IRB (IRBR3): com ações em queda de quase 80% em 2022, o que esperar do resultado do 3º tri?

A expectativa é de números negativos, com mais um prejuízo evidenciando o cenário desafiador para a resseguradora

Lara Rizério

IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)

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Maior queda do Ibovespa em 2022, registrando baixa superior a 78% no período, a ação do IRB (IRBR3) negocia rondando a cotação de R$ 1 desde 24 de outubro, na sessão após ela divulgar prejuízo líquido de R$ 164,7 milhões em agosto, que reforçou o cenário desafiador para a empresa após a captação bilionária realizada em setembro.

Com o prejuízo de agosto, o IRB já acumula um resultado negativo de quase R$ 224 milhões no terceiro trimestre – sendo que os dados de setembro não foram divulgados. O resultado total será conhecido nesta quinta-feira (10), após para 10 de novembro.

A expectativa é de números negativos. Segundo o Safra, o balanço deve ser impactado por um índice de sinistralidade muito alto (especialmente de Prejuízos Rurais).

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Na mesma linha, a Genial Investimentos projeta números ruins, acreditando ainda que setembro deve marcar mais perdas, ampliando o prejuízo já acumulado.

“Inicialmente, achávamos que o 3T22 poderia vir com uma melhora nos resultados já que seu maior cliente, a BB Seguridade BBSE3, havia reportado uma melhora substancial no seguro agrícola no 2T22. Mas após esses comunicados, ficou claro que a situação continua bem desafiadora para o IRB e o processo de recuperação deverá acontecer mais gradualmente”, destacou a casa de análise, em relatório do começo de novembro.

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Para o 3T22,Eduardo Nishio e Bruno Bandiera, analistas que assinam o relatório da Genial, esperam um prejuízo de R$ 297 milhões, uma melhora de 21% na base trimestral, mas com aumento das perdas em 90% na base anual.

“O resultado negativo deve continuar pressionado principalmente pela sinistralidade, impactada ainda pelo segmento rural devido ao problema de geada e queimadas herdadas dos trimestres passados e ainda um resquício da Covid-19 que impacta o ‘vida'”, avaliam.

Os analistas estimam um índice de sinistralidade de 121%, uma melhora de 3,2 pontos percentuais (p.p.) no trimestre e uma piora de 1,7 p.p. no ano. O índice combinado deve continuar fraco em 149%, ainda bem acima dos 100% que indicaria de um breakeven – ponto de equilíbrio, em que receitas e custos se equiparam -, no resultado operacional.

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Na ocasião, os analistas reduziram o preço-alvo de IRB de R$ 1,20 para R$ 0,99, seguindo com recomendação de venda. Eles esperam que os papéis da empresa ainda sejam pressionados por resultados fracos e um ROE, que é um indicador de rentabilidade, negativo.

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Os analistas destacam que a companhia vem consumindo muito caixa desde o 4T21 e caso não consiga reverter esta situação, seu recente follow-on de R$ 1,2 bilhão pode se tornar insuficiente. Caso não consiga gerar lucro para recompor seu capital organicamente, a empresa terá que estudar novas formas de recompor capital, como vendas de mais ativos, venda de carteira, ou até uma nova emissão de ações.

Para 2023, os analistas esperam que o IRB comece a gerar melhores resultados visando uma redução na sinistralidade conforme vá reduzindo as heranças negativas do passado e buscando aumentar o número de prêmios emitidos. “Uma questão importante, no entanto, seria o nível de rentabilidade da nova empresa no longo prazo”, avaliam.

De acordo com compilação da Refinitiv, de 8 casas que cobrem o ativo, 6 recomendam compra e 2 venda.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.