Irani tem resultado forte no 2º tri, com preços e volumes maiores, apesar de limitação da produção

Analistas destacam que a Irani está conseguindo aproveitar o bom momento vivido pelo setor e que o Projeto Gaia pode destravar mais altas das ações

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de sofrer restrições por conta de seu limite de capacidade de produção, a companhia de papel e embalagens Irani (RANI3) conseguiu surpreender os analistas e entregar no segundo trimestre deste ano um resultado melhor que o esperado em praticamente todas as linhas.

A empresa teve lucro líquido de R$ 68 milhões, alta de 342% frente igual período de 2020, enquanto o o lucro bruto, que inclui a variação do valor justo dos ativos biológicos, saltou 94,7% frente o mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 153,7 milhões.

A receita líquida, por sua vez, teve alta de 67% na base anual, a R$ 403 milhões. Segundo a empresa, os ganhos ocorreram graças à alta do preço dos produtos na divisão de embalagem de papelão ondulado, além da taxa de câmbio favorável para as exportações.

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Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 119 milhões, alta de 114% na comparação anual, ficando 14% acima da estimativa do Credit Suisse e 13% maior do que a XP esperava. A margem Ebitda subiu de 28% no primeiro trimestre a 30%.

Com esse desempenho, as ações RANI3 sobem forte nesta sessão, chegando a ganhos de 6,80% na máxima do dia, cotadas a R$ 8,64.

Nesta segunda-feira (2), Odivan Cargnin, CFO da Irani, e Sergio Ribas, CEO do grupo, inauguram a nova temporada de Por Dentro dos Resultados, a série de lives do InfoMoney em que executivos das principais empresas da Bolsa comentam os balanços trimestrais (veja a programação completa aqui). A partir das 18h (horário de Brasília), os dois apresentam detalhes do resultado e tiram dúvidas ao vivo dos espectadores (clique aqui para acompanhar e mandar suas perguntas).

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Para a equipe da Levante Ideias de Investimentos, os números da Irani vieram fortes, com a companhia aproveitando o bom momento vivido pelo setor, com crescimento de preços e volume na sua principal linha de negócio, a de embalagem de papelão ondulado.

Representando 57% da receita no trimestre, o segmento e papelão ondulado teve crescimento de 22,1% no volume e de 67,6 % no preço médio por tonelada.

Já a área de papel para embalagens representou 32% da receita, com aumento nos preços médios, mas queda de 18,4% no volume, devido à menor disponibilidade de papéis da empresa para esse segmento, pois ela priorizou o segmento de embalagem de papelão ondulado. Enquanto isso, os últimos 11% da receita vieram do segmento florestal e resinas, destinados principalmente para exportação.

“A companhia segue surfando o bom momento vivido pelo setor, com forte demanda por embalagens de papel pelas companhias do setor alimentício, e-commerce e delivery. Na guerra do e-commerce, quem fornece a embalagem é a Irani”, avalia a Levante.

Já do lado dos custos, a XP destaca que as aparas (papelão reciclado) foram responsáveis por 42% dos custos de produção de papel da empresa no segundo trimestre. Segundo os analistas, os preços aumentaram para R$ 1.756 por tonelada para a Irani (alta de 174% na comparação anual) devido a um mercado desequilibrado após medidas contra a Covid-19 (menor disponibilidade de papel reciclado) e demanda forte.

“Mantemos nossa visão de que a empresa pode reportar fortes margens ao longo de 2021, uma vez que será capaz de aumentar os preços ao cliente final. Além disso, a normalização da cadeia de produção deve resultar em preços mais baixos de aparas e, consequentemente, melhores resultados da Irani nos próximos períodos”, avalia a equipe da XP.

A Levante destaca ainda que o resultado da companhia só não foi melhor “por conta da limitada capacidade de produção da empresa, que será expandida após a conclusão do Projeto Gaia”.

Esse projeto busca expandir a capacidade de produção e a suficiência energética da Irani, aumentando a competitividade da empresa e possibilitando seu crescimento futuro. Chamado de Plataforma Gaia, o plano tem um investimento estimado de mais de R$ 880 milhões em 5 projetos, com expectativa de conclusão em 2023, o que, segundo a Levante, tende a trazer uma valorização das ações no longo prazo.

O Credit manteve sua avaliação outperform (perspectivo de desempenho acima da média do mercado, ou correspondente à compra) dos papéis, dizendo enxergar a empresa como um investimento defensivo, com previsibilidade dos lucros, já que 80% de seus produtos se direcionam a clientes de setores mais protegidos, e seus preços costumam seguir a inflação.

O banco espera que os investimentos da empresa levem a incremento de entre 5% e 7% nas margens Ebitda, em comparação com o patamar de 2019. O preço-alvo é de R$ 10,10.

A XP, por sua vez, vê a Irani sendo negociada a 5,6 vezes o múltiplo entre o valor da empresa e o Ebitda (EV/Ebitda) em 2021, abaixo da média de 7,5 vezes, e 3,2 vezes EV/Ebitda para 2025, como consequência de seus projetos de expansão. “Acreditamos que a empresa esteja bem posicionada para aproveitar os benefícios de seu plano de expansão”, dizem os analistas mantendo a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 8,5 por ação.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.