Itaú fica para trás no ciclo de crédito e XP rebaixa recomendação para neutra

XP entende que Bradesco é uma melhor opção por estar com alocações menos conservadoras em um momento de expansão da economia 

Ricardo Bomfim

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São Paulo – Banco mais valioso do Brasil, com R$ 1,5 trilhão em ativos e R$ 176,5 bilhões de valor de mercado, o Itaú Unibanco (ITUB4) foi passado para trás pelos concorrentes no ciclo de crédito e tornou-se uma opção menos atrativa de investimento. A opinião é do analista da XP Investimentos, André Martins, que rebaixou de compra para neutra a recomendação para as ações do Itaú. 

Segundo Martins, há outra alternativas mais atraentes para o setor financeiro, como Bradesco (BBDC3; BBDC4), Banrisul (BRSR3; BRSR6) e Banco do Brasil (BBAS3). Outras empresas do setor como B3 (B3SA3), Cielo (CIEL3) e Santander (SANB11) ficaram com recomendação neutra. De todos, o Bradesco é visto como o mais bem posicionado para se beneficiar do cenário que se espera para o Brasil em 2019, de expansão do crédito, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2% e inflação de 4,25%.  

Martins ressalta que o desempenho do Itaú desde que começou a cobertura (em julho de 2018), com alta de 25% contra 35% do Ibovespa, não é ruim e o banco continua com boas características como resiliência e da capacidade de execução no longo prazo, mas o momento é de privilegiar as instituições mais cíclicas. 

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O analista lembra que, desde 2012, o Itaú implementou uma mudança no seu perfil de risco de crédito, aumentando a presença em segmentos de menor risco, como crédito consignado e imobiliário. Embora essa estratégia tenha ajudado o banco a sofrer menos com a crise econômica que se iniciou em 2015, o momento é melhor para perfis mais arrojados. “Agora que o país está à beira de um virtuoso ciclo de crédito e de uma recuperação da economia, bancos mais cíclicos como o Bradesco oferecem melhores perspectivas de crescimento”, comenta Martins.

Como resultado, o preço-alvo do Itaú foi reduzido de R$ 45 para R$ 40 por ação, de modo que o potencial de valorização em relação ao preço atual é de 15,7% – levando-se em conta o preço das ações ITUB4 nesta sexta-feira (5). O múltiplo valor de mercado sobre lucro líquido projetado pela XP para o banco é de 11,5 vezes em 2019 e de 10,3 vezes em 2020. 

B3

Outra empresa do setor que foi rebaixada, a B3 está, na avaliação de André Martins, com menor visibilidade de expansão de volumes no curto prazo, apesar do primeiro trimestre de 2019 ter sido muito forte. “Devido ao seu desempenho [22% de alta contra 9,5% Ibov em 2019] e o atual desconto no múltiplo valor de mercado sobre lucro líquido para seus pares globais, próximo ao seu menor nível desde a fusão entre Cetip e BM&F Bovespa, vemos uma oportunidade de realização”, destacou. 

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Para o analista, volumes consistentemente maiores de negociação de ativos, como os observados em outubro e dezembro de 2018 e no primeiro trimestre deste ano, parecem uma questão de tempo, principalmente para derivativos e ações. “Ouvimos muito sobre os investidores estrangeiros que esperam pela aprovação da Previdência para investir mais pesadamente no Brasil e vemos isso como o principal gatilho para um novo ponto de entrada na B3.”

Apesar do rebaixamento, o preço-alvo da B3 foi elevado de R$ 35 para R$ 37, o que indica um potencial de valorização de 12,3% sobre o preço atual dos papéis. Já o múltiplo valor de mercado sobre lucro líquido deve ficar em 20 vezes em 2019 e 17,7 vezes em 2020. 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.