IPO: mesmo mais frágeis, ações estreantes podem abrir boas oportunidades

Ausência de histórico aumenta a apreensão dos investidores por essas ações; contudo, quedas às vezes mostram-se exageradas

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Aqueles que apostaram nas empresas abriram seu capital na bolsa em 2011 têm visto seus rendimentos passarem por caminhos diferentes: alguns comemoram forte altas e outros amargam perdas incômodas. Como pano de fundo, temos um ano bastante conturbado para a economia mundial, com consequências diretas no mercado acionário.

Mas se até alguns papéis com um track record (histórico) mais extenso e perspectivas positivas são alvos desse cenário instável, o que dizer das ações estreantes na bolsa? Ora, com um histórico mais limitado e pouca cobertura por parte de analistas e casas de research, elas são alguns primeiros alvos a serem atingidos, sofrendo com esse período de incerteza.

Ações vulneráveis…
Essas patinadas, mesmo não sendo um movimento isolado, é reflexo do “campo escuro” que se tratam empresas sem muita cobertura, ou curto track record. “No caso de empresas com capital recentemente aberto, você tem um histórico menor”, lembra Erick Rodrigues, analista da BB Investimentos.

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Essa ausência de histórico dificulta não só para uma análise fundamentalista, já que empresas com capital fechado não são obrigadas a divulgar seus resultados ao público, quanto na análise técnica, tendo em vista que o tamanho reduzido do gráfico dificulte a previsão dos movimentos futuros da ação. 

E mesmo com todo o track record existente sobre a empresa, é importante salientar que poucos bancos ou corretoras ainda a cobrem, fazendo com que sua precificação seja mais difícil. “Um IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Inicial de Ações) é uma grande oportunidade para aproveitar-se da ineficiência do mercado”, afirma Henrique Ribas, analista da Planner Corretora. Com isso, os papéis dessas empresas estreantes acabam sendo colocadas em segundo plano em momentos em que o pessimismo impera no mercado.

“O mercado está bastante sensível à crise na Europa, à possibilidade de recessão nos EUA e à uma desaceleração na China”, diz Max Bueno, analista da Spinelli Corretora, lembrando dos fatores que tem prejudicado o mercado como um todo. Dessa forma, a tendência dessas empresas é mostrar uma menor resistência à situações adversas, algo que não é inteiramente negativo, já que é possível tomar proveito desse tipo de acontecimento. 

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…ações baratas
Mesmo com essas empresas sendo mais sensíveis aos momentos de volatilidade na bolsa, essas ações têm ganhado espaço nas recomendações de compra dos analistas: embora os fundamentos dessas empresas tenham se mantido praticamente intactos nesses poucos meses, os papéis delas foram bem mais penalizados do que de seus pares do setor, o que pode se tornar um momento até melhor do que o próprio IPO dessas empresas para montar posições nelas.

Rodrigues, por exemplo, é parte da equipe do BB Investimentos que recomendou a Magazine Luiza (MGLU3) para o mês de setembro. A ação apresenta queda de 9,06% desde a estreia em maio até o fechamento de segunda-feira (12), enquanto o índice do setor de consumo, que compila as ações do setor recuou 6,43% nesse mesmo período.

“É uma empresa que ainda não retornou ao seu patamar anterior, enquanto as outras do setor voltaram mais rapidamente”, justifica Rodrigues. Para ele, a ação tem operado em um ponto atraente. “Se você olhar os múltiplos, após as fortes quedas, essas ações estavam operando a níveis mais baratos que seus pares”, avalia o analista.

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Para ele, não há patamares gerais para esse tipo de recomendação. Não importa se a empresa está a muito tempo na bolsa, se já soltou resultados, ou qualquer outra coisa. O que há de ocorrer é a análise de cada caso de investimento. Bueno, que recomenda a Queiroz Galvão (QGEP3), na carteira da Spinelli, concorda com tal.

O analista afirma que os patamares que devem ser observados são o histórico, resultados e principalmente as perspectivas futuras para a ação. “A companhia tem forte geração de caixa, e tem boas perspectivas”, diz. 

Contudo, é importante ter cuidado. “Tem várias empresas que se lançaram na bolsa e atualmente operam com preço abaixo de quando abriram o capital”, lembra Bueno. Talvez o caso mais emblemático atualmente seja a UOL (UOLL4), que se lançou à R$ 18,00 em 2005 e fechará o capital a R$ 17,00, uma queda de 5,56% em um período onde a bolsa avançou mais de 60%.

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Confira o desempenho das ações que abriram o capital em 2011:

Empresa Data do IPO Precificação Máxima* Mínima* Cotação atual**
Abril Educação 26/07 R$ 18,50 R$ 18,86 R$ 13,70 R$ 18,50
Technos 01/07 R$ 16,50 R$ 18,00 R$ 14,10 R$ 16,90
Qualicorp 29/06 R$ 13,00 R$ 15,50 R$ 12,00 R$ 15,00
Brazil Pharma 27/06 R$ 17,25 R$ 17,25 R$ 11,45 R$ 14,94
Magazine Luiza 02/05 R$ 16,00 R$ 17,30 R$ 11,00 R$ 14,55
Time For Fun 13/04 R$ 16,00 R$ 16,00 R$ 13,40 R$ 14,00
IMC 09/03 R$ 13,50 R$ 17,03 R$ 11,17 R$ 13,10
Queiroz Galvão 09/02 R$ 18,00 R$ 24,69 R$ 12,30 R$ 14,82
Autometal 07/02 R$ 14,00 R$ 18,17 R$ 11,40 R$ 12,48
Sonae Sierra 03/02 R$ 20,00 R$ 26,05 R$ 19,45 R$ 25,00
Arezzo 02/02 R$ 19,00 R$ 25,99 R$ 17,50 R$ 22,00