Investindo com emoção: gráfico mostra por que não é a melhor hora para entrar no mercado

Imagem baseada em ideias da lenda do mercado, Bob Farrell, resume como o emocional afeta a tomada de decisão do investidor

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SÃO PAULO – O rali das ações americanas tem chamado muito a atenção de especialistas de mercado, e muitos dos nomes mais conhecidos de Wall Street têm reiterado suas visões bastante pessimistas. Mas mesmo com diversas análises apontando para o “fim da festa” nos Estados Unidos, os investidores seguem comprando e os três índices quebram recorde atrás de recorde.

Apesar de toda a euforia, fica claro que o mercado já está se preparando para uma virada. As ações etão ficando cada vez mais caras, o Federal Reserve não tem tanta força para impulsionar a economia e o cenário político está completamente instável. E um gráfico mostra que este já não é mais o melhor momento para continuar comprando ações.

A ideia vem de Robert Farrell, uma lenda de investimento do Merrill Lynch e que uma vez declarou que “o público compra muito no topo e pouco no fundo”, indo completamente contra um dos maiores ensinamentos do mercado: “compre na mínima e venda na máxima”. Agora, como saber se as ações estão no topo?

Não perca a oportunidade!

Para isso, Steve Blumenthal, da CMG Capital, publicou um gráfico em que ele representou os “pontos de vista de Farrell”, indicando que, no cenário atual, o mercado está se aproximando do “ponto máximo de risco financeiro”. Ou seja, não é mais hora de comprar ações. Confira:

A linha começa com o mercado “otimista”, passando para o estado de “excitação”, seguido pela “emoção”, que é quando você, ao investir, pensa “uau, eu me sinto incrível sobre este investimento”. E, segundo Farrell, o atual momento está entre isso e a “euforia”, que é o ponto máximo do risco financeiro.

A partir de então, a tendência é revertida. O mercado fica “ansioso”, depois passa para a “negação”, “medo”, “desespero” e “pânico”. Em seguida, os investidores entram em um estado de “rendição”, quando passam a questionar se o mercado de ações é algo que vale a pena. Praticamente no fundo, o mercado entre em “desânimo” e “depressão”, que é o fundo e também o melhor momento para comprar ações.

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Por fim, o mercado passa pela “esperança” e “alívio”, para então retomar o ciclo novamente com o “otimismo”. Apesar de toda essa separação, não é tão simples perceber cada momento de forma antecipada, mas fica muito claro que o emocional do investidor acaba guiando sua forma de investir quase forma inversa ao que ensina os “mandamentos” do mercado.

Blumenthal explica que quando as condições de partida de um investimento são altos valuations e baixo rendimento dos bonds, segundo Bob Farrell é o melhor. “… em uma mudança de tendência de longo prazo, os mercados se adaptarão a um novo conjunto de regras, enquanto a maioria dos participantes do mercado ainda estará jogando pelas antigas regras”, afirma. Foi o que aconteceu em 1999, em 2007, e é o que está acontecendo novamente hoje, explica.

Em geral, o gestor da CMG Capital explica que não só é importante ter em mente toda esta ideia emocional de um investimento, mas também saber que há como ganhar dinheiro em momentos de crise, como ocorreu em 2000 e 2008. “Não é preciso se sentar nos trilhos e ser atropelado pelo trem que se aproxima”, afirma. Segundo ele, o investidor precisa sempre estudar e gerenciar seus riscos, e só assim conseguirá evitar cair nesta armadilha da euforia do mercado.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.