Intelbras: após turbulência, dias mais tranquilos virão? Analistas acreditam que sim

Após receita recorde em 2022, a Intelbras entrou em um ciclo de turbulência que frustrou expectativas e impactou diretamente o desempenho das ações

Felipe Moreira

Ativos mencionados na matéria

Planta da Intelbras em São José (SC) com painéis solares (Divulgação)
Planta da Intelbras em São José (SC) com painéis solares (Divulgação)

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Após atingir receita recorde no fim de 2022, a Intelbras (INTB3) entrou em um ciclo de turbulência que frustrou expectativas e impactou diretamente o desempenho das ações na B3. Entre o segundo trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024, a companhia registrou queda nas receitas orgânicas por quatro trimestres consecutivos. Agora, com sinais de recuperação e estabilidade nas margens, analistas voltam a olhar com mais otimismo para a empresa.

A XP Investimentos projeta números mais animadores para a Intelbras no segundo trimestre, com produção normalizada após a migração de sistema.

Segundo relatório do BTG Pactual, a derrocada da ação começou com um diagnóstico equivocado sobre o desempenho do segmento de Energia Solar em 2023. O que se viu, no entanto, foi uma tempestade perfeita: queda de 30% nos preços de matérias-primas, redução expressiva nos volumes comercializados, elevação da taxa Selic e retração do crédito — agravada ainda pelo escândalo contábil da Americanas (AMER3).

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A antecipação da demanda no segundo semestre de 2022, por conta de mudanças regulatórias, também contribuiu para o recuo das vendas no ano seguinte. Como resultado, a receita do segmento de Energia despencou 31% em 2023, contrariando a projeção inicial da própria companhia, que previa crescimento de 25%.

Os desafios seguiram em 2024. Quando a receita começou a dar sinais de reaquecimento no 2T24, a atenção se voltou para as margens, pressionadas pela volatilidade cambial. Na sequência, a Intelbras anunciou a migração de seu sistema ERP — outro fator que aumentou a percepção de risco e ampliou a volatilidade dos papéis.

Agora, com os ajustes feitos e maior visibilidade sobre os resultados operacionais, o BTG avalia que a ação pode ter deixado o pior para trás. A estabilização das margens e a recuperação gradual da receita sinalizam uma possível reviravolta, especialmente se o ambiente macroeconômico contribuir com a queda dos juros e maior apetite por crédito.

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Perspectivas para segundo trimestre

Para o segundo trimestre de 2025, o BTG Pactual projeta um cenário mais normalizado para a Intelbras (INTB3), com a receita consolidada crescendo 5,3% na comparação anual — abaixo, segundo o banco, do que aparenta ser o consenso do mercado, que espera uma alta de um dígito mais elevado.

O destaque deve vir do segmento de Segurança, impulsionado por uma demanda reprimida no primeiro trimestre. A expectativa é de crescimento de 13% ano a ano. Já em Comunicações, o desempenho deve ser mais modesto: o BTG avalia que a Intelbras perdeu espaço para concorrentes, sobretudo entre provedores de internet (ISPs), o que deve se refletir em um avanço de apenas 4% na receita anual do segmento.

No setor de Energia, a projeção é de queda de 13% na receita em relação ao mesmo período de 2024, alinhada ao guidance anterior da companhia, que indicou a saída de projetos solares de maior porte em favor de uma estratégia mais focada em rentabilidade.

Em termos de rentabilidade, o BTG espera expansão de margem em todas as divisões. O segmento de Segurança deve liderar o movimento, com avanço de 100 pontos-base na margem bruta em relação ao trimestre anterior, seguido por Energia (+60bps, devido a um mix mais favorável) e Comunicações (+30bps). No consolidado, a margem bruta deve alcançar 30,6%, um aumento de 1,1 ponto percentual na base trimestral.

A projeção para o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é de R$ 165 milhões, alta de 3,6% na comparação anual, com margem EBITDA estimada em 13,2%.

O BTG reiterou compra e preço-alvo de R$ 20 para o papel da Intelbras.

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A XP Investimentos também projeta resultados melhores para a Intelbras no segundo trimestre, com a normalização da produção após a migração do sistema ERP.

Para a receita, a estimativa é de crescimento de 7% na comparação anual, puxada principalmente pelo forte desempenho do segmento de Segurança, que deve avançar 14% na base anual. Segundo a XP, esse resultado será sustentado pela retomada das vendas, apoiada na carteira de pedidos e no bom relacionamento da empresa com os canais de distribuição.

Já o segmento de ICT deve apresentar um crescimento mais modesto, de 8% na base anual, refletindo uma recuperação mais lenta, em razão da ausência de exclusividade e de carteira relevante nesse segmento. Em Energia, a expectativa é de queda de 12% na receita anual, impactada por vendas mais fracas relacionadas a projetos.

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No que diz respeito à margem bruta, a XP espera uma expansão moderada de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, impulsionada pelo maior peso do segmento de Segurança no mix da companhia. A projeção considera aumentos de preços e uma taxa de câmbio mais favorável. O EBITDA estimado é de R$ 168 milhões, com margem EBITDA de 13,2%, relativamente estável em relação ao mesmo período de 2024. A XP projeta um lucro líquido de R$ 128 milhões, alta de 9% na comparação anual.

A corretora manteve recomendação de compra e elevou o preço-alvo de R$ 20 para R$ 21.