IRB (IRBR3) precifica oferta nesta 5ª, com esforços para levantar capital e se reenquadrar à regulação; ação desaba 14%

Prazo para a regularização termina em 31 de outubro; caso não consiga, IRB pode ser submetido a um regime especial de direção fiscal por parte da Susep

Lara Rizério

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Esta quinta-feira (1) é uma data importante para o ressegurador IRB Brasil RE (IRBR3). A companhia precifica hoje a sua oferta de ações, em busca de R$ 1,2 bilhão para cumprir as exigências regulatórias. O dia foi de forte queda para os ativos, com os papéis fechando em baixa de 14,63%, a R$ 1,39, após já ter registrado um dos maiores desempenhos negativos do Ibovespa em agosto, com queda de 14,14%.

A oferta deve contar com a participação dos dois maiores acionistas do IRB, Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4).

Nesta semana, às vésperas da precificação da oferta, a companhia anunciou duas transações que devem levar a seu caixa quase R$ 190 milhões, ainda que bem longe de resolver a insuficiência de capital da resseguradora. Em junho, o IRB precisava de R$ 729 milhões para cobrir as exigências da Susep.

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Na última terça-feira (30), a empresa anunciou a negociação de sua sede, um prédio histórico no centro do Rio, com o Sebrae-RJ, por R$ 85,3 milhões. Horas mais tarde, informou um acordo que permitirá a venda de sua participação no Casashopping, shopping center voltado ao ramo de decoração, que renderá mais R$ 100 milhões. O IRB detém 20% do empreendimento.

“Vemos os dois movimentos (de venda de ativos) como positivos, mas o IRB continua com uma significativa insuficiência de capital” comentou o analista Gabriel Gusan, do Citi, em relatório enviado a clientes.

O prazo para a regularização do capital termina em 31 de outubro. Se não regularizar a situação, o IRB pode ser submetido a um regime especial de direção fiscal por parte da Susep, que indicaria um diretor fiscal para supervisioná-lo.

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O Citi destacou ainda, em reforço a outras análises do mercado, que o aumento de capital deve levar a uma diluição dos acionistas, segundo os analistas. A recomendação de venda foi mantida, assim como o preço-alvo de R$ 1,60 por ação, estabelecido dois dias antes da confirmação da oferta.

O analista do banco também traçou diferentes cenários olhando para o tamanho e o preço da oferta. Uma capitalização de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,50 por ação levaria o preço-alvo da casa para R$ 1,30 por papel. A capitalização a R$ 1 levaria o preço-alvo para R$ 1,10. Já a R$ 0,80-R$ 0,90, poderia haver espaço para alta dos ativos.

Gusan ainda destaca que o aluguel de ações (com aposta em posições vendidas) atingiu recordes e ficou perto do seu limite. Assim, por mais que o limite tenha sido elevado posteriormente (de 25% para 30% do free float), há espaço mais limitado para que as ações caiam mais rápido.

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De qualquer forma, em um cenário de operacional ainda bastante afetado (e que sofreu um forte revés com a seca no trimestre passado) e com os constantes aumentos de capital, a visão dos analistas de mercado ainda é de bastante ceticismo sobre a companhia, com recomendações para os investidores seguirem cautelosos em IRBR3.

“Uma questão é de se realmente esses valores de R$ 1,2 bilhão vão resolver o problema da companhia, uma vez que o operacional ainda não mostrou sinais de melhora, a sinistralidade segue elevada para os padrões da própria companhia, com índice combinado acima de 100%. O resultado operacional ainda é deficitário e provocando os prejuízos, mesmo com a tendência mais favorável do resultado financeiro por conta da alta da Selic”, destacou ao InfoMoney Carlos Daltozo, head de renda variável da Eleven Financial. Atualmente, a Eleven tem a recomendação do IRB em revisão.

O BTG Pactual também destaca estar cauteloso com o ativo. “É certo que esperávamos que o IRB estivesse em uma situação mais confortável agora e sinalizamos que nossa capacidade de prever resultados até agora se mostrou muito baixa”, apontou a equipe de análise da instituição.

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Já a equipe da Genial destacou ser difícil saber o futuro do IRB, que pode até abrir portas para um fechamento de capital ou mudança de controle. “Em meio a ambiente conturbado e incerto, reiteramos a recomendação de vender”; o preço-alvo da casa para os ativos é de R$ 2,10.

O Safra reduziu o preço-alvo da ação após o anúncio do follow-on de R$ 3,10 para R$ 2,40, mantendo recomendação neutra, apontando que não descartam outro ajuste no preço-alvo a depender do resultado da oferta de ações.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.