IPO x ICO: especialistas debatem qual a melhor forma de financiar uma empresa

Debate foi promovido durante o evento "Blockchain Festival" e contou com a presença de Fernando Ulrich, Courtnay Guimarães e Régio Ferreira Martins

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O ano passado foi marcado por um grande “boom” na realização de ICOs (Oferta Inicial de Moedas, na sigla em inglês) em todo o mundo. Com o rali das criptomoedas e o assunto se tornando o centro das conversas, empreendedores enxergaram a grande oportunidade para captar recursos e alavancarem seus projetos inovadores. Mas será que está é uma boa forma de financiamento, ou o IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) ainda é mais seguro e vantajoso?

Em debate realizado no evento “Blockchain Festival”, Fernando Ulrich, especialistas em criptomoedas da XP Investimentos, comentou que houve um exagero nos ICOs realizados em 2017, mas que esta é uma ferramenta revolucionária. Segundo ele, as ofertas de moedas são uma boa forma de captação para quem não tem liquidez para entrar, por exemplo, na bolsa. “Isso pode ser bom ou ruim, mas é importante”, avaliou.

Já Courtnay Guimarães, sócio-fundador da Idea Partners, vê o ICO como a forma de projetos pequenos e que dificilmente conseguirão apoio darem um passo maior para o sucesso. “É uma forma de uma ideia estapafúrdia mostrar que tem potencial “, afirma.

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O problema visto pelos dois especialistas é que muitos desses empreendedores não sabem o que estão fazendo, ou se empolgam ao ganharem muito dinheiro para seus projetos (sem contar com os casos de fraudes). “É dar uma Ferrari para seu filho de 25 anos que acabou de tirar a carta de motorista dirigir pelas estradas cheias de curva da Itália. É o que está acontecendo com muito projeto”, disse Courtnay.

No debate também estava presente Régio Ferreira Martins, superintendente de produtos da B3 e membro da equipe de pesquisa em blockchain da bolsa. Ele ressaltou que o IPO e o ICO devem ser utilizados para objetivos e em situações diferentes, sendo que os dois têm suas vantagens.

A questão, ele lembra, é que financiar uma startup é algo muito complicado no Brasil. “Os investidores são novos e não estão acostumados com as dificuldades de um investimento como esse. Eles não aguentam esperar 5 anos para que um projeto realmente cresça”, explica. Martins destaca que os ICOs são ótimas ferramentas, mas devem ser usados em tipos específicos de negócios.

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Ulrich avalia que a tecnologia ainda não está completamente pronta para sustentar ICOs bilionários como os que estão ocorrendo desde o ano passado. No caso das criptomoedas, ele lembra que o Bitcoin é a única que já foi realmente testada, e hoje funciona sem problemas. No caso do ethereum, hoje a plataforma mais usada do mundo para o lançamento de novos tokens, ainda precisa ser melhorado.

Para Courtnay, é preciso haver uma regulação: “uma criança precisa ter o acompanhamento de um adulto”, brinca ele sobre o fato de ter um órgão de olho nestes lançamentos. Para ele, um bom exemplo é a Suíça, um país “chato, certinho”, mas que funciona, o que tem levado muitas pessoas a abrirem seus negócios lá.

No fim, a briga entre ICOs e IPOs não tem vencedor. Para todos os especialistas, sejam entusiastas das criptomoedas ou do lado da bolsa de valores, os dois sistemas são ótimos – apesar de ainda poderem ser melhorados -, mas devem ser utilizados cada um em seu caso específico.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.