“Índice do medo” sobe pelo 3º dia e acumula alta de mais de 20% com tensão geopolítica

O que preocupa os investidores é a escalada das tensões geopolíticas desde a intervenção norte-americana na Síria, com o lançamento de 59 mísseis contra uma base aérea do governo Bashar al-Assad, o que coloca Estados Unidos e Rússia em rota de colisão

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O chamado “índice do medo” continua sinalizando preocupação dos mercados globais com o desdobramento dos eventos geopolíticos recentes. Conhecido pelos investidores por medir a volatilidade dos mercados, o VIX (Chicago Board Options) acumula uma disparada superior a 20% em três pregões, na esteira da piora nas relações entre Estados Unidos e Rússia após um ataque de mísseis do governo Donald Trump à Síria, sob a acusação de uso de armas químicas pelas forças de Bashar al-Assad contra civis. Somente nesta quarta-feira (12), às 16h20 (horário de Brasília), o indicador acumulava variação positiva de 3,25%.

O que preocupa os investidores é a escalada das tensões geopolíticas desde a intervenção norte-americana na Síria, com o lançamento de 59 mísseis contra uma base aérea do governo Bashar al-Assad, o que coloca Estados Unidos e Rússia em rota de colisão novamente. Enquanto representantes norte-americanos voltam a falar na queda de Assad como fator importante para o fim dos conflitos sírios, o presidente russo Vladimir Putin mantém apoio ao atual governo local. Para a Moscou, uma mudança no regime poderia pôr em risco sua influência sobre o país, hoje tido como aliado geopolítico importante, e onde os russos mantém uma base naval estratégica. Vale destacar que o governo Assad e seus aliados negam as acusações do uso de armas químicas contra civis — o que seria uma grave violação a tratado internacional que a Síria é signatária.

“O mundo está subestimando o tamanho da crise que está por vir”, disse Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset, em entrevista ao InfoMoney na véspera. Para ele, a queda das as bolsas mundiais e a disparada do VIX refletem uma escalada dos riscos geopolíticos, com ainda muito espaço para realização de lucros por parte dos investidores.

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Entenda o VIX

O índice mede a volatilidade das opções sobre ações do S&P 500 negociadas na bolsa de Chicago — a CBOE (Chicago Board of Options Exchange) –, e indica momentos de grande nervosismo do mercado. As opções são naturalmente voláteis, mas costumam ganhar ainda mais volatilidade em momentos de dificuldade — quando o mercado entra em quedas. Com o aumento das incertezas envolvendo a China, é natural que a volatilidade nos mercados cresça e pressione o VIX para novas altas.

Como o VIX costuma subir ao mesmo tempo em que se vê queda no S&P 500 — principal índice de ações dos EUA –, os investidores especulam que esse investidor, e todos os outros que operam o VIX, apostam em um cenário de queda sistêmica na bolsa. Esses temores são amplificados pela proximidade da votação do orçamento nos EUA, que pode ou conter um déficit muito grande, e jogar mais preocupações sobre a situação fiscal do país, ou cortes de gastos, que pode fazer com que o país volte para recessão.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.