda de 0,18%, a US$ 55,62 o barril. No radar da estatal,  de acordo com o jornal Valor Econômico, a Petrobras e a Odebrecht devem iniciar em breve negociação para rever o acordo de acionistas da Braskem (BRKM5, R$ 32,19, +2,94%), que registra forte alta na Bolsa. Desde 2010, as duas empresas dividem o controle da petroquímica com fatias muito semelhantes, mas direitos distintos. A Odebrecht é, na prática, a controladora e gestora do negócio. A conclusão do acordo de leniência da Braskem, em dezembro, permitiu que a petroleira começasse a preparar a venda do ativo. Tomando como base o valor de mercado da Braskem na BM&FBovespa, de R$ 25 bilhões, a Petrobras tem uma fatia de R$ 9 bilhões na empresa. 

Ainda no radar da Petrobras, o  governo federal adiou votação que seria feita na última  segunda-feira para decidir sobre mudança de regras em conteúdo local do setor de petróleo e gás natural, enquanto não há ainda um consenso sobre o grau de flexibilização que será aplicado.

O impasse, segundo representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), ocorre por demandas distintas entre fornecedores de bens e serviços da indústria e petroleiras. A decisão sobre o tema, importante fator a ser considerado nos leilões de áreas de petróleo este ano, seria tomada em um comitê integrado por ministérios e instituições. Enquanto fornecedores defendem que o governo exija diferentes percentuais de conteúdo local para cada segmento da indústria, como forma de estimular toda a cadeia, petroleiras querem apenas um percentual global para cada projeto realizado por empresas de petróleo no Brasil, em busca de simplificação das regras.

Educacionais
Mais uma notícia negativa afeta as ações do setor de educação. Os papéis da Kroton (KROT3, R$ 12,93, -1,22%), Estácio (ESTC3, R$ 14,86, -1,33%), Ser Educacional (SEER3, R$ 16,79, -1,76%), Anima (ANIM3, R$ 13,13, -1,35%) registram baixa superior a 1%. Isso ocorre após o  teto semestral do Fies por aluno, já válido a partir do 1º semestre de 2017, será reduzido de R$ 42 mil (ou R$ 7 mil por mês) para R$ 30 mil (ou R$ 5 mil por mês), disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, em entrevista coletiva. Se fosse corrigido pela inflação, teto iria para R$ 46 mil por semestre, segundo o ministro.

Segundo o Santander, o número de contratos “menor que as expectativas” do banco é visto como “negativo”. Contudo, o impacto potencial negativo pode ser limitado já que a “importância do Fies nas novas matrículas caiu significativamente desde 2015”.

Construtoras
O governo federal anunciou na segunda-feira mudanças nas regras do Minha Casa Minha Vida, que incluem reajuste no perfil de renda dos beneficiários das faixas 1,5; 2 e 3, bem como aumento no valor máximo dos imóveis enquadrados, com vistas a revigorar o programa habitacional. A meta do Ministério das Cidades é contratar 610 mil unidades em 2017 em todas as faixas do programa, segundo comunicado divulgado durante evento no Palácio do Planalto. 

Com o reajuste de 7,69 por cento proposto no pacote de medidas anunciado nesta segunda-feira, o limite de renda dos beneficiário da faixa 1,5 passa de 2.350 reais para 2.600 reais; da faixa 2 aumenta de 3.600 para 4.000 reais; e da faixa 3, de 6.500 para até 9.000 reais. De acordo com o BTG Pactual, as medidas são positivas para as construtoras, particularmente aquelas focadas no segmento de baixa renda como MRV (MRVE3, R$ 13,37, +0,15%), Direcional (DIRR3, R$ 6,15, +0,16%), Gafisa (GFSA3, R$ 2,64, +0,38%) – via Tenda -, Cyrela (CYRE3, R$ 3,43, -0,15%) – via Cury – com elas podendo se beneficiar de maiores margens e vendas mais fortes. O Itaú BBA destacou que esperava reação neutra ao anúncio, que era amplamente esperado. “As medidas como a regulação para distratos e novo teto para o SFH ainda estão pendentes”; “ as medidas são positivas para os players do MCMV, bem como aqueles que operam no segmento média-baixa”, apontam os analistas. 

Viver (VIVR3, R$ 2,55, -2,30%)
As ações da construtora Viver registram queda após disparar 13,48% na véspera. A companhia apresentou  planos de recuperação judicial nos autos do processo em andamento na 2ª Vara de
Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca da Capital de São Paulo, segundo comunicado à CVM.

A companhia ressalva que ainda está em curso discussão judicial, quanto a apresentação de um único plano de recuperação judicial com consolidação substancial do quadro de credores

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.