Índice S&P 500 tem maior alta de 50 dias da história e análise de outros ralis mostra que a valorização pode continuar

A Bolsa brasileira também subiu no período: o Ibovespa teve o maior rali de 50 dias desde maio de 2009

Rodrigo Tolotti

Foto: reprodução

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SÃO PAULO – Passado o pânico dos investidores em março com o estouro da pandemia do novo coronavírus, o mercado começou uma recuperação nas semanas seguintes, com o índice americano S&P 500 atingindo seu maior rali de 50 dias na história, segundo dados da corretora LPL Financial.

Desde a mínima atingida em 23 de março, no auge do pânico dos investidores com a crise da Covid-19, o S&P 500 subiu 36% até dia 3 de junho, superando o recorde anterior de 1982 e praticamente apagando todas as perdas do ano.

Após o dia 3, o índice americano ainda seguiu a tendência positiva, ganhando mais 2,7%, o que apesar de manter o rali, não foi suficiente para superar o recorde de 50 dias.

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Analisando os dados históricos do comportamento da Bolsa americana, o investidor tem motivos para acreditar que a valorização poderá continuar. De acordo com a LPL Financial, em todos os maiores ralis de 50 pregões do S&P 500, as altas seguiram após 6 e 12 meses.

Em média, seis meses após um rali deste tamanho, os ganhos do mercado são de 10,2%, enquanto o retorno de um ano é de 17,3% ,na média. Os dados levam em conta a base histórica até 1957, quando o S&P passou a ser um índice com 500 ações.

A valorização também foi observada na Bolsa brasileira, apesar de o desempenho não ter sido recorde em 50 dias. O Ibovespa subiu 39,4% de 23 de março a 3 de junho, segundo dados da Economatica.

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De acordo com consultoria, este foi o melhor rali de 50 pregões do índice brasileiro desde o período encerrado em 18 de maio de 2009, quando a bolsa avançou 40%.

Vale ressaltar que este período de 50 pregões não foi necessariamente marcado por 50 altas seguidas da bolsa. No caso do índice brasileiro, de acordo com a Economatica, a melhor sequência foram 19 dias de ganhos no início de 1994.

Confira o desempenho dos dois índices no ano:

Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos, destaca que mesmo com a alta numericamente maior do Ibovespa em relação ao S&P 500, o índice brasileiro ainda acumula perdas de 16% no ano, enquanto a bolsa americana já está praticamente no zero a zero em 2020, mostrando que para acompanhar o exterior, o Brasil ainda precisa subir mais. E muito deste desempenho negativo se deve a março, quando o benchmark da B3 caiu 30%.

Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economatica, destaca o tamanho do pânico dos investidores brasileiros em março, período em que o volume negociado foi de R$ 672,6 bilhões, o maior da história do mercado nacional. Apesar da forte redução, abril e maio tiveram grandes volumes também com o movimento de recuperação, pouco abaixo de R$ 500 bilhões em cada um dos meses.

Veja o desempenho percentual dos dois índices:

Em relatório divulgado no último fim de semana, Ferreira disse que, entre diversos fatores para a recuperação dos mercados está também o fato de ele ser sustentado por “ativos que ficaram para trás”.

Segundo ele, nos últimos 12 anos, as ações de “empresas de crescimento” (aquelas com múltiplos elevados, como o setor de tecnologia), foram as grandes vencedoras no mercado americano. Mas no atual rali, o que se vê são as “ações de valor” (com múltiplos menores, como bancos e commodities) com as altas mais expressivas.

“O Ibovespa no Brasil tem 55% da sua composição justamente em bancos e commodities, e menos de 2% em tecnologia, e havia sofrido também por conta dessa composição setorial”, explica o estrategista-chefe da XP ressaltando que “caso essa rotação continue, o Brasil se beneficia fortemente dessa tendência”.

Ferreira explica ainda que este movimento começou a ganhar força em maio. Segundo ele, ainda em abril, quando os mercados começaram a recuperação, o que se viu foi uma forte alta das ações com “balanço forte”, ou seja, que ganham no atual cenário, como as de tecnologia e varejistas de e-commerce, atualmente as maiores altas da bolsa brasileira desde março.

Porém, em maio isso começou a mudar e a tendência passou a ser de ganhos para as empresas que ficaram para trás, em especial os bancos.

Dentre os maiores bancos do país – setor que representa quase 25% do Ibovespa -, a queda no ano está entre 22% e 32%, bem superior ao benchmark de ações, o que reforça esta visão de que se o movimento de alta continuar entre estas ações de valor, a bolsa brasileira deve ter um rali ainda mais forte.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.