IPO na “medida certa” garante solidez ao balanço do Banco Indusval

Presidente do Conselho de Administração salienta estratégia de abertura de novas agências e modelo informatizado de negócio

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Vítimas da crise originada no mercado de crédito norte-americano, as ações de muitas empresas que estrearam na Bovespa em 2007 estão efrentando dificuldades para evitar o campo negativo. Entre os novatos, o Banco Indusval (IDVL4) estica o time das exceções, dentre seus pares. Desde o IPO (Initial Public Offering), no dia 12 de julho do ano passado, o preço de R$ 17,5 partiu para cerca de R$ 19.

“Apesar de todas as crises, estamos mais ou menos acompanhando a evolução das bolsas, refletindo um IPO feito no tamanho certo”, enfatizou o presidente do Conselho de Administração e diretor superintendente do banco, Luiz Masagão Ribeiro, em entrevista exclusiva à InfoMoney.

O tom otimista do executivo é amparado em fortes resultados publicados nesta semana pela instituição, que é focada no crédito para pequenas e médias empresas. O lucro foi de R$ 23,8 milhões no quarto trimestre, um crescimento de 162,8% na comparação com o mesmo período de 2006. Confira os principais trechos da entrevista:

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InfoMoney – O lucro líquido dobrou no último trimestre, acompanhado de acréscimo expressivo na carteira de crédito. Qual o seu destaque nos resultados trimestrais?

“Não adianta fazer IPO gigantesco e depois não botar para trabalhar”

 

Luiz Masagão Ribeiro – O importante é que quando nós sentimos, em março do ano passado, que o mercado estava favorável para a realização do IPO, nós partimos para isso com o objetivo de manter os níveis de crescimento e a estratégia deu certo.

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Luiz Masagão Ribeiro, presidente do Conselho do Banco Indusval

Nós fizemos um IPO menor do que a maioria dos outros bancos, mas que coube bem para gente, porque não adianta fazer um IPO gigantesco e depois não conseguir botar para trabalhar. Conseguimos remunerar o capital que entrou exatamente dentro do que havíamos previsto.

A estratégia de crescer geograficamente buscando novas praças menos competitivas funcionou bem. E a carteira de crédito gerada realmente tem um crescimento até maior que o esperado. Projetávamos algo em torno de 80% e já deu mais de 100%.

IM – A empresa anunciou abertura de seis agências em 2007 (Maringá, Campo Grande, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife e Uberlândia). Quais as projeções para 2008? 

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Ribeiro – Como a maioria dessas agências foi aberta entre novembro e dezembro, pretendemos esperar elas maturarem bem em 2008 e lá para junho devemos fazer uma nova rodada, avaliando para que lado devemos prosseguir. Mas não deve ser algo tão expressivo, porque essas agências têm muito a crescer ainda.

IM – Na divulgação dos balanços, o banco destacou os investimentos realizados em tecnologia. Quais foram as vantagens obtidas até aqui?

Ribeiro – O investimento em tecnologia foi muito grande. Porque estamos crescendo dentro de um modelo de agência puramente comercial e todo o trabalho administrativo vem sendo feito aqui na matriz. Isso exige muita tecnologia e muita integração.

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As agências recebem as coisas completamente escaneadas, trocamos remessas de contratos por e-mail com clientes e todos eles fazem a movimentação de contas e cobranças via internet. Tudo para que você consiga manter um custo administrativo baixo, porque essa é a ciência para os bancos médios.

“Se alguém chegar e quiser pagar um número alto pelo banco, tudo bem”

 

Basicamente, os bancos médios que vieram agora ao mercado estão operando com agências aéreas e não mais aquele esquema antigo de estrutura de agências. Os bancos médios que estavam neste modelo fecharam ou foram incorporados, porque esse não se mostrou um modelo viável.

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IM – A taxa de crescimento do lucro dos bancos médios está acima daquela apresentada pelo grupo dos bancos grandes. A atuação focada na expansão do crédito explica essa tendência?

Ribeiro – O nicho de bancos médios ficou meio vazio porque muitos tiveram problemas e muitos foram incorporados. O pessoal que adotou estratégia específica, seja em consignado, em empréstimo pessoal, em carros ou em pequenas e médias empresas, está conseguindo atacar positivamente e tendo crescimentos importantes.

IM – Qual será o impacto mais importante aos bancos médios quando o Brasil conseguir o grau de investimento? Como a empresa está posicionada no cenário de consolidação do setor financeiro?

Ribeiro – Nesse ponto todo mundo é alvo e todo mundo é predador. Desenvolvemos nosso negócio pensando no crescimento orgânico. Mas estamos abertos o tempo inteiro para escutar qualquer coisa. Se alguém chegar e quiser pagar um número realmente muito alto pelo banco, tudo bem. Há alguns anos vendemos nossa (Indusval) Financeira.

Mas esse não é nosso foco. O banco não está à venda, não estamos procurando comprador, estamos procurando crescer o nosso negócio. Nosso foco é crescimento orgânico.

“A liquidez do mercado está mais seca com a crise internacional”

 

IM – Nesta semana foi divulgado um avanço significativo nas taxas cobradas dos empréstimos bancários, com aumento dos spreads. Na sua avaliação, a tendência deve ser mantida?

Ribeiro – Eu penso que não. Primeiro porque tem um efeito estatístico: a suspensão do crédito consignado puxou a média para cima. Muita gente que usava consignado passou a ter que usar as outras modalidades.

Além isso, a liquidez do mercado está mais seca com a crise internacional. Um mercado que vinha com taxas caindo muito depressa encontrou uma crise internacional forte em janeiro, um mês de demanda de crédito muito alta. Não que o Brasil esteja sofrendo algum problema, mas as taxas acabam subindo um pouco.