Inter: Goldman Sachs e Morgan Stanley seguem pessimistas com ação do banco após migração para Nasdaq

Analistas dos dois bancos possuem recomendação equivalente à venda para o ativo, vendo desafios para monetização

Equipe InfoMoney

Publicidade

Com a migração do Banco Inter para a Nasdaq, passando a ser agora Inter & Co, os analistas do Goldman Sachs e do Morgan Stanley trocaram as ações que são objetos de análise de BIDI3, BIDI4 e BIDI11 para INTR, ticker do papel negociado no exterior. Contudo, não mudaram a visão bastante cautelosa que possuem para os ativos, que estrearam na última quinta-feira (23) na Bolsa americana em forte queda de 12,56%.

Na sessão desta sexta-feira (24), as ações caem 2,30%, a US$ 3,40, às 11h30 (horário de Brasília); já os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) INBR31 negociados na B3 e que estrearam na segunda-feira (20) têm baixa de 3,35% no mesmo horário, a R$ 17,33.

O Morgan Stanley possui recomendação underweight (exposição abaixo da média) e preço-alvo de US$ 2,16 para o ativo, um valor 37,9% menor ante o fechamento da ação na véspera.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Analistas do banco atribuem a classificação ao desafiador modelo de negócios do Inter de oferecer produtos e serviços gratuitos com altas recompensas e benefícios para atrair clientes e esperar fazer vendas cruzadas de produtos bancários onde não há experiência ou histórico.

Para o Morgan, é improvável que o Inter gere uma monetização significativa de clientes. A expectativa é de um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) em um dígito baixo para os próximos 2-3 anos, sugerindo que as ações devem ser negociadas bem abaixo do múltiplo atual de 1,0 vez P/BV (Price to Book Value), um indicador que relaciona o preço da ação ao valor patrimonial proporcional a ela. O preço-alvo de US$ 2,16 assume que as ações serão negociadas a 0,5 vez o P/BV.

Já o Goldman Sachs tem recomendação de venda para os ativos INTR, com preço-alvo de US$ 4 (ainda um potencial de valorização de 15% frente o fechamento da véspera).

Continua depois da publicidade

“Embora acreditemos que a listagem da empresa nos EUA possa melhorar a visibilidade das ações, alcançando um conjunto mais amplo de investidores, continuamos a ver desafios para a monetização de clientes”, destaca a análise, ressaltando o mesmo ponto do Morgan Stanley.

Os desafios para a monetização incluem exposição limitada ao crédito sem garantia, menor escala e taxa de ativação e foco de expansão internacional. O preço-alvo atualizado implica em um valuation de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,2 bilhões), que se compara à avaliação anterior de preço-alvo de R$ 3,70 por ação BIDI4 e US$ 2,0 bilhões (R$ 9,5 bilhões).

O Goldman destaca que o Inter construiu uma plataforma digital sólida com 19 milhões de clientes, desfrutando de uma forte base de crédito. Desde sua virada digital iniciada em 2015, a empresa inovou com lançamentos de novos produtos, como sua plataforma aberta de investimentos e integração de comércio eletrônico ao banco.

“Embora entendamos que o Inter está construindo uma marca sólida de banco digital de consumo no Brasil, nossas preocupações estão relacionadas ao caminho da empresa para a lucratividade”, destacam os analistas do banco.

Especificamente, eles destacam cinco pontos: 1) uma abordagem cautelosa ao crédito não garantido, perdendo, portanto, o núcleo da receita de varejo; 2) falta de vantagens competitivas claras em suas verticais de negócios, considerando sua baixa participação de mercado; 3) seu menor índice de cobertura – que representa a proporção que a provisão para risco de crédito é capaz de cobrir os créditos inadimplentes – em relação a outros bancos de varejo, permitindo o crescimento de menor margem de segurança no crédito sem garantia; 4) menor escala e menor taxa de ativação em relação ao seu principal concorrente digital Nubank (NUBR33), apesar de possuir um portfólio de produtos maior e 5) o foco de expansão internacional no mercado de remessas dos EUA, que consideram um caminho mais desafiador do que focar em sua grande base de clientes no Brasil.

Tudo considerado, o Goldman prevê um ROE de 1% em 2022, que melhore gradualmente para 7% até 2025.

Os analistas do banco aumentaram suas estimativas de lucros recorrentes em 13% em 2022, 14% em 2023 e 9% em 2023, com premissas um pouco melhores para a renda líquida com juros (NII) das operações de crédito.

“Acreditamos que o Inter provavelmente possa capturar o seu potencial de valorização ao reprecificar seus cartões de crédito e empréstimos consignados, que tradicionalmente estão abaixo das médias do mercado. Nossa previsão de ROE é de 1% em 2022 e 4% em 2023 e 2024, o que pode levar a sua potencial de alta se a empresa reprecificar sua carteira de empréstimos mais rapidamente do que esperamos”, reforçam.

Procurando uma boa oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje.