Após reclamações, CVM abre processo para analisar relatório do UBS BB que derrubou as ações do IRB

Se encontrar alguma irregularidade, iniciará processo administrativo sancionador; caso contrário, o processo será arquivado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processo para apurar denúncias feitas por diversos investidores motivada pela divulgação de um relatório de análise sobre o IRB (IRBR3) pelo UBS BB.

Na noite do dia 5 de outubro, o UBS BB publicou relatório em que retomou a cobertura para as ações do IRB, com recomendação de venda e preço-alvo de R$ 4,60. Meses antes, a recomendação era de compra, com preço-alvo de R$ 48. Ou seja, houve uma baixa de 90% no preço-alvo. No dia seguinte após a divulgação do documento, as ações da resseguradora caíram 17,11%, seguindo uma queda de 10,18% na sessão seguinte.

Para os analistas do UBS BB, a avaliação de que a companhia terá um “novo normal” bem mais modesto a partir de agora motivou a recomendação de venda. Segundo o banco, a cotação por volta dos R$ 8,10 (perto do valor do fechamento da ação no dia 1 de outubro, antes da divulgação do relatório) não se justificaria, já que embute um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 20% e uma taxa de sinistralidade de 62% no longo prazo. Para o banco, esses números são muito altos frente à situação da companhia (veja mais clicando aqui).

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O documento acabou gerando grande repercussão entre os investidores. Nas redes sociais, alguns perfis falaram sobre o volume elevado de posições “vendidas” (apostando na queda) nas ações e pediam que investidores fizessem denúncias à CVM. Também alegaram que a motivação para a divulgação do relatório foi prejudicar a concorrência; vale destacar que Bradesco e Itaú fizeram aporte de R$ 600 milhões no IRB via aumento de capital em agosto.

Ao InfoMoney, o UBS BB se posicionou sobre o tema através de porta-voz: “Apoiamos a qualidade de nossos relatórios e refutamos quaisquer alegações de conflito de interesse, juntamente com outras acusações infundadas que foram feitas. Acreditamos que nosso relatório é equilibrado, independente e fornece uma análise objetiva para nossos clientes institucionais.”

Vale destacar que é o procedimento que a CVM abra processo a respeito do tema quando há reclamação de investidores – no caso, foram cerca de 40 reclamações entre os dias 6 e 9 de outubro. Se encontrar alguma irregularidade, iniciará um processo administrativo sancionador. Caso contrário, o processo será arquivado.

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De acordo com as informações da CVM, a reclamação tem como partes interessadas o BTG Pactual, o UBS Brasil Banco de Investimento, a UBS Corretora e o próprio IRB. O BTG informou que não foi notificado.

A Comissão de Valores Mobiliários afirmou que zela pela orientação e proteção dos investidores, “que podem, sempre que necessário, buscá-la por meio dos canais de atendimento disponíveis” e também salienta que não faz juízo de valor com relação à quantidade de consultas ou reclamações, e que “todas as demandas são analisadas e respondidas”.

Ano difícil na Bolsa

Em um cenário de incertezas no radar, a maior parte dos analistas de mercado prefere manter cautela com o papel. De acordo com o consenso Bloomberg, apenas duas casas de análise recomendam compra para o ativo, quatro têm recomendação de manutenção e quatro de venda (ou equivalente).

A ação do IRB registra um ano bastante difícil na Bolsa, com queda de cerca de 80% no acumulado do ano, na “lanterninha” do Ibovespa. Desde fevereiro, a companhia passa por diversos reveses, que começaram com os questionamentos da gestora Squadra sobre os resultados, passando pela polêmica após a notícia enganosa de que o megainvestidor Warren Buffett teria comprado ações da companhia, a saída de importantes executivos da companhia e a entrada de novos gestores que estão buscando “arrumar a casa”.

Abarcando esse período, a companhia ganhou um grande número de investidores de varejo no papel. A base de pessoas físicas entre os acionistas teve alta de 967%, passando de 27.12 em setembro de 2019, para 289.488 no fim de julho de 2020.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.